terça-feira, 30 de outubro de 2012

BERGSON E A ESSÊNCIA DA FILOSOFIA


Henri-Louis Bergson- 1859 - 1941
-Prêmio Nobel  de Literatura - 1927

 " A essência da filosofia é o espírito de simplicidade.
Quer encaremos o espírito nele mesmo ou em suas obras, quer comparemos a filosofia à ciência ou uma filosofia às demais filosofias, sempre verificamos que a complicação é superficial, a construção um acessório, a síntese uma aparência : filosofar é um ato simples"
                                Bergson -  Paris,  1911
                                                             
 Última página do IV Capítulo do Livro:

AS DUAS FONTES DA MORAL E DA RELIGIÃO.

" A verdade é que há uma escolha a fazer entre os resultados que a ciência psíquica nos apresenta;ela mesma está longe de os colocar a todos na mesma categoria; ela distingue entre entre o que lhe parece certo e o quew é simplesmente provável ou pelo menos possível.Mas, mesmo que se retenha apenas parte do que ela declara como certo, resta muito para que adivinhemos a imensidade da 'terra incognita' cuja exploração ela mal começa. Supomnhamos que um lampejo desse mundo desconhecido (esquecido) nos

chegue, visível aos olhos do corpo. Que transformação não haveria numa humanidade em geral habituada,não importa o que diga, a só aceitar por existente o que se vê e toca! 

A informação que nos viesse assim talvez só se referisse ao que há de inferior nas almas, o último grau da espiritualidade. Mas não seria preciso muito mais espiritualidade para CONVERTER EM REALIDADE viva e atuante uma crença no além que parece encontrar-se na maioria dos homens, mas que permanece o mais das vezes verbal, abstrata,ineficaz. Para saber em que medida ela significa, basta considerar como nos arrojamos ao prazer: não ficaríamos nesse ponto se não víssemos nele tanto domínio sobre o nada, um meio de desafiar a morte. Na verdade, se estivéssemos certos, absolutamente certos de sobreviver, não mais poderíamos pensar em outra coisa. 

Os prazeres continuariam, mas pálidos e descoloridos, porque sua intensidade seria tão-somente a atenção que fixamos neles. Eles empalideceriam como a luz de nossas lâmpadas ao sol da manhã. O prazer seria eclipsado pelo gozo.

Gozo seria de fato a simplicidade de vida que uma intuição mística propagasse no mundo; gozo ainda o que acompanhasse automaticamente uma visão do além numa experiência científica ampliada. Na falta de uma reforma moral tão completa, será preciso recorrer a expedientes, submeter-se a uma " regulamentação" cada vez mais dominante, derrubar um por um os obstáculos que nossa natureza ergue contra nossa civilização. Mas, quer optemos pelos grandes meios ou pelos pequenos, uma decisão se impõe.

 A humanidade geme, meio esmagada sob o peso do progresso que conseguiu. Ela não sabe o suficiente que seu futuro depende dela. Cabe-lhe primeiro ver se quer continuar a viver. Cabe-lhe indagar depois se quer viver apenas, ou fazer um esforço a mais para que se realize, em nosso planeta refratário, a função essencial do universo, que é uma máquina de fazer deuses."
Henri Bergson

AS DUAS FONTES DA MORAL E DA RELIGIÃO - (CAP. IV )

Os Pensadores - 1979 - Editor: Victor Civita - Abril Cultural


      O Universo é uma máquina de fazer deuses!
 Pablo Picasso
 Li-Sol-30

                   AS DUAS FONTES DA MORAL E DA RELIGIÃO - (CAP. IV )

               Os Pensadores - 1979 - Editor: Victor Civita - Abril Cultural

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