quarta-feira, 13 de maio de 2015

A NUVEM DO NÃO SABER OU A NUVEM DO DESCONHECIDO



Dois tempos: dos físicos e dos filósofos 
Filósofo Antônio Jaques de Matos - 10 min.

Theodor Adorno:
 Elitismo, Lixo Cultural e Coisas do Espírito


"A quem tem sede
 eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva.
"(Ap 21,6-b)



"A Nuvem do Não-Saber"

"Nós fomos feitos para amar 
e todo o resto foi criado para tornar o amor possível" 

"Aquele que a mente não pode compreender, o coração pode abraçar."
(Autor anônimo, em "A Nuvem do Não-Saber")

A Oração Centrante é um pouco baseada nos escritos de Santa Teresa de Ávila, especialmente na 'Oração de Quietude', em São João da Cruz mas principalmente no livrinho "A Nuvem do Não-Saber" (Ed. Paulinas, coleção "A Oração dos Pobres"), de autor desconhecido da Idade Média, provavelmente um monge do século XIV que por sua vez se baseou nos Santos Padres do Deserto. Os monges trapistas Pe. Thomas Keating, OCSO, Dom Basil Pennington, OCSO, e padre William Meninger, OCSO, retiraram o método desse livro, que é um pouco difícil de se entender, pois a literatura da época é um tanto cheia de meandros, os autores dão muitas voltas para dizer o que querem. O próprio autor nos aconselha a lê-lo várias vezes. Quando li Santa Teresa de Ávila tive a mesma dificuldade que ao ler a "Nuvem" e outros livros da mesma época. Mas, vale a pena ler!

Para aqueles que tiverem a curiosidade e o tempo, estou colocando aqui alguns trechinhos desse livro que irão assegurar a todos que a Oração Centrante, embora tendo um "nome novo", não é nenhuma "novidade" na Igreja. Apenas ficou esquecida, no meio de tantos tesouros. O nome foi inspirado nos escritos do também trapista, grande escritor católico, Thomas Merton, OCSO.

Cap. III:

"Eleve seu coração para Deus com um humilde impulso de amor; e tome Ele mesmo como seu objetivo e não como qualquer um de seus bens. Tenha cuidado: evite pensar em outra coisa que não seja nele mesmo, de maneira que não haja coisa alguma em que a sua razão ou a sua vontade trabalhe, exceto Ele mesmo. Faça tudo o que estiver ao seu alcance para esquecer todas as criaturas que Deus já criou, para que, nem o seu pensamento, nem o seu desejo, em geral ou em particular, sejam dirigidos ou estendidos a qualquer uma delas. Deixe-as em paz e não preste atenção nelas. Esta é a obra que mais agrada a Deus. 

Todos os santos e anjos sentem alegria com este exercício (o "trabalho do amor", como o autor a chama e nós chamamos de Oração Centrante), e estão desejosos em ajudar com todo o seu poder para que prossiga. Quando você se encarrega deste exercício, todos os demônios ficam furiosos e se propõem, na medida do possível a destruí-lo. Nós não podemos nem imaginar o quanto é maravilhoso o modo como todas as pessoas que habitam a terra são ajudadas por este exercício. Sim, e as almas do purgatório são aliviadas do peso de suas penas, e também você é purificado e se torna virtuoso e isto tudo muito mais por esta obra do que por outra qualquer. Entretanto, este é o exercício mais fácil de todos e se realiza com maior presteza quando uma alma, ajudada pela graça, tem consciência deste desejo; caso contrário, seria extraordinariamente difícil para você fazer este exercício. Não se retraia então, mas trabalhe nele até você sentir o desejo. Pois quando você começa a executá-lo pela primeira vez, tudo quanto você encontra é escuridão, uma espécie de nuvem do "não-saber"; você não pode dizer o que é, exceto que você sente, através de sua vontade, um simples desejo de alcançar Deus. 

Esta escuridão com a nuvem está sempre entre você e o seu Deus, não importa o que você faça, e é esta que o impede de ver Deus claramente através da luz do entendimento de sua razão, ou ainda que o impede de conhecer Deus na doçura do amor em sua própria afeição. Portanto, comece a descansar nesta escuridão enquanto você puder, gritando sempre por Ele, a quem você ama. Porque, se você vai conhecê-lo ou vê-lo de qualquer maneira, na medida em que isto seja possível aqui, terá que ser sempre nesta nuvem e nesta escuridão. Portanto, se você trabalhar neste exercício com toda a sua atenção como eu mandei, tenho plena confiança que, pela misericórdia de Deus, você atingirá este objetivo."

Cap. IV:
...

"Portanto, organize bem 
o seu tempo e a forma como o utiliza.
 Nada é mais precioso que o tempo. 
Uma pequena partícula de tempo, por menor que seja, é preciosa, 
pois devido a ela o céu pode ser ganho ou perdido."
...
"Ligue-se a Ele pelo amor e pela fé."...
...

"Portanto, preste cuidadosa atenção a este exercício e ao modo maravilhoso como ele age dentro de sua alma. Pois quando é bem compreendido, ele nada mais é do que um súbito impulso, algo que chega sem avisar, elevando-se, voando rapidamente até chegar a Deus, como a faísca voa para cima partindo do carvão ardente. (Sta. Teresa de Ávila fala de modo bem semelhante em relação à oração).

 Maravilhoso também é a quantidade desses impulsos que podem ocorrer dentre uma hora, numa alma que esteja adequadamente preparada para este exercício. Todavia, sobressaindo-se numa atividade dentre todas estas, um homem pode perfeitamente, de repente, ter esquecido toda coisa criada. E, como a mesma rapidez, após cada impulso, e por causa da corrupção da carne, a alma cai novamente até chegar a atingir algum pensamento ou alguma ação já executada ou inacabada. Mas que importa? Pois prontamente ela se eleva novamente, tão de repente como aconteceu da vez anterior."

(A cada vez que se conscientizar de algo, 
(pensamento, emoção, sentimento, etc, 
simplesmente retorne à sua Palavra Sagrada 
- Thomas Keating)
"Assim, portanto, pode-se entender logo o método deste trabalho e perceber claramente que ele se encontra muito afastado de qualquer fantasia ou falsa imaginação ou opinião sutil: uma vez que todas estas não são ocasionadas por aquele simples, devoto e humilde impulso do amor, mas por um raciocínio orgulhoso, especulativo e excessivamente imaginativo...."

"Quem quer que leia ou ouça este exercício, poderá pensar que pode ou que deveria realizá-lo por meio de um trabalho intelectual. Assim, ele pára e fica quebrando a cabeça procurando um modo de realizá-lo e, com tais engenhosos raciocínios, ele violenta a sua imaginação, talvez até além da sua habilidade natural, de modo a planejar um meio falso de agir que não se adapta nem ao corpo nem à alma. Realmente tal homem, seja ele quem for, está perigosamente iludido; e é assim, a não ser que Deus, na sua grande bondade, lhe mostre a sua maravilhosa misericórdia e, rapidamente, o conduza para longe de suas imaginações, a fim de colocá-lo humildemente sob a direção daqueles experientes neste exercício... 

Portanto, pelo amor de Deus, tome cuidado neste exercício e de nenhum modo trabalhe com seus sentidos ou com a sua imaginação. Pois, eu lhe digo sinceramente, este exercício não pode ser alcançado através do trabalho deles; assim, pois, deixe-os e não trabalhe com eles."

Cap. V:

"Tenho algo a lhe dizer:
 tudo quanto você pensar está acima de você
 durante este espaço de tempo, e está entre você e o seu Deus. 
Na medida em que houver alguma coisa em sua mente exceto Deus só,
 nesse mesmo instante você estará longe de Deus."
".... neste exercício é de pouca ou nenhuma valia pensar na bondade ou na dignidade de Deus, ou de Nossa Senhora ou dos anjos e santos do céu, ou até nas alegrias celestes; quer dizer, através de uma concentração especial, como se você quisesse, por essa concentração, alimentar e aumentar seu propósito. Acredito que isso, de maneira alguma aconteceria neste caso e neste exercício porque, embora seja bom pensar na bondade de Deus e amá-lo e louvá-lo por esta mesma bondade, contudo, é muito melhor pensar em seu 
simples Ser e amá-lo e louvá-lo por Ele mesmo."




Cap. VI:

"Agora, porém, você me faz uma pergunta dizendo:
 "Como eu poderia pensar nele mesmo e o que Ele é?" 
A isto eu só posso responder nestes termos:
 "Não tenho a menor ideia". 
Pois, com esta pergunta, você me introduziu nessa mesma escuridão, nessa mesma nuvem do não-saber onde eu gostaria que você mesmo estivesse. Porque um homem pode, pela graça, possuir a plenitude do conhecimento de todas as criaturas e das suas obras como também das obras do próprio Deus, e ele é bem capaz de refletir sobre elas. Mas homem nenhum pode pensar em Deus como Ele mesmo. Por isso, é meu desejo abandonar tudo sobre o que eu possa pensar e escolher para o meu amor a coisa na qual eu não possa pensar. Porque Ele pode certamente, ser amado, mas não pensado. Ele pode ser arrebatado e retido por amor, mas não pelo pensamento. Portanto, embora o pensamento seja uma luz e uma parte da contemplação, mesmo assim neste exercício, ele deve ser rejeitado e coberto com uma nuvem do esquecimento. Você deve pisar por cima dela corajosamente mas com amor, e munido de um amor devoto, agradável e impulsivo esforçar-se para atravessar essa escuridão acima de você. Você tem que bater nessa nuvem do não-saber com um dardo afiado de amor ardente. Não deixe esse trabalho por nada que possa acontecer."

Cap. VII:

"Se surgir algum pensamento que continue a pressionar, 
acima de você e entre você e essa escuridão, e lhe perguntar:
 "O que você procura e o que gostaria de ter?"
, você deve dizer que é a Deus que gostaria de ter: "É Ele que eu almejo, Ele a quem eu procuro, e nada além dele". E caso o seu pensamento indagar quem é esse Deus, você deve responder que é o Deus que criou você e o resgatou, e que, com a sua graça o chamou para seu amor. E diga: 

"Você não tem nenhum papel para representar". 
Portanto, diga ao pensamento:
 "Vá para baixo novamente". 
Esmague-o rapidamente com um impulso de amor, mesmo que este pareça ser muito santo; ainda assim, parece que ele poderia ajudar você a procurar Deus. Talvez o pensamento traga à sua mente uma variedade de excelentes e maravilhosos exemplos de sua benevolência; dirá que Deus é muito doce e muito amorosos, benevolente, misericordioso. O pensamento não desejará nada além de que você o escute; pois no fim aumentará cada vez mais a sua loquacidade até que o leve mais para baixo, até a reminiscência de sua paixão. É aí que lhe será permitido ver a maravilhosa benevolência de Deus; e talvez, enquanto você o vê e pensa sobre isto, o pensamento trará à sua mente algum lugar onde você costumava viver. E assim, no final, antes mesmo que você percebesse a sua concentração se evaporou, espalhando-se por onde você nem faz ideia. A causa desta dispersão é que, no início, você deliberadamente deu ouvidos ao pensamento, respondeu-lhe, tomou-o para si e deixou-o continuar despercebido."
.....

"Portanto, quando você iniciar este exercício, e souber por experiência, através da graça, que você está sendo chamado por Deus para isso, levante então seu coração para Deus com um humilde impulso de amor e destine-o ao Deus que criou você e o resgatou, e que na sua graça chamou você para este exercício. Não tenho outro pensamento sobre Deus; nem mesmo qualquer um destes pensamentos, a menos que seja de seu agrado. Pois uma simples aproximação em linha reta a Deus é suficiente, sem nenhuma outra causa exceto Ele próprio. 

Se você quiser, pode ter esta extensão envolvida e cingida em uma só palavra. Por isso, a fim de obter melhor compreensão disto, tome só uma palavrinha, de uma sílaba, preferivelmente, ou de duas; pois quanto mais curta, melhor, de acordo com este exercício do espírito. Assim é a palavra "DEUS' ou a palavra "amor". Escolha a que você preferir, ou qualquer outra segundo o seu gosto a palavra de uma sílaba de sua preferência. Prenda esta palavra ao seu coração, de modo que, aconteça o que acontecer, ela jamais vá embora. Esta palavra há de ser o seu escudo e a sua espada, quer você esteja cavalgando na paz ou na guerra. 

Com esta palavra você açoitará esta nuvem 
e essa escuridão acima de você.
 Com esta palavra você deverá abater toda sorte de pensamento sob a nuvem do esquecimento; isto para o caso de algum pensamento exercer pressão sobre você, perguntando-lhe o que você gostaria de ter, responda só com esta palavra e nada mais. Se o pensamento lhe propuser, de acordo com seu grande saber, analisar essa palavra e dizer-lhe o que significa, diga ao pensamento que você quer guardá-la como um todo e não em fragmentos ou solta. Se você quiser manter-se firme neste propósito, pode ter certeza de que o pensamento não permanecerá por muito tempo."

Cap. LXX:

"O silenciar dos nossos sentidos físicos
 conduz muito mais facilmente à experiência das coisas espirituais; 
da mesma maneira, o silenciar de nossas faculdades espirituais
 conduz a um conhecimento experimental de Deus, 
tanto quanto este seja possível, através da graça, na vida presente."
"Trabalhe com afinco neste "nada" e neste em "parte alguma", e abandone seus sentidos físicos externos como também os objetivos de sua atividade. Pois eu lhe digo sinceramente que este exercício não pode ser compreendido por eles.

Através dos seus sentidos físicos de percepção você nada pode compreender a não ser quanto ao comprimento e largura, à pequenez e grandeza, ao que é redondo e o que é quadrado, à sua distância e sua proximidade e também à sua cor; através de seus ouvidos, nada além do ruído ou alguma espécie de som; através do seu nariz, nada além do mau cheiro ou aroma; através do gosto, nada além do azedo ou doce, o salgado ou fresco, o amargo ou agradável; e através do tato, nada além do quente ou frio, duro ou mole, macio ou áspero. 

E, na verdade, nem Deus nem as coisas espirituais possuem nenhuma destas qualidades e quantidades. Portanto, abandone seus sentidos externos e não trabalhe com eles, nem externa, nem internamente. Porque todos aqueles que se dispõem a serem trabalhadores espirituais interiormente, e ainda julgam que deveria ouvir, cheirar, ver, provar ou tocar coisas espirituais, seja dentro ou fora deles mesmos, certamente estão enganados e trabalham de modo errado, contra a natureza. Pois está determinado pela natureza que através dos sentidos físicos os homens tenham conhecimento de todas as coisas físicas, e não que através destas tomem conhecimento de coisas espirituais.

Estou falando a respeito de sua atividade positiva. Pois podemos chegar ao conhecimento das coisas espirituais através de sua falta de atividade. Quando, por exemplo, lemos ou ouvimos falar de determinadas coisas, e percebemos que nossos sentidos físicos não nos podem informar sobre o que são estas coisas através de suas qualidades, então podemos, sem nenhuma dúvida, estar seguros de que estas coisas são espirituais e não materiais.

Espiritualmente o mesmo é verdade acerca de nossas faculdades espirituais, quando estivermos trabalhando em relação ao conhecimento do próprio Deus. Pois não importa o volume de compreensão espiritual que um homem possa ter quanto ao conhecimento de todas as coisas espirituais criadas, ele jamais poderá chegar, pelo esforço de sua compreensão, ao conhecimento de uma coisa não criada, que nada é a não ser Deus. Mas, pela falha desta compreensão ele pode chegar a esse conhecimento. Pois onde a sua compreensão falha nada mais há além de Deus só; e foi por este motivo que São Dionísio disse:

 "O saber verdadeiramente divino de Deus 
é aquele que é conhecido pelo não-saber". ...
Cap. LXXIV:

"Mas se você julgar que este modo de trabalhar não está de acordo com a sua disposição física ou espiritual, pode deixá-lo e escolher outro em segurança e sem repreensão, desde que seja de bom conselho espiritual. E nesse caso, rogo-lhe que me considere perdoado. Pois, realmente, o meu objetivo ao escrever este livro foi o de ajudar você a fazer progressos de acordo com meu modesto conhecimento. Foi esse o meu propósito. Portanto, leia-o novamente duas ou três vezes; e quanto mais vezes você o ler, melhor o entenderá; assim talvez, se alguma frase foi muito difícil pra você entender na primeira ou segunda leitura, depois lhe parecerá bastante fácil. (Realmente, o próprio autor reconhece que o livro é de difícil leitura.)

Sim, de fato. Segundo meu critério, parece impossível que qualquer alma que esteja preparada para este exercício, leia o livro, para si ou em voz alta, sem sentir durante esse tempo uma real afinidade com o resultado deste livro. Portanto, se você achar que lhe faz bem, agradeça a Deus sinceramente, e pelo amor de Deus reze por mim."

Cap. LXXV:
"Sobre os sinais decisivos
 pelos quais o homem pode comprovar 
se é chamado ou não por Deus e empreender este exercício."
"Todos aqueles que leem a matéria deste livro, ou o ouvem quando é lido ou quando se fala a respeito dele, e durante a sua leitura ou quando ouvem falar acerca dele julgam que este livro seja bom e apropriado para eles, nem por isto são eles chamados por Deus a empreender este exercício, simplesmente por causa desta sensação, própria da natureza, que eles têm durante a sua leitura. Pode acontecer que esta sensação provenha mais de uma curiosidade intelectual natural do que qualquer chamado da graça.

Se, entretanto, eles desejarem descobrir de onde provém esta sensação, e se quiserem de fato, podem averiguá-lo da seguinte maneira: Antes de mais nada, verifiquem primeiro se fizeram tudo quando deles depende para se prepararem para este exercício: - pela purificação de suas consciências, de acordo com o julgamento da Santa Igreja e ainda com a aprovação do seu diretor espiritual. Até aqui, tudo bem. Mas, se desejarem saber mais, verifiquem se este impulso está sempre fazendo pressão em suas mentes, com maior regularidade do que acontece com qualquer outro exercício espiritual. E e lhes parecer que nada do que eles fazem, física ou espiritualmente, tem qualquer valor, segundo o testemunho de suas consciências, a não ser este pequeno amor secreto orientado de um modo espiritual como sendo o principal de todos os seus exercícios: se esse for o sentimento deles, então é um sinal e que são chamados por Deus para este exercício; do contrário, não.

(Em suma, se sentirem um apelo interior, forte,
 para praticarem a Oração Centrante, façam-no.
Se não, busquem outro método. 
Comigo foi "amor à primeira vista"!)
Para aqueles que são chamados a executar este exercício, não falo que este impulso de amor existirá para sempre e habitará continuamente suas mentes. Não, não é assim. Porque, frequentemente, a experiência atual deste impulso é por vários motivos retirada do jovem aprendiz espiritual deste exercício: às vezes, a fim de que ele não se torne muito familiarizado com ele e assim presuma que, na maioria dos casos, depende dele ter esta experiência quando queira e como queira. Uma convicção como esta seria orgulho. Todas as vezes que o conhecimento desta graça for revogado, a causa disto será o orgulho. Quer dizer, não o verdadeiro orgulho mas o orgulho que lá estaria se este conhecimento da graça não fosse revogado. E frequentemente os jovens, em sua insensatez, pensam que Deus é o seu inimigo quando Ele é o seu melhor amigo.

(Nem sempre vamos ter a "consolação espiritual", quer façamos este exercício ou outro qualquer. Não podemos achar que fazemos progressos porque somos "eficientes", etc.... Deus muitas vezes nos deixa na total aridez espiritual para provar nossa fé, nosso amor, nossa fidelidade. Devemos perseverar, continuar nossa prática espiritual, sempre!) 

"Ao vencedor darei a coroa da vida", 
nos diz o Senhor no Apocalipse.)
"Às vezes são privados desta experiência por causa de sua negligência; quando isto acontece, eles sentem imediatamente uma dor aguda que os atormenta bastante. De vez em quando Nosso Senhor propositadamente atrasa a experiência, porque é de sua vontade ampliar a experiência por meio desta demora e fazer com que haja mais interesse por esta quando for reencontrada e posta à prova novamente, após ter sido perdida durante muito tempo. Este é um dos sinais mais evidentes e simples que uma alma pode ter para saber se é chamada a realizar este exercício ou não; se ela sentir após certa demora e um longo afastamento desta experiência, ao chegar de repente, como chega, realizada sem nenhum intermediário, que ela tem um fervor do desejo e um anseio de continuar com este exercício, maiores do que jamais tivera antes; tanto assim que muitas vezes, eu imagino que todo o pesar que a alma sentiu pela perda dessa graça não é nada, comparado com a alegria de redescobri-la. Se assim for, então é realmente um autêntico indício de que ele é chamado por Deus para realizar este exercício, qualquer que seja ou tenha sido o seu estado.

Porque Deus não olha 
com seus olhos misericordiosos para o que você é 
ou para o que você foi, mas sim para o que você deseja ser. 
Podemos dizer que São Gregório é testemunha de que: "todos os desejos santos aumentam com a demora; mas se diminuem com a demora então jamais foram desejos santos". E aquele que sente cada vez menos alegria nas novas experiências e nas repentinas exposições dos seus próprios desejos, embora todos devam ser chamados desejos naturais para o bem, estes no entanto jamais foram desejos santos. É deste desejo santo que fala Santo Agostinho, quando diz que: 

"a vida inteira de homens bons cristãos
 nada mais é do que desejos santos".

Adeus, amigo espiritual, na bênção de Deus e na minha. E eu suplico a Deus Todo-Poderoso que a verdadeira paz, o saudável conselho e o conforto espiritual em Deus com abundância da graça sempre estejam com você e como aqueles que, na terra, amam a Deus."

Amém."
AMEM !  Do verbo Amar !



OBS.: Se você lê bem inglês, adquira o livro da "Nuvem" nessa língua, pois a tradução em português das Paulinas não é muito acurada. Busque na www.amazon.com, há vários autores. Segundo padre Meninger a de William Johnston é boa.

Visite o Leme Contemplativo, que estamos construindo devagar...




"Ecce Homo"


A Nuvem do Não-Saber
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Nuvem do Não-Saber ou A Nuvem do Desconhecido
do original em inglês The Cloud of Unknowing é um guia espiritual 
escrito na segunda metade do século 14, pouco depois de 1390, 
por um monge desconhecido, provavelmente da Ordem dos Cartuxos, 
que teria vivido na Inglaterra. .

A obra
Em seus 75 capítulos, um monge cartuxo ensina a um jovem, de aproximadamente vinte e quatro anos, acerca da vida contemplativa, em que a alma se une a Deus . Para tanto, o autor lança mão, principalmente, de dois episódios bíblicos: o Evangelho de S. Lucas, 10, 38-425 e o livro do Êxodo, capítulo 246 . O primeiro, sendo mencionado de maneira explícita pelo autor e o segundo, apenas implicitamente.

No primeiro episódio, Maria representa a vida contemplativa, enquanto Marta representa a vida ativa. Isto porque conforme a narrativa neotestamentária, quando Jesus visita a casa de Marta, esta se apressa em preparar-lhe a refeição, enquanto Maria se senta para ouvi-lo. No segundo episódio, Moisés representa aquele que através de muitos esforços, chega à perfeita contemplação, sendo então, encoberto por uma nuvem de desconhecimento/ignorância. À semelhança da narrativa veterotestamentária, onde Moisés atende o chamado do Senhor, subindo ao monte e sendo encoberto por uma grande nuvem durante seis dias.

Em suma, a via (ou, vida) contemplativa se dá quando o cristão percebe a precariedade da razão, da inteligência natural, como meio de alcançar a Deus, e abandonando-a, vai de encontro a Ele por meio do amor, como ensina Merton: " (...) embora a essência de Deus não possa ser adequadamente apreendida, ou claramente entendida pela inteligência humana, podemos alcançá-Lo diretamente pelo amor" . Ou ainda, nas palavras do próprio cartuxo: 

" Porque Deus pode muito bem ser amado, mas não pensado. 
Pelo amor Ele pode ser retido; mas pelo pensamento, não, nunca" .
A proposta do cartuxo se encaixa no movimento de misticismo que surge em fins do medievo, do qual fizeram parte outros importantes nomes. O misticismo foi uma reação de descontentamento à excessiva valorização do pensamento racional promovido pela escolástica, suas respostas consideradas insatisfatórias, à crise das universidades,9 bem como, ao conturbado período de transformações e crises vividos pela sociedade e pela Igreja.10

O cartuxo pretende ensinar o que seja: 
a via mística de contemplação e amor a Deus, que se alcança,
 dentre outros quesitos, por meio da passividade, do silêncio e da solidão .
Os manuscritos da obra 
se encontram na Biblioteca Britânica 
e na Biblioteca da Universidade de Cambridge.

Bibliografia:
CHADAN, José. Misticismo e apofaticidade em A Nuvem do Não-Saber de um escritor anônimo do século XIV. Dissertação (Mestrado em Filosofia), PUC-SP, 2013. In: < http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=16183> .
(Impossível copiar-colar - eita SOLIDARIEDADE HUMANA! )
 De José Chadan - A Nuvem do Não-Saber
(Impossível copiar-colar - eita SOLIDARIEDADE HUMANA! )

                            

Origem: 
Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://www.oracaocentrante.org/nuvem.htm


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