domingo, 22 de junho de 2014

DE THALES A BERGSON



A História da Filosofia - 115min.


DE THALES A BERGSON


Resumo dos principais filósofos...

.....Versar sobre todos os filósofos é extremamente desgastante como leitura informativa. Entretanto, é de bom tamanho mencionarmos os principais, desde os primeiros até os mais atuais, aos quais, seus conceitos trouxeram grandes contribuições para humanidade, principalmente para cultura ocidental.
   
.....A ideia é mostrar quem veio e vem trabalhando as questões especulativas sobre quem somos, de onde viemos, para onde vamos, qual nossa relação em relação a quê, ação e reação, atração e contrários, livre arbítrio, sociedade, religião, moral, ética, política e muito mais. Questões que se resumem em como viver melhor o dia a dia com bases no que já foi pensado e, digamos, “testado".

.....Assim, foram separados nesta seção, vários nomes de grande importância histórica que merecem o respeito de todos nós por terem trabalhado a favor de todos, sem é claro, desconsiderar os nomes não citados...

Thales (624 a.C. - 546 a.C.)...

.....Didaticamente podemos dizer que a filosofia teve seu início em si no século IV a.C. e, no nome de Thales, a pedra fundamental. Seus precursores começaram a especular a origem da vida e abstraíram, no mundo metafísico, a água como origem de tudo.

.....Thales de Mileto é considerado o primeiro filósofo de fato. Natural da Jônia, região de livre comércio e trocas culturais, as quais, as influências oriental e egípcia eram grandes, Thales, também influenciado pela matemática, pela religião e pelo auge idealístico da cultura homérica, foi o primeiro a tentar dar uma explicação racional para as coisas do mundo, transformando esta ideia em conceito único entre todos os gregos desde então.

.....Viajou e estudou por toda a Jônia e Egito, conquanto, aprendeu astronomia, matemática, geometria, manejo das águas e do solo para a agricultura, e até, segundo Heródoto, calculou uma eclipse solar em 585 a.C., por exemplo. Foi muito solicitado para cálculos navais e cálculos para as pirâmides do Egito.

.....Tudo o que sabemos sobre Thales é pelos escritos e registros póstumos, pois o filósofo não deixou nada de próprio punho. Foi um cidadão influente na política e, na matemática, teorizou a lógica da dedução geométrica usando um conjunto de preposições relacionadas.

.....Thales deixou de lado as fábulas e crenças mitológicas, e de maneira diferente de seus antecessores, explicou o Universo com bases lógicas e explicáveis.

.....Para Thales, a origem de todas as coisas era a água e, inclusive, o mundo flutuava em cima dela em uma extensão ilimitada, como uma folha em um infinito lago. Também sustentou sua teoria da cosmologia em fatos reais observados diretamente da natureza e não da mitologia, fazendo-o, de certa maneira, o primeiro cientista do mundo.

.....Sua segunda afirmação foi de alegar que todas as coisas estavam cheias de deuses. Apesar de não termos exatamente sua definição original, podemos afirmar que ele acreditava que todas as coisas no Universo eram engendradas e regidas por algum tipo de força vital, animando-as de alguma forma e, dessa maneira, tornando-as partes de um uno.

.....Talhes não nos deixou claro a relação entre a água material, base de todas as coisas e a ideia de força única, presentes em todas as coisas.

.....Foi o primeiro a observar as coisas como realmente elas são, ideia que lhe atribuiu o título de primeiro filósofo do mundo.

Pitágoras (571 a.C. - 496 a.C.)...

.....Pitágoras é considerado, junto com Thales, além de filósofo, um matemático. Era um homem místico em sua concepção de realidade. Nascido, segundo os antigos registros, na cidade de Samos, na Jônia, entretanto, passou a maior parte de sua vida na cidade de Cróton, no sul da península italiana.

.....Nesta cidade fundou uma ordem de vários sábios que acabaram por se tornarem seus discípulos, sucessores de suas ideias. Era uma ordem na qual o sigilo e as atitudes pertinentes eram mantidos em segredo como forma de conduta, fato que os levou a serem conhecidos, hoje, como pitagóricos.

.....Pitágoras elaborou uma filosofia pela qual se tinha o foco no conceito das coisas da alma. A metempsicose, ou seja, a transmigração das almas. Tinha em mente que se a alma era imortal e imigrando entre os homens ou em outras criaturas vivas, logo, alguma coisa permanecia. Para os pitagóricos, quando matavam um animal e o comiam, poderiam estar matando uma alma da própria espécie e, até mesmo, algum ente querido ou parente próximo.

.....Desenvolveram então um elaborado ritual de abate e alimentação, bem como uma relação enorme de coisas que deveriam ser seguidas para se manter a alma limpa e pura. Enfim, Pitágoras, foi um filósofo religioso.

.....Diferente dos melisianos, Pitágoras organizou uma cosmogonia baseada na matemática e no misticismo individual. Enquanto os melisianos colocavam as coisas de formas em que a razão era o eixo de raciocínio, e com focos nas coisas do Universo e nas coisas da natureza palpável e seus fenômenos, Pitágoras, tendeu para as coisas da religião, da alma do Homem e de sua salvação, explicando-as por meio da matemática.

.....Elaborou vários teoremas matemáticos com bases em geometria e aritmética, nas quais pode-se entender melhor sua filosofia. Para Pitágoras, os números eram as essências das coisas, originando os elementos básicos como água, ar, terra e fogo.

.....Tudo no mundo era dado como expressões de números, tanto as coisas palpáveis como as não palpáveis. Estas expressões eram números pares e ímpares, nos quais, os pares eram os infinitos e os ímpares os finitos.

.....Desenvolveu a Tábua de Opostos, que Aristóteles mais tarde, apresenta suas contradições, mas que basicamente, constituíam as ideias que governam as atitudes do Homem como: limitado e ilimitado, ímpar e par, uno e múltiplo, direita e esquerda, macho e fêmea, repouso e movimento, reto e curvo, luz e escuridão, bem e mal, quadrado e retangular, circunferência e oval etc.

.....Para Pitágoras, o número é matéria e ao mesmo tempo o significado dos Cosmos. Defendia que o ímpar e o par engendrariam a unidade e esta unidade, por sua vez, dariam origem aos números reais e as outras coisas do Universo e do intelecto. Pitágoras elaborou as formas geométricas com bases nas suas quantidades de pontos. Um ponto seria um, dois pontos uma reta, três pontos uma superfície, quatro pontos um sólido etc. Assim, a forma de um quadrado poderia ser tanto um quadrado como um retângulo, dependendo das posições e ordenações dos seus pontos.

.....Acreditava também que tanto o Sol, como a Terra e os demais corpos celestes eram todos esféricos, e que giravam em torno de um fogo central, envolvido por uma massa de ar infinita.

.....Neste sentido, Pitágoras e os pitagóricos, deixaram como legado, mesmo misturando a matemática com coisas do mundo subjetivo e abstrato, uma matemática real na qual a usamos até hoje, como por exemplo, no cálculo para a ida até a Lua, ou mesmo nos cálculos da física quântica.


Zenão (495 a.C. - 430 a.C.)...

.....Filósofo que fez fama por conta de seus elaborados paradoxos. Foi discípulo de Parmênides e também um importante filósofo da escola Eléatica na qual se afirmava que a realidade era única e imutável, sendo percebida de forma correta pela razão e não pelas aparências com as quais os sentidos a percebia.
   
.... Elaborou mais de quarenta paradoxos dos quais apenas oito chegaram inteiros até nós, conquanto, dois deles, argumentam contra a pluralidade e mais quatro que falam contra a ideia de movimento.

.....Ajudou a tese de Parmênides contra a teoria dos pitagóricos defendendo a mudança e o movimento como ilusão fundamentada nas experiências vividas pelos sentidos e, portanto, contra o pluralismo.

.....Uma das preposições de Zenão contra a pluralidade pitagórica é:

....."Um contínuo como um segmento de tempo pode ser subdividido em partes menores e, esse processo de subdivisão pode tanto continuar infinitamente como não. Caso ele possa continuar, temos então um número infinito de partes compondo um segmento finito de tempo. Caso não, então temos um segmento de tempo que não pode ser dividido. Ambas as alternativas são inaceitáveis. Pois como pode um número infinito de subdivisões estar compreendidas num segmento finito de tempo? Como poderia existir um segmento de tempo indivisível?"

.....Outra argumentação de Zenão é fundada na história de Aquiles e a tartaruga, inclusive seu mais famoso paradoxo, conquanto, demonstra que o movimento era impossível na concepção pitagórica. Zenão ilustrou uma corrida entre Aquiles e uma tartaruga, dando cinquenta metros de vantagem à tartaruga. É impossível para Aquiles alcançá-la e ultrapassá-la, considerando que Aquiles ao alcançar o ponto de partida da tartaruga, cinquenta metros à frente, a tartaruga também, no mesmo espaço e tempo, já teria andando seu tanto. Quando Aquiles chega ao segundo ponto, a tartaruga também se moveu para mais adiante e, assim por diante, fazendo com que Aquiles nunca alcance a tartaruga. A distância entre eles se diminui infinitamente, mas nunca desaparecendo. Claro que hoje, este problema é resolvido pelo cálculo diferencial.

.....Ambos os paradoxos mostram a antítese das coisas percebidas pelos sentidos e das coisas refletidas pela razão.

.....Sua importância posterior foi a de mostrar e relacionar as aparências com as realidades, dando sentido a razão. Apesar de ter conceitos na lógica rápida sem mais aprofundamento filosófico, é hoje respeitado como um verdadeiro filósofo e não como um sofista, como alguns o acusam.


Platão (427 a.C. - 347 a.C.)...

.....Amigo e discíplo de Sócrates, Platão continuou suas ideias, desenvolvendo-as com tal particularidade que ganhou uma das mais elevadas posições no mundo filosófico. Também foi o professor de outro colossal nome da filosofia, Aristóteles.

.....Natural de uma Atenas em mudanças políticas, sociais e econômicas, levou quase sua vida inteira sem participar da política, apesar de filho de uma aristocrática família influente. Preferiu o caminho do intelecto, fundando a Academia, o embrião do ensino acadêmico.

.....Sócrates foi um ídolo na vida jovem de Platão que, sem  precedentes, escreveu extensamente suas ideias e as suas próprias em forma de diálogos, nos quais, Sócrates era quase sempre o personagem principal, conquanto hoje, temos o legado desta filosofia, mesmo não sabendo ao certo, onde termina a de um e começa a do outro.

.....Assim como Sócrates, Platão trabalhou em temas como definições de conceitos de justiça, política e coisas dos sentimentos. Neste sentido, desenvolveu a "Teoria das Ideias", na qual, a verdadeira realidade existiria em um lugar onde as formas seriam perfeitas, eternas, imutáveis e conhecíveis somente por meio da mente, do intelecto em relação as coisas aparentes do mundo visível em contínua mudança, no qual, tudo é uma imitação.

....."A República" diálogo que é considerado o seu melhor trabalho, Sócrates e outros protagonistas, discutem a justiça e sua importância no sistema de governo. Discutem também sobre o que seria ideal e necessário para os governantes e cidadãos de um Estado.

.....Suas qualidades eram inúmeras, como por exemplo, mestre em drama, poesia e prosa. Poderia, se quisesse, se tornar um imperante político de Atenas. Escreveu muito sobre os mais diferentes temas como metafísica, ética, epistemologia, política, psicologia, matemática, educação, teologia e artes.

.....Após a execução de Sócrates, Platão e os outros seguidores foram, em viagem intelectual, para o Egito e depois para a Sicília. Discutiu e interagiu com eleáticos e pitagóricos, entre outros, além dos sofistas que, nesta época, já eram em grande número por toda a Grécia. Quando voltou à Atenas, fundou a Academia, uma escola completa de âmbito moderno para os padrões da época.

.....Perto dos seus sessenta anos, Platão foi convidado para ser o professor do futuro governante de Siracusa, Dionísio II, por seu tutor Dion, que tinha estima e amizade pelo filósofo. Assim, Platão se envolve, como na época de Sócrates, em contrapartidas políticas e ficou perto de ter uma grave acusação política. Vários foram os atentados e tentativas contra o tutor do jovem governador sem efeito, mas que por fim, acabou com seu assassinato, fazendo Platão retornar à Atenas pelo seu bom senso e prudência.

.....Alguns hoje, dividem as obras de Platão em três grupos, nos quais, o primeiro são os diálogos iniciais argumentando e refutando coisas inerentes ao aspecto da moralidade, virtude e qualidades oriundas dos sentimentos. O segundo grupo, incluindo "A República", mostram as teses platônicas mais importantes como a Teoria da Forma, a Teoria do Conhecimento, além dos relatos sobre a alma humana e seu destino. O terceiro grupo, suas obras discutem as formas da lógica e da dialética, que denominou de "Coleção e Divisão", pelas quais, o filósofo explica como as relações de ideias e formas podem ser entendidas, observando uma forma de ampla generalidade, como por exemplo, a coragem e suas relações nas suas diferentes subdivisões. Neste grupo, há obras famosas como "As leis", "O político" e "Filebo".

.....Platão teve suas ideias, teorias e teses discutidas muito tempo depois por seus seguidores e pelas tentativas de refutação de seus inimigos intelectuais e, ainda, retonamadas no renascimento, séculos depois pelos neoplatonistas.

Agostinho (354 - 430)...

.....Para os cristãos, foi um santo - Santo Agostinho. Já para os intelectuais, e os depois dele, apenas Agostinho de Hippo.

.....Foi o primeiro filósofo a especular a razão e a fé de maneira a combinar as duas e afirmá-las como coisas reais, tanto uma como a outra. Logo; o Homem teria que ter na razão e na fé, o caminho para a verdade una.

.....Nasceu em meio as turbulências do Império Romano, quando das invasões bárbaras. Sua cidade natal foi Thagaste, no norte africano. Foi um homem estudioso em Cartago e mais tarde, já como professor, mudou-se para Roma, terminando sua saga em Milão.

.....Sua filosofia é resumida em uma de suas frases:
.....“Entendimento é a busca da fé. Busque, portanto, não compreendê-la de maneira como você pode acreditar, mas acreditar de maneira que se possa compreendê-la."

.....Como um devotado cristão, Agostinho especulou a fé e a razão de maneira hierárquica, pela qual, a primeira, como requisito básico para revelação divina, e a segunda, como seu guia. Só a razão poderia tornar a fé uma coisa inteligível e por consequência, seu uso benéfico.

.....Suas mais famosas obras foram: "Confissões" e "Cidade de Deus". Os conceitos abordados em "Confissões" foram o tempo e o mal, além de um certo tipo de biografia, narrando desde seu nascimento e crescimento, até seus arrependimentos e sua conversão ao cristianismo. Na obra "Cidade de Deus", discorre sobre as vontades latentes do Homem, como sobre a religião e sobre o amor, dividindo este último, em dois: o amor próprio e o amor de Deus. Estas obras revelam claramente que foi influenciado pelas filosofias de Platão e Plotino.

.....Antes de sua conversão, Agostinho levou uma vida de buscas, passando por várias experiências, desde o uso da bebida até frequente usura de mulheres prostitutas. Procurou também respostas em várias religiões, enganou e foi enganado, chegando até a participar de cultos voltados para o mal e, por fim, achou nos ensinamentos de Cristo, o alívio que procurava, mesmo ainda tendo dúvidas entre as coisas da razão em relação as coisas do coração.

.....Tornou-se um monge monástico e, depois de ordenado, por convite, aceitou o cargo de imediato do Bispo de Hippo e, mais tarde, seu lugar. Como Bispo de Hippo, passou o resto de sua vida viajando e cumprindo as funções de seu cargo e, nos tempos livres, escrevendo sobre suas dúvidas, tentando encontrar uma filosofia de vida plena com a razão guiando a fé para a plenitude divina.

.....Na realidade, Agostinho usou a filosofia a serviço da Igreja Católica, na qual teve emprestadas as teorias originais de Platão e Plotino. Conseguiu, sem ser considerado um "herege", colocar o pensamento do Homem acima dos dogmas da Igreja que, na época, já ditavam as regras para as condutas humanas, por quais os homens ficavam em posição temerosa e submissa a Deus. Estas reflexões se deram em uma Europa marcada por profunda confusão cultural, social e política.

.....Para Agostinho a alma habitava o corpo e, a favor dessa tese, defendeu:
....."O Homem é, até onde podemos ver, uma alma racional fazendo uso de um corpo mortal e material."

....Como era cristão e aceitava Deus como o criador de todas as coisas no Universo, alterou e adaptou muitos argumentos platônicos e neoplatônicos, ajustando-os às escrituras sagradas da Igreja Católica, conseguindo assim, continuar, inclusive com apoio do clero, suas teses e especulações.

.....Sua ideia central assegurava que a alma era racional e guardava o conhecimento apreendido, e que, o mundo possuía duas classes: das coisas entendidas pelos sentidos e das coisas conhecidas independente dos sentidos, diretamente na mente. Acreditava que a alma usava os sentidos para apreender o conhecimento, e, o sensorial como a coisa fundamental para este fim. O acumulo de conhecimento fazia a alma racional perceber as coisas dentro de sua própria mente, a qual afirmava:

....."A razão é a visão da mente, pela qual ela percebe a verdade em si mesma, sem a intermediação do corpo."

.....Afirmava que o Homem já teria em sua alma as verdades latentes, e que, para atingir este alto grau de entendimento, era necessário o acúmulo de conhecimento e mais o reconhecimento individual dos "amores" e, estes, como vontades naturais humanas as quais só são descobertas pelo caminho da fé e da razão.

.....Sua intenção básica é dar consciência a moral e a filosofia, esta última, entendida como busca da sabedoria, como os caminhos aos quais o Homem conseguiria chegar a Deus, criador de todas as coisas.

.....Para Agostinho o mal não existe, pois Deus não criaria algo assim e, que o mal em si, seria a ausência do ser, explicando assim a existência de algo imperfeito num mundo que não foi criado por um Deus perfeito e bom.

.....Também especulou muito sobre o tempo a qual escreveu:

....."Se ninguém me perguntar o que é o tempo, eu sei o que ele é. Mas se desejo explicar a alguém, eu não sei."

.....Para ele, o tempo só existe no presente, não podendo ser mensurável, apesar de o medirmos. Este paradoxo é explicado por Agostinho como sendo o tempo - passado, presente e futuro - inexistente, argumentando que o passado é apenas lembranças dos homens e por assim não existindo. O futuro é coisa que não existe porque ainda não aconteceu e quando acontece, não é mais futuro, é presente. E, por sua vez, o presente torna-se passado tão logo ele passe a ser presente. O tempo na concepção de Agostinho é uma continuidade una e infinita. Refuta a ideia de que podemos medir o tempo afirmando que, na realidade, não medimos o tempo, mas sim a quantidade de tempo que durou certo movimento. O tempo em si não é medido. O que ocorre, para Agostinho, é apenas fatos guardados na memória da mente em um certo tempo, já do passado. O futuro é, para a filosofia de Agostinho, como meras projeções da alma racional por meio da mente.

.....Suas ideias foram contraditórias e tiveram várias críticas no mundo dos sábios, mas foi importante porque incentivou a discussão, observação e análises de coisas fora dos dogmas da Igreja Católica.


Duns Scot (1.265 - 1.308)...

.....Toda a sua filosofia é baseada praticamente nas ideias centrais de Aquino e certos conceitos agostinianinos. A diferença foi a maneira crítica com que desenvolveu suas próprias teses e, alhures, conseguiu uma temática na qual as duas filosofias se completavam, tornando-o um pensador de destaque na história.

.....Scot era famoso pelo seu raciocínio perspicaz e por sua mania em discernir tudo minuciosamente. Há indícios que tenha sido natural de Maxton ou Duns, na Escócia. Estudou em Oxford e depois em Paris.

.....Para Scot, a vontade era superior e mais forte que o intelecto, coisa de primeira importância para o entendimento de Deus, separando inclusive, as coisas referentes a razão das coisas pertinentes a fé. Suas ideias foram escritas de maneira desordenada, sendo organizadas e completadas por seus discípulos e sucessores, causando debates sobre a autenticidade e genuinidade de suas teses em nossos dias.

.....Sua principal obra, "Os Comentários das Sentenças", teve inspiração na literatura padrão da época imposta a qualquer mestrando em teologia. Esta obra também é conhecida por títulos inspirados nos lugares, nos quais o filósofo desenvolveu a obra, tendo em Paris o título de "Opus Perisiensis" e "Opus Oxoniense" em Oxford. Usou nesta obra uma dialética particular, pondo sempre em prova de valia os argumentos, tanto a favor, como contra, além de observar todos os pontos de vistas, chegando assim, em resoluções coerentes e reais.

.....Por ter sido um frade franciscano, foi elucidado nas filosofias de Aquino e Agostinho, acreditando que só a iluminação pela fé levaria a Deus, e que, a razão confirmaria e daria complemento para as verdades religiosas aprendidas por conta da revelação.

.....Este, usando os paradoxos das filosofia de Agostinho e Aquino, separou a filosofia da teologia, na qual, a teologia só tratava dos assuntos relacionados a Deus que não teriam sustentação empírica. Não acreditava que a razão poderia superar a si mesma se auto iluminando. Para conhecer Deus, segundo Scot, seria necessário primeiro entender em sua realidade o conceito do ser com sendo aplicável a Ele tanto quando para as coisas criadas por Ele, e, segundo suas palavras:
....."Ele se estende a tudo o que não seja nada."

.....O destaque vai para sua dissertação sobre Deus e suas criações como uno, conquanto o conhecimento é entendido pelo sensorial. Assim, se dá a necessidade de um princípio, pelo qual, o infinito dá origem ao finito, conquanto o finito é criação da vontade do infinito. Defendia que Deus não criou todas as coisas possíveis, mesmo tendo onisciência sobre todas elas e, deste proposto, não temos a impossibilidade de que estas coisas não existam. E as que existem, são a expressa vontade e escolha de Deus, sendo todas, sua própria essência, desvinculando Deus de suas criaturas, deixando-o livre e intocável, o qual é impossível o entendimento da criação em relação ao criador. Assim a fé passa a ser mais importante que a razão, com seu entendimento inacessível para a razão.

.....Para Scot, divergindo da tese sobre as Formas de Aristóteles, sobre a forma e sua particularidade ou "coisidade", alegou que as coisas dependem de suas essências particulares que, por sua vez, são obras de Deus, dando individualidade as formas em si.

.....Consolidou o Homem como um ser individual e avalizou o conceito do livre arbítrio agostinianino, com o qual, a vontade conduzia a razão para o intelecto formular as ações necessárias para obtenção do êxito.

.....Classificou, nestas bases, a vontade em duas classes, sendo a primeira como a vontade própria e aos interesses pessoais e egoístas e, a segunda, buscando uma visão perfeita do real valor objetivo de todas as coisas no Universo, sendo esta última vontade, causada por forças latentes intrínsecas em suas próprias finalidades, o affectio justitiae.

.....Assim, deixou como legado a seus sucessores, a máxima de que a filosofia nunca explicaria as coisas do céu. Seus escritos foram extensamente estudados e discutidos séculos mais tarde por filósofos como Pierce e Heidegger.

 Francis Bacon (1.561 - 1.626)...

.....Segundo suas próprias palavras:
....."Eu assumi a totalidade do conhecimento como minha província."

.....Assim, Bacon mostra sua dedicação em reorganizar o conhecimento humano; mesmo consciente que não obteria todos os conhecimentos em si. Entretanto, sua maior preocupação era como dispô-lo de uma maneira a expandir a dignidade e genialidade do Homem.
   
.....Cresceu na corte inglesa, na qual, rotineiramente conversava com a rainha desde sua inocente idade. Após seus estudos, foi enviado, mesmo que com pouca idade, a França como membro da embaixada inglesa com a intenção de prepará-lo para cargos altos na corte.

.....Seu pai morre na época de seus dezoito anos deixando-lhe pouco dinheiro. Tentou a carreira de Direito com a intenção de ocupar um bom cargo junto a rainha Elizabeth. Estudou, neste intuito, várias matérias como leis, política e filosofia, entre outras, com as quais, teve a ideia de reorganizar todo o conhecimento humano e dispô-lo de maneira inteligível a todos os homens.

.....Fez parte da Casa dos Comuns e, em seu primeiro discurso, desagradou de tal modo a rainha que esta nunca o ajudou.

.....Passou dificuldades financeiras, cujas dificuldades são exemplificadas nas palavras de Lytton Strachey:
....."Ele não era sequer um casaco listrado; ele era apenas seda arruinada."

.....Foi, segundo Macaulay, um homem de sentimentos mesquinhos como o desejo de ascensão política e social, roupas, títulos, casa grande etc. Sua conduta pessoal não era a filosofia que desenvolvia.

.....Era amigo de do Conde de Essex, mas este, ao perder a estima da rainha, foi traído por Bacon que ajudou na perseguição que se sucedeu, ficando conhecido como o “homem que trai amigos”.

.....Foi nomeado cavaleiro quando Jaime I subiu ao poder e, por fim, consegue o tão almejado cargo na corte. Foi nomeado Lord da Chancelaria, o mais alto cargo depois da coroa. Em sequência rápida, Lord Verulam e mais a frente no tempo, Visconde de St Albans.

.....Foi acusado de corrupção e, admitindo sua culpa, perdeu seus cargos e dinheiro. Foi condenado a prisão por tempo indeterminado segundo a vontade da coroa. Dado fim a sua carreira política, Bacon então se dedicou integralmente aos seus escritos.

.....Ficou muito conhecido por seus ensaios lúcidos e epigramáticos. Suas primeiras obras foram publicados no final do século XVI e, as demais, já no século XVII, como o "Novo Organum", por exemplo.

.....Queria restaurar o domínio do Universo desde a queda do Homem. Foi boicotado pelo clero em suas teses sob ameaça de serem consideradas, as especulações sobre as coisas da natureza, pecaminosas e herédicas.

.....Se opôs a doutrina tomista que busca o conhecimento do sobrenatural em consonância ao natural.

.....Em sua obra "Novo Organum", Bacon disserta sobre o que impede os homens de seus aprendizados, dividindo-os didaticamente em quatro ídolos e suas falsas noções do entendimento humano. Os ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos do mercado e ídolos do teatro, sendo, os ídolos da tribo surgidos da própria natureza humana, distorcendo o que havia bem antes da existência do Homem. Os ídolos da caverna são as concepções dos homens individuais, gerados pelas propensões individuais de cada homem em particular. Os ídolos do mercado, pelo intercurso e associação dos homens em suas atividades cotidianas. Os ídolos do teatro, consistindo nos dogmas, sistemas e teorias nas mentes dos homens como um todo, de um mundo irreal, representado por suas próprias criações e representações.

.....A indução era a arma usada por Bacon para ultrapassar os obstáculos na obtenção de certezas e conhecimentos úteis, influenciando Hobbes e Galileu na mesma temática. Refutou quase toda as teses aristotélicas em moda na época, alegando seu conteúdo infrutífero. Seu novo método, por meio da indução, corrigiria todas as falhas provindas das distorções dos ídolos, acertando as lacunas deixadas pela escola aristotélica. Seu método indutivo foi desenvolvido por meio da organização da relação do entendimento das formas. Acreditava que a estrutura da natureza como um todo era simples, em formas conjuntas que, as descobrindo, tornaria possível o entendimento das muitas faces do mundo com base na apreensão por conta dos sentidos. As formas simples da natureza eram o quente, úmido, frio, pesado etc., bases das composições das outras coisas. Foi considerado pelos iluministas franceses como "o gerador do avanço científico".

.....Sua visão futurista de usar a ciência a favor da humanidade ficou latente em todos nós até os dias atuais, mesmo que suas teoria indutiva de apreensão do conhecimento tenha caído.


Descartes (1.591 - 1.650)...

.....É considerado o fundador da filosofia moderna defendendo o conceito de recomeço da filosofia com bases seguras para se poder então sustentar o conhecimento. Usou a lógica para testar as verdades e chegou a conclusão que as coisas são corpóreas e outras não corpóreas, alegando sendo estas, as duas substâncias no Universo, todavia, distintas entre si.

.....Neste sentido, passou a explicar as coisas entre a mente e o corpo do Homem como sendo influências de uma sobre a outra. Natural de La Haye, na França, Descartes manteve várias de suas obras sem publicá-las com receio de acontecer-lhe o mesmo que acontecera com Galileu, pois, suas idéias continham coisas latentes sobre a astronomia e teses kopernianas, como por exemplo, em sua obra "O mundo". Teve outras obras conceituadas como "Discurso do Método", "Meditações Metafísicas" e "Princípios da Filosofia" que lhe valeram o convite da rainha Cristina da Suécia a juntar-se com um grupo de intelectuais para estudos patrocinados pela própria coroa. Descartes passou a ensinar-lhe filosofia todas as manhãs, pontualmente às cinco da madrugada, fato que lhe causou, devido à constante exposição ao intenso frio, uma pneumonia mortal.

.....Seu sistema filosófico era baseado no duvidar de tudo. Procurava analisar as coisas até chegar em um resultado, que alhúres, poderia ser apenas um de dois; falso ou verdadeiro. Assim mostrou uma nova maneira de conduzir os pensamentos, deixando efetivamente os dogmas de lado e passando a raciocinar em cima das causas e efeitos das coisas. Foi inovador neste sentido, marcando a transição entre a forma aristotélica e o método científico-racional. Defendeu o uso da lógica por conta de pensamentos indutivos e, em seguida, a experimentação científica para provar se a coisa em si é, real ou irreal. Calculou ser a mente uma substância não corpórea e nela, a existência da consciência, concluindo que a mente poderia continuar vivendo sem o corpo por este último ser uma substância corpórea. Entretanto, não explica exatamente, como corpo e mente, sendo substâncias distintas e, provado suas existências, poderiam influenciar um e outro, animar um e outro, formando o que chamamos de pessoa - as mesmas que pensam, logo existem.

.....Em sua última obra, "As Paixões da Alma", Descartes tenta explicar a casualidade entre mente e corpo. Alegava ser a mente, uma pequena glândula situada na base do cérebro quem recebe os estímulos dos órgãos sensoriais de maneira falsa, sendo um elo entre a alma e a consciência, mas não explica como uma coisa corpórea entra em contato com uma coisa não corpórea. Esta temática está latente até nossos dias. Até hoje ninguém conseguiu explicar a correlação do dualismo de Descartes. A mente-corpo, mente-consciência. Nem a física quântica ainda conseguiu tal explicação...

.....Sabia que a vã filosofia não explicaria isto sozinha, necessitando da física, matemática e experimentos científicos para desdenhar, pelo menos, o caminho a ser percorrido para se chegar na verdade sobre este prisma, tendo a razão como a base de raciocínio para tal, pois, para Descartes, a mente conhece muito mais que os sentidos. Os sentidos apenas nos transmitem as coisas, mas é na mente que se dá os pensamentos e armazenamentos de conhecimentos passados, fazendo-nos conscientes daquilo que estamos conhecendo.

.....Em suma, são as próprias palavras de Descartes que nos mostram toda a sua teoria racional e dualista:
....."Nós nunca seríamos filósofos se lêssemos todos os argumentos de Platão e Aristóteles e, ainda assim, não fôssemos capazes de formular um julgamento sólido a respeito de um leque de questões colocada diante de nós."


Leibniz (1.646 - 1.716)...
.....Matemático, físico, engenheiro, inventor, historiador, diplomata e filósofo. É natural de Leipzig, na Alemanha do final da guerra dos Trinta Anos. Dentre suas idé
eias filosóficas, cita-se, como curiosidade, o melhoramento da máquina de calcular de Pascal.

.....Começou seus estudos em idade precoce com seu pai, catedrático na universidade de Leipzig. Este ensinou-lhe a ler e escrever, conquanto, seu desenvolvimento intelectual, daí por diante, se deu sob seus olhos. Vários foram os convites das universidades para lecionar quando formado. Na procura pelo conhecimento, fez várias viagens para se encontrar com outros pensadores, como por exemplo, Malembranche.

.....Suas teses eram elaboradas com fundamentos nas matérias as quais estudou desde seus quatorze anos. Formulou uma metafísica por qual a realidade última consistiria em número infinito de substâncias não materiais, chamando-as de Mônadas:
....." Mônadas são substâncias simples, sem partes e sem entradas, por meios das quais, qualquer coisa possa entrar ou sair."

.....Para ele, Deus era um ser perfeito e, baseado na infinidade de mundos possíveis, criou o melhor dos mundos, no qual, tudo se dá nos padrões estabelecidos por Ele. Acreditava também que só na filosofia se poderia entender e explicar as respostas das dúvidas políticas e teológicas, assim como, formular uma base sólida para a emergente ciência e matemática. Idealizava juntar todos os conhecimentos, pelos quais, o Homem necessitando de soluções, poderiam procurá-las em um sistema catalogado com formas completas e resumidas, separadas caso a caso, sobre todos os temas. Visualizava uma enorme síntese universal em forma de enciclopédia.

.....Houve controvérsia sobre sua autoria do cálculo infinitesimal contra Newton, ficando a Newton, as congratulações por este último ter mais influência. Entretanto, hoje é decididamente considerado inúmeras vezes melhor seu sistema ao de Newton.

.....A maioria de seus tratados e ideias foram ignorados pelos seus contemporâneos, mas que hoje são largamente aceitos, considerando Leibniz, um cidadão do mundo nascido em época errada. Suas teses estavam muito adiantadas em relação aos conceitos e preconceitos de sua época, ou talvez, tenham sidas ignoradas de propósito, por terem em Leibniz, uma pessoa extremamente arrogante e de idéias opositoras ao nacionalismo, além da sua ideologia de implantar uma sociedade universal, coisa inadmissível em sua época.

.....Seus principais trabalhos foram o "Discurso de Metafísica", "Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano", "Ensaios da Teodicéia" e a "Monadologia", dos quais, somente a obra os "Ensaios da Teodicéia" foi publicada quando Leibniz ainda era vivo. Trocava correspondências com Antoine Arnaud tratando sobre a liberdade e o conceito do indivíduo e, com Clarke, sobre o mundo newtiniano.

.....Seus trabalhos só foram catalogados e publicados no século XX, e ainda, encontra-se muitos escritos a serem catalogados.

.....Descartes afirmava existir duas substância no Universo, Spinosa apenas uma, e Leibniz, defendia a idéia da existência de infinitas substâncias, as Mônadas, unidades simples de existência, nas quais, cada uma se diferencia da outra sem possuir extensões ou partes. Logo, para Leibniz, a realidade última não consiste de coisas físicas, alegando a ideia de as Mônadas, não serem matéria, e sim, uma espécie de energia com consciência governando o Universo. Os homens são um conjunto de determinadas Mônadas, uma colônia, por assim dizer, pelas quais, a principal Mônadas, é uma Nômada espiritual governando o restante das Mônadas,, dando consciência aos homens em si.

.....Estas Mônadas, só podem ser criadas e destruídas por Deus e, ainda, todas de uma vez... Cada Nômada, quando de sua criação, ganhou sua potencialidade total do que poderia vir a ser. Cada unidade se relaciona harmoniosamente sem que uma interfira na outra. Alega que Deus criou o mundo baseado nestas singulares e infinitas partículas, nas quais não se obtém a perfeição em relação ao perfeito que, do contrário, Deus criaria a si mesmo.

.....Deus tem o conhecimento do desdobramento de cada Mônadas, em relação ao todo, observando-se assim, cada Mônadas,como uma extensão de outra infinitamente. Isto é explicado melhor nas próprias palavras de Leibniz:

....."Esta conexão ou adaptação da totalidade da criação com cada um, e de cada um com todo o resto, significa que cada substância simples possui relações que expressam todas as outras, e isto, consequentemente, é um espelho vivo e perpétuo do Universo."

.....Assim, podemos entender que cada Mônadas,pode espelhar o Universo de um ponto de vista diferente por serem feitas como se existissem muitos Universos diferentes, pelos quais, não passam apenas de Universos vistos por perspectivas diferentes de um único Universo. Cada Mônadas,é uma representação sensível da totalidade sem mostrar toda a totalidade, dando este fato, apenas à Deus.

.....Assim, tudo e todas as coisas, inclusive os homens em seus aspectos particulares, tem uma harmonia pré-estabelecida por Deus e que, cujo conhecimento final, é dado somente por Ele.

.....Defendia a lógica como seu principal fundamento, com a qual, uma afirmação que contenha uma contradição é falsa e, seu contrário, verdadeiro. Defendia também o princípio da razão na qual afirmava existir uma razão para tudo ser como é.

.....Então, temos nestas duas concepções as verdades necessárias nas quais seus opostos são impossíveis, derivando do princípio da contradição e, verdades de fato cujas afirmações são contingentes, nas quais, seus opostos são possíveis e derivam do princípio da razão suficiente. Neste sistema, Leibniz afirma que somente Deus conhece todas as razões para uma verdade contingente ser o que ela é, sendo pela lógica, Deus a última verdade e, as Mônadas, criadas por Ele, contento em seu interior tudo o que ela poderá vir a ser.

.....Este sistema foi refutado por tirar a liberdade inata do Homem e, tal conceito de Homem envolve todo o futuro e, assim, seu curso não poderia mais ser alterado, mesmo se Deus assim o quisesse. Assim, a fábula de Adão e Eva cai por terra, pois os dois não tem a liberdade de escolha, sendo eles uma colônia de Mônadas, com tudo que poderiam vir a ser e, com tudo já pré determinado, não poderiam ter escolhas e, seus livres arbítrios, inexistentes.

.....Mas Leibniz se defende e afirma que a liberdade conhecida pelos homens não é a mesma arbitrariedade de Deus, pela qual, sua liberdade divina é fazer aquilo que é bom e ponto.

.....Logo na puberdade, já admitido na universidade de Edinfurgo, afirmou:
....."Tenho uma insuperável aversão para tudo, exceto pela investigação filosófica e pelos estudos clássicos."

.....Largou os estudos acadêmicos e, por conta própria, se tornou um importante pensador.

.....Sua filosofia influenciou todos os sistemas futuros no lado ocidental, soando ainda seus ecos até nossos dias. Suas teses eram céticas e defendiam que tudo o que se tinha na mente, antes fora percebido pelos sentidos, refutando as teses racionalistas. Deus, alma, valores etc., não atestam a sua existência por si só e, seu foco, foi especular sobre a natureza humana e o entendimento humano afirmando:
....."Não há nenhuma questão de importância cuja resolução não esteja incluída na ciência do Homem."

.....Para este filósofo, só tem valia as verdades objetivadas pelas experiências e observações.

.....O "Tratado na Natureza Humana", considerado seu melhor trabalho, foi publicado anonimamente, entretanto, seus dois volumes, o primeiro em 1.739 e o segundo em 1.740, foram abafados mesmo antes de “sair do prelo”.

.....Sem sucesso na carreira cátedra, Hume ocupou vários cargos e trabalhos. Se aventurou na França e, nesta terra, assumiu o cargo de secretário na embaixada inglesa e, assim, veio-lhe o sucesso e fama. Escreveu sua famosa "História da Inglaterra" e vários outros livros, artigos, panfletos filosóficos, religiosos, políticos e morais que foram admirados por todos, ganhando este filósofo o título de o maior escritor da Inglaterra.

.....Depois de três anos aclamado por toda Paris, volta a Inglaterra junto com um amigo, um refugiado político, Rousseau, que desenvolve várias de suas teses. Mas esta amizade foi desfeita em menos de dois anos...

.....Começou seus pensamentos nas dúvidas e curiosidades sobre como o Homem percebe o mundo. Concluiu que há somente dois tipos, sendo uma as impressões que são todas as coisas como medo, paixão, emoções etc., e outra, as ideias que nada mais são que as imagens independentes das "impressões" nas especulações mentais. Tanto as ideias como as impressões podem ser simples ou complexas e por proposição. As ideias simples são derivadas de impressões simples, as quais, as impressões causam as ideias, mas as ideias não causando impressões. Nos alerta sobre o poder da memória que, guarda as coisas percebidas e apreendidas pelos sentidos de maneira organizada de acordo com suas entradas e, o poder da imaginação, que nos dá a organização das ideias em nossa mente. Assim, um homem pode conceber mentalmente uma mulher e a ideia de automação, logo "imaginando" uma mulher cibernética... A maior diferença entre as impressões e as ideias era o conceito de potência, pela qual, a impressão tem lugar de destaque por uma coisa mais ativa e vívida, acertando a tese dos racionalistas no referente à experiência dos sentidos e a razão, assim como o seu próprio funcionamento.

.....Nesta perspectiva, coisas como Deus, alma, coisas incolores e imateriais; são possuidoras de qualidades impossíveis por não terem nenhuma impressão dos sentidos aos quais essas coisas se originam.

.....Sobre as ideias gerais, dá razão a Berkeley, as quais são particulares e impossível suas generalidades abstraídas. Assim, uma ideia em particular, pode conter várias ideias formando um composto único e assim por diante.

.....Nesta filosofia, Hume argumenta que qualquer preposição contém relações de ideias em sendo tanto falsas como verdadeiras, baseados em seus dados iniciais ou, estabelecendo um fato apenas contingente sem ser verdadeiramente falso ou verdadeiro. Hume discerne bem esta temática:
....."Se examinarmos, por exemplo, um volume de teologia ou metafísica escolástica e indagarmos: Contém algum raciocínio abstrato acerca da continuidade dos números? Não! Contém algum raciocínio experimental a respeito das questões de fato e de existência? Não! Portanto, laçai-os ao fogo, pois não contém senão sofismos e ilusões."

.....Para todo o significado de uma ideia há uma impressão dos sentidos pré registrada na mente. Seu maior problema foi ajustar suas teses na máxima de que todo evento tem sua causa, na qual, a considerava importante em seus conceitos e cálculos na prática. Mas adiantou seu racicínio alegando ser impossível as causas na mente exemplificando que nenhuma coisa irreal "causa" impressão. Explicou que os sentidos observam as coisas aos pares como por exemplo, o fogo "causando" calor, portanto, um par levando a outro.

Nesta lógica, Hume afirma que as causas nada mais são que hábitos mentais desenvolvidos por nossas experiências nos dando a ideia de ação e reação, causa e efeito, derivando estes de observações e experiências passadas, latentes na mente. Isto não faz parte do mundo real, estando estes conceitos de causas e efeitos organizados apenas na mente, ficando o real com sua realidade própria, independente da realidade imaginada na mente por conta destas experiências e observações.

.....Com relação ao tema do "eu", Hume afirma ser uma ilusão, argumentando o "eu" ser apenas um amontoado de percepções e que, cada homem com seu “eu" próprio e particular. Mas, por fim, confessa estar esta explicação, este amontoado de experiências, bem acima de sua compreensão.

.....No mesmo esquema de pesquisa, Hume disserta sobre a moral, na qual assegura que o Homem reflete sobre suas impressões e estas causando novas impressões, dando então a causa e efeito na mente, conquanto, esta faz seus julgamentos causando mais impressões, as quais, Hume as chama de impressões de reflexão, sobre coisas como certo ou errado, bondade ou maldade etc.

.....Assim, mais uma vez vai de encontro aos racionalistas que afirmam ser a moral uma coisa da razão e Hume, em sua filosofia, afirma ser uma coisa das impressões de reflexões, uma coisa da emoção.

.....O livre arbítrio para este filósofo, nada mais é que não estar impedido fisicamente de fazer algo ou, quando não é obrigado a fazer algo que não queira, estando estas duas temáticas relacionadas com as impressões de reflexão em particular em cada homem. Portanto, a liberdade é uma coisa diferente para cada homem e que, o que se dá como liberdade para um, pode ser não liberdade para outro.

Bentham (1.748 - 1.832)...

.....Inglês, natural de Londres, teve foco nas coisas do direito, além de grande interesse nos processos revolucionários de sua época, como o francês, por exemplo. Passou um grande período na Rússia ao lado do irmão, conquanto desenvolveu grande parte de sua literatura. Ao retornar à Inglaterra, tornou-se um jurista famoso, tendo no pós morte, junto à Casa dos Comuns, vários parlamentares defendendo suas teorias legislativas.

.....Seu foco filosófico foi a moral alicerçada nos princípios de utilidade, com a temática de maior felicidade para o maior número de pessoas. Todo o seu trabalho foi elaborado neste sentido, conquanto, a ideia era reformular toda a jurisprudência e legislação, amiúde, poderia-se fazer com objetividade e praticidade.

.....Escreveu algumas obras, entretanto, a maioria de seus escritos foram em forma de rascunhos, artigos ou manuscritos que, só mais tarde foram analisados, organizados e completados por outros, causando problemas de autenticidade, mas ficando bem claro ser o filósofo o autor do núcleo destas idéias. Estas idéias foram desenvolvidas, boa parte delas, com seu amigo Stwart Mill, pai de Johm Stwart Mill. Juntos, exploraram coisas políticas e sociais.

.....Defendia que todas as ações humanas em si, tendem, por natureza, produzir felicidade, ficando esta tendência em qualquer ato realizado, configurada em uma utilidade particular. Assim, utilidade para Bentham seria produzir felicidade. Este princípio foi a base de referente para sua ideia de reformular toda a legislação, além de criticar toda a ação social e suas instituições.

.....Atesta, em seus escritos, que a psicologia é fundamental para a governabilidade de um povo por meio do seu comportamento, pela dor ou pelo prazer, nos quais, cada indivíduo na sociedade procuraria assegurar seu próprio bem, tendo junto a isto a questão moral que, assegurando ser a felicidade o bem maior da humanidade, todos procurariam a maior felicidade para o maior número de pessoas possível como uma ação ética e portanto de boa moral. Postulado isso, Bentham defendeu ações na legislativo por conta da razão e da lei com a tese do "Princípio Produtor da Conjunção dos Deveres e dos Interesses". O legislador, sabendo avaliar os valores relativos a prazer e dor, poderia aplicar sanções nas quais as punições deveriam ser aplicadas com o conceito de minimizar a dor e aumentar o prazer. Elaborou para isso um cálculo que mediria o prazer com sete variáveis medíveis: intensidade, duração, certeza, proximidade, fecundidade, pureza e extensão, bases para o "Cálculo da Felicidade", coisa que, ainda levava em conta o fato de cada homem punido ter suas próprias diferenças.

.....Foi refutado, nem tanto pela suas ideias, mais por não mencionar absolutamente nada sobre a religião ou sobre a revelação, elaborando suas teses na capacidade do Homem ser feliz sem Deus.

.....Acreditava que a felicidade tinha a moral inserida e que os erros eram apenas erros de cálculos. Antes de morrer, ofereceu seu corpo para ser dissecado e estudado na intenção de contribuir para a cura de todos aqueles que tivessem a mesma doença que o levou a morte, contribuindo assim, de alguma maneira ao bem e felicidade ao maior número de pessoas. Suas teorias foram as sementes do utilitarismo

Stuart Mill (1.806 - 1.873)...

.....Filósofo inglês, natural de Londres, filho de outro ilustre cidadão da Inglaterra, James Mill, o qual, sendo assistente da Companhia Britânica da Índia, deu condições para uma exemplar educação ao futuro pensador. Estudou lógica desde os onze anos de idade e, antes mesmo de ser considerado adulto, já publicava artigos e discutia assuntos do mais alto nível na política e, com seu pai, envolvido em atividades reformistas.
   
.....Ajudou no desenvolvimento da escola utilitarista atuando como um reformador social a favor da liberdade individual e da liberdade política de cada um. Publicou uma importante obra, "Ensaio sobre a Liberdade", na qual, especula sobre os sistemas legal e governamental, cuja apresentação já esclarece seu ponto de vista:
....."A única liberdade que merece este nome é a de possuir nosso próprio bem do nosso próprio modo, tanto não tentemos privar os outros das deles, ou impedir seus esforços para obtê-la."

.....Foi influenciado pelas ideias de Bentham, radical defensor da tese "maior felicidade para o maior número de pessoas enquanto um princípio moral", conceituando a ideia de utilidade prática, coisa que consolidou o movimento utilitarista.

.....Seus pensamentos eram iguais aos de seu pai, e, na defesa deste ideal, juntos encabeçaram um movimento que visava meios práticos, legais e políticos para sua efetivação.

.....Mill refina as idéias de Bentham e as apresenta com seus conflitos quase que solucionados, avalisando então, o termo utilitarismo. Seus conceitos de liberdade individual eram tão latente que, no final de sua vida, passou a defender a ideia de igualdade entre os sexos, refutando praticamente todos os dogmas machistas.

.....Tenta em suas obras, mostrar um caminho para se viver virtuosamente, conquanto a utilidade ditasse as regras. A saber:
....."As ações são corretas na proporção em que tendem a promover a felicidade; e incorretas quando tendem a promover o reverso da felicidade."

.....Apesar deste conceito não ser passível de prova racional, ele determina o intelecto. Assim, felicidade é uma coisa desejável e sua maior prova são as pessoas desejarem-na. O maior bem é a felicidade de cada um e, a felicidade geral é aquela que se assegura a todas as pessoas, cada qual com a sua.

.....Foi criticado por conta da argumentação de que a felicidade não era o bem maior, pois, o Homem em muitas situações, coloca, por exemplo, a justiça acima da felicidade, sendo a justiça o mais alto valor moral. Mesmo assim, Mill se defende argumentando que a justiça é um processo para se chegar a felicidade, dado que se é necessário a justiça somente em uma causalidade na qual um determinado indivíduo ou grupo de indivíduos tentam, por meio de usura, sobressair com vantagens. Não obstante, a justiça traz a felicidade às vítimas, concordando com a extrema importância que esta tem para a verdadeira felicidade. Entretanto, não convence muito seus adversários.

.....Vários concidadãos vitorianos tomaram o sistema utilitarista como conduta de vida dado seus descontentamentos sobre o cristianismo. Suas ideias perduraram por mais de cem anos por adequar condutas de iguais teores nas mais variadas classes sociais.

.....Foram duas as vertentes do utilitarismo, ficando como ato de um lado e, como regra de outro, pelas quais, o utilitarismo como ato, consistia em decidir a coisa certa a ser feita, concernente no ato em si e em relação ao seu resultado em termos de felicidade, e, utilitarismo como regra, como uma coisa que resolvia as questões levando em conta as consequências do ato em si, tornando-se uma regra a todos os atos que estivessem inseridos nas mesmas condições e circunstâncias.

.....Seu sistema lógico afirma que os termos são apenas particularidades e, um termo geral não condiz uma identidade distinta que no conjunto a distingue, que o silogismo não fora interpretado de maneira correta sendo um erro averbar o particular embasado no geral e que, os conceitos matemáticos não são uma convenção verbal, sendo apenas sintéticos e empíricos suas verdades. São verdades gerais necessárias que consideramos em função das vontades.

.....Seu maior interesse foi o raciocínio indutivo intitulado "Generalização Baseada na Experiência", no qual, quando intuímos, nossos pensamentos são direcionados para o campo imaginativo e que, as consultas do conhecimento atestam a intuição por conta do conceito natural da causalidade pela qual a natureza é governada por esta lei, e que, esta lei, é concepção intuitiva em si.

.....Assim, o seu sistema só se admite a interferência de um indivíduo sobre o outro mediante justificativa prejudicial aos demais.

.....Sente ao dizer sobre pensamentos originais:
....."Ideias e pensamentos jamais brilharam por toda a parte, permanecendo latentes em diminutos círculos de pensadores e estudiosos em termos dos quais elas se originam, sem nunca iluminar as preocupações gerias da humanidade, seja esta luz autêntica ou enganadora."

.....Em defesa da mulher, Mill escreveu "A Sujeição das Mulheres", obra publicada no seu pós morte, conquanto e a miúde, se explica o comportamento atual das mulheres que, para Mill, é um resultado de condutas provindas de conceitos retrógrados e machistas, e não uma disposição intrínseca de sua própria natureza feminina. Admitia ser imoral qualquer indivíduo privar o outro de liberdade de escolha, e isso, valendo para qualquer pessoa, tanto homem como mulher. É uma obra inusitada pela imparcialidade em que a escreveu, observando os dois lados com os mesmos pesos e medidas.


Peirce (1.839 - 1.914)...

.....Nascido em Cambridge, Massachusetts. Seu professor de matemática e astronomia foi seu próprio pai na universidade de Harvard, conquanto, o introduziu ao mundo intelectual logo cedo.
......Aprendendo a testar as coisas somente sob experiências, desenvolveu seu aguçado talento científico. Estudou e deu aulas em Harvard de lógica e história da ciência. Por fim, abdicou-se de tudo e se dedicou inteiramente aos estudos filosóficos.

.....Elaborou o pragmatismo e, descrito pelo próprio filósofo como um:
......."Método de determinar os significados de palavras difíceis e concepções abstratas."

.....Suas ideias foram desenvolvidas em meios a coisas obscuras constituindo em sua maioria a seguinte máxima:
....."Concebemos um objeto de nossas concepções considerando os efeitos que podem ser concebíveis como suscetíveis de alcance prático. e, assim sendo, nossa concepção destes efeitos equivale ao conjunto da nossa concepção do objeto."

.....Teve originalidade em pensar sobre coisas como lógica simbólica, ética, estética e religião nos seus aspectos epistemológicos e metafísicos. Desenvolveu também várias lógicas algébricas que nada mais eram que grupo de símbolos dirigindo, por meio de leis de transformação, quando eminente, a emersão de mais grupos de símbolos podendo serem estes usados para a representação das relações entre os conceitos da lógica e, assim, as explicando. Logo, cada signo que tenha seu significado próprio, mostra que é passível de desenvolvimento em conceitos de outros signos.

.....Morreu pobre e sem publicar seus livros. A universidade de Harvard os comprou e os organizou em uma coleção de manuscritos, rascunhos, artigos e críticas com o título "Collected Papers".

.....Suas teses pragmáticas indicam terem sidas inspiradas nas discussões de um grupo filosófico intitulado de Clube Metafísico, no qual, o filósofo fazia parte.
.....Afirmava ser nossas ideias, os efeitos sensíveis e, imaginado outros efeitos, estaríamos nos auto-enganando.

....."É um absurdo afirmar que o pensamento possuí qualquer sentido não relacionado a sua função única."

.....Defendia a tese de que o pensamento era uma coisa que usamos para passarmos da dúvida para a crença, ficando a verdadeira dúvida como coisa ocorrente, sendo impossível ser provocada pelo intelecto, mas que empurra o Homem em direção à crença, resolvida apenas pelo pensamento.

.....O aperfeiçoamento da dúvida pelo pensar nos dá como resultado as crenças em leis de ação, sendo estas, reveladoras do significado da crença em si, derivada delas próprias. Nesta concepção, teorizou sobre a hipótese de o Homem entender mal os significados e, por isso, gerar problemas e dúvidas não reais, assegurando que seu sistema pode, por meio de seus critérios, esclarecer as crenças e mostrar as justificativas possíveis. Como ele mesmo se perguntava:
....."Como tornar nossas ideias claras?"

.....Estas concepções filosóficas foram adotadas e desenvolvidas pelo filósofo Willians James. James entendeu seu conceito básico situado apenas no que tange a dúvida e, aceitou este sistema que estabelece significados como significados empíricos. Assim, James ajuda a tornar o pragmatismo uma teoria de significado e verdade.

....Pierce, ainda desenvolvendo suas concepções lógicas sobre as relações, imputou uma cosmologia evolucionária, na qual, ele mesmo a denominou sinequismo. Para Pierce, sinequismo era a visão pela qual existe um Universo com tendência para a direção do desenvolvimento contínuo e uniforme, explicando o passado em relação ao presente por conta da memória como suas condições de existência. Alegava serem as leis cósmicas iguais para todos os homens.

......Exemplificou sua ideia por meio de abstração cósmica, admitindo em um passado muito distante, na época do Caos, na qual as coisas, conforme iram acontecendo, iram determinando as regras e as leis para acontecimentos futuros, diminuindo a aleatoridade até se chegar nas coisas organizadas, tendo este conceito hoje já inserido na natureza do Homem em seu processo da dúvida à crença. Falava sobre uma "Racionalidade Concreta", conquanto as dúvidas, neste processo contínuo, sendo eliminadas, entenderia-se as leis e todas as suas relações com o Universo, elevando a graça física e racional em relação a todas as coisas.
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Bradley (1.846 - 1.924)...

.....Britânico, natural de Londres, irmão dentre vinte filhos do pregador evangélico Charles Bradley.
..... Todas as suas obras foram dedicadas a uma mulher norte americana sob a sigla ER para cuja escreveu muitas cartas dialogando sobre suas idéias filosóficas. Suas teses rondaram coisas como metafísica, ética e lógica. Influenciou Russell e Moore com seus conceitos idealistas.
   
.....Foi um filósofo da linha idealista, pela qual assegurava os núcleos conceituais de Hegel, conquanto, tudo no mundo se apresenta como coisas da mente. Bradley desenvolveu seu próprio sistema idealista especulando coisas como absoluto e totalidade inseridas no contexto da totalidade indivisível da mente. O absoluto, por exemplo, na concepção deste filósofo, não pode ser pensado, porém, pode ser percebido como ideia. Criticou violentamente o empirismo e utilitarismo ético de Mill.

.....Seus ataques partem de sua obra "Princípios de Lógica", na qual critica o empirismo e sua lógica em si. O juízo, para Bradley, não era conexões psicológicas de ideias, mas sim referência de uma ideia em si, ou, seu conteúdo ideal em relação a realidade, rejeitando o conceito empirista pelo qual o significado de uma ideia é limitada ao seu próprio contexto. O significado não é uma coisa da ideia, mas lhe é útil em si. Não aceita as defesas de Mill sobre o sistema indutivo de argumentar que vai do particular para o universal, alegando que qualquer junção leva ao universal ou ideal como base. Assim, o conhecimento é alicerçado em conceitos universais. Em suas críticas à lógica nos moldes antigos, Bradley reforça sua tese, não com a intenção de criticar ou desenvolver em si esta lógica, mas sim, conceituar a sua nova filosofia.

.....Em sua obra, "Aparência e Realidade", refuta a ideia de que os conceitos ordinários da metafísica eram dados por meio da ciência e da religião, sem serem analisados e questionados todas as suas possibilidades. Poderia sim, a metafísica, ser conceituada, alhúres, por meio das experiências humanas. Entretanto, se assim a fosse, não se conseguiria defesa lógica para refutá-la. Assim, as máximas empiristas, como por exemplo, "uma descrição adequada da realidade é aquela dada nos termos de um objeto no tempo e no espaço" e "tudo pode ser alcançado nos termos de qualidades primarias e segundarias", serviriam como justificativas viáveis como experiências das coisas, sem conseguir satisfazer a realidade verdadeira. Sob análise profunda, por outro lado, estas máximas entram em contradição, por lógica, não podendo dizer algo sobre a verdade última, conquanto, a verdade última é em si, de tal maneira, que não a leva a si mesma. É extensa a dissertação de Bradley sobre este tema, mas em síntese, afirma ser a base da metafísica o sentimento, única coisa capaz de entender todas as coisas primordiais estipulando ser este o fato último, ponto inicial e crucial para a sua nova metafísica.

.....Por esta perspectiva, explica que o sentimento, mesmo que primordial, é despedaçado pelos pensamentos que, e ainda, mesmo por meio do conhecimento, se dirige em direção ao conjunto inteligível e uno, dando-o, para o filósofo, como absoluto e, este não sendo nada mais que um conjunto totalizado e organizado.

....."O absoluto é tudo que acontece e entendido como constituinte de um único sistema auto diferenciado."

.....O pensamento divide e organiza o conhecimento com o qual o senso de uno é um sentimento familiarizado, podendo restaurá-lo novamente, tendo a lógica e a metafísica apoio respectivamente. A metafísica, neste sistema, consagra a independência entre todas as coisas e a lógica organiza uma tese sobre as relações interiores, pelas quais, as relações de uma determinada coisa são essenciais, tornando-a particular. Neste sentido, estabelece o absoluto como uma coisa necessária contendo todas as relações.

.....Com simpatia às ideias de Hegel, Bradley em sua obra "Estudos de Ética", ataca a natureza abstrata de Kant e Mill. A moral das pessoas comuns foi o ponto de partida para afirmar sua teoria: "Minha condição e seus deveres", cuja teoria tem coerência no julgamento sobre a realidade como um uno dividido e, suas partes interdependentes e relacionadas entre elas mesmas, particulares ou não.

.....A Moral, em seu sistema, é a auto-realização dentro da vida particular de cada homem, bem como dentro da ideia de sociedade, na qual se refuta a ideia deste conceito dado ao indivíduo isoladamente. Assim:

....."Qualquer Homem é o que ele é e, tanto o quanto ele o é, e os outros também os são."

.....Porém, deixa de lado as coisas inerentes a esta ideia como condições e deveres que podem ser superados, colocando um homem em liberdade em relação a outro homem. Entretanto, não formulou as regras de conduta ética para tal. Para ele, seu trabalho, assim como sua filosofia em si, seriam apenas coisas para a simples busca da compreensão das coisas.



Bergson (1.859 - 1.941)...

.....Natural de Paris com descendência anglo-polonesa, estudou filosofia e, após sua graduação, seguiu a carreira de professor, ganhando por seus bons trabalhos, a cadeira de filosofia no Collége de France. Neste último período foram publicadas suas obras e, entre as mais importantes, destaques para "Sobre o Riso" e "Evolução Criativa".
 



.....A obra "Evolução Crítica" lhe trouxe muita fama internacional. Por fim, foi eleito como membro da Academia Francesa, mesmo tendo seus livros inclusos na relação de livros proscritos pelo Santo Ofício sob alegação de que seus conteúdos eram contra o intelecto e contra os dogmas católicos. Suas obras foram lidas por pensadores e leigos em alta escala. 

.....Muito respeitado no meio intelectual, chegou a discutir com Einstein sobre a relatividade e, ao encerrar sua carreira cátedra, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.


.....Sensibilizado pelos acontecimentos da primeira guerra mundial, voltou seus pensamentos em algo que pudesse trazer uma existência pacífica entre os Estados, independentes de religião e cultura. No início da segunda guerra mundial, residindo em Paris, veio a falecer de pneumonia.


.....Sua filosofia foi baseada no conceito do tempo e como o entendemos e representamos. O tempo, para Bergson, não era uma coisa homogênea pontuada e mercada com regularidade e uma divisão contendo minutos e horas, nas quais, o tempo é apenas uma seqüência de resultados dinâmicos como fluxo da vida em si mesma. Em outras palavras, isso significa que o intelecto controla o sentido do tempo de maneira a adequar os conceitos e suas seqüências nos dando a realidade em um prisma organizado sem tê-lo em si.


.....O tempo, na concepção de Bergson, não é uma coisa que se estende no espaço e também não é medido, existindo somente como duração porque nós o percebemos e o experienciamos assim.
.....Acabou também por especular a liberdade humana, elaborando o eu profundo como uma coisa que se é vivificada e entendida. Desta forma afirma:
....."Nó somos livres quando nossos atos emanam do conjunto da nossa personalidade, quando eles as expressam e quando eles possuem esse tipo de semelhança indefinível com aquilo que nós algumas vezes observamos entre a obra e o artista."


.....Não é possível provar a liberdade como uma coisa existente, mas ela é conceptível, principalmente porque a sentimos e, a sentimos cada um a sua particularidade, ficando impossível também seu estudo comparado. Acreditava que os homens, sem consciência disto, não se avantajavam da plena liberdade própria. Estas idéias estão bem representadas e explicadas em duas de suas obras: "Emergência Mental" e "Duração e Simultaneidade".


.....Já na obra "Evolução Crítica", se dirige para a metafísica, rejeitando as idéias de realidade materialista e mecânica alicerçadas no conceito pelo qual a realidade é um movimento em direção de um objetivo ou propósito. Defendia também a existência de uma força fundamental na qual ele denominava como "Élan" realizando a evolução criativa de todas as coisas. Esta força não contém objetivo ou qualquer outra coisa especificável produzindo variações sem fim, na qual, acaba por aumentar a liberdade do Homem, ultrapassando o conceito de matéria. 


.....Independente de esta força vital ser Deus ou não, Bergson afirma que a vida é uma parte fragmentada de um todo chamado Élan, como escreveu:
....."Assim definindo, Deus não possui nada de pronto, ele é ininterruptamente vida, ação e liberdade. E a criação assim concebida, não é um mistério; nós a experienciamos em nós mesmos quando agimos livremente."


.....Logo, a vida é reconhecida como nós mesmos a apreendemos intuitivamente participando do desenrolar do tempo real sem o percebemos.


.....O intuitivo não é conceitual, sendo utilizado pelo intelecto para interpretar as coisas pelo que são em seu exterior, entendendo que o intelecto só tem a capacidade de entender as coisas pelo lado de fora delas usando símbolos. Desta maneira, resgata a tese de confusão e erro de Zenão. Afirma, junto a ele, que, utilizando símbolos para determinar as coisas produzimos paradoxos, como a tentativa de explicar o movimento, por exemplo.


.....Argumenta que o instinto, também não conceituado, vem do Élan, nos impulsionando para a intuição resultando coisas como uma idéia maravilhosa que vem do nada, nos momentos e condições menos propícias para se tê-las e, ainda, são idéias que resolvem o mais irresolúvel problema ou questão.


.....Este Élan impulsionou as coisas, do exato início em diante da criação em si, em várias direções diferentes com as quais o desenvolvimento se deu em diferentes coisas independentes como os vegetais, os animais, os minerais etc. A coisa Homem foi a que desenvolveu a inteligência e depois o intelecto, assim, tomando consciência de que "pensa, logo existe". Para Bergson, este Élan age em nível cósmico no qual tudo está direcionado para o autodesenvolvimento.


.....Vinte e cinco anos após a publicação destas idéias, Bergson lança outra obra com conceitos mais religiosos e místicos, deixando o racional e o material mais em segundo plano. Publica "As Duas Origens da Moral e da Religião". Especula nesta obra, as razões originais da moral religiosa estudando conceitos antropológicos e sociológicos. Chega a conclusão que o responsável é o Élan impulsionando, por meio do instinto para a intuição e, neste sentido, unindo a mente ao conceito em si e, para tal, a mente teria que seguir sua intuição mística admitindo assim, o místico acima do razoável.


.....Distingue dois tipos de moral, sendo uma com seus conceitos sociais em defesa de uma manutenção de comunidade por ser o Homem um ser sociável não sobrevivendo isoladamente de outros homens e, a moral universal intuída por conta do instinto para a percepção religiosa de algo mais primordial, mais elevado que o próprio Homem, assim se personifica a moral em si como um meio de conduta particular, conquanto, a moral ordinária e a moral social estão imbuídas na moral universal.


.....Foi muito criticado por abandonar as formas científicas, sendo classificado como antiquado. Por exemplo, Pierce se revoltou quando Willian james comparou suas idéias com as idéias centrais de Bergson.


.....Atestava contra a utilização de palavras e conceitos como inválidos para a percepção, mas usou palavras e conceitos para demostrar isso, invalidando suas próprias idéias por consequência.



Gotas de Sabedoria:




Não sabermos o que aconteceu antes de termos nascidos é permanecermos eternamente crianças.
                                                                         Cícero – séc. I a.C

O que move uma pessoa não são seus músculos, mas sim seus pensamentos .  Anônimo

Todo homem nasce livre e, por tida parte, encontra-se acorrentado.   Rousseau

A vida deve ser vivida para adiante, mas entendida olhando-se para trás.    Kierkegaard

Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia.     Shakespeare

Uma vez afastada a ignorância, cessa o deslumbramento.    Spinoza
                                                              

Pra ver como a vida é curta é preciso antes viver bastante.    Schopemhauer
                                                                   
O homem acredita mais prontamente naquilo que ele gostaria que fosse verdade.     Bacon

O ser é uma ficção inventada por aqueles que sofrem de vir a ser.      Nietzsche

A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.    Einstein

Todos nós nascemos originais e morremos cópias.   Jung

Seríamos perfeitos se não fôssemos Homens.    Voltaire

Zombar da filosofia  é, na realidade, filosofar.    Pascal



Homens: deuses em semente

" A humanidade geme, meio esmagada sob o peso do progresso que conseguiu. Ela não sabe o suficiente que seu futuro depende dela. Cabe-lhe primeiro ver se quer continuar a viver. Cabe-lhe indagar depois se quer viver apenas, ou fazer um esforço a mais para que se realize, em nosso planeta refratário, a função essencial do universo, que é uma máquina de fazer deuses."


"As Duas Fontes da Moral e da Religião" - (Cap.IV)
Henri-Louis Bergson
 
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Sejam felizes todos os seres Vivam em Paz todos os seres
Sejam abençoados todos os seres.

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