AULA ANÁLISE:
Lewis Carrol - Alice no Pais das Maravilhas - 89min
As “Alices” que me movem: Simulacro eVerossimilhança no filme A casa de Alice
Franciele Paes Pimentely
Universidade Federal da Bahia
Partindo da premissa de Adorno1 sobre o gênero ensaístico, tomo aqui
a liberdade de descrever o caminho percorrido até a escolha do foco
de análise deste estudo. O clássico “Alice no País das Maravilhas”, de
Lewis Carroll (1865), permeia meus estudos desde a escrita de minha
Dissertação em 2008/2009. Ao considerar as inúmeras possibilidades
de relações entre esta obra e o conteúdo apresentado na disciplina
Teorias Ensaio apresentado à disciplina Teorias da Representação Literária
ministrada pela Profa Evelina Hoisel do Programa DINTER UFBA/UNIOESTE
(Doutorado Interinstitucional Universidade Federal da Bahia –
UFBA/Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE). yMestre
pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Aluna especial do Programa
de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia –UFBA.
1 No texto intitulado “Ensaio como forma”, Theodor Adorno defende a forma
ensaística como a maneira mais adequada do autor traduzir seu pensamento: estabelecendo
um contato direto com o leitor, coordenando suas ideias, mostrando de
forma subjetiva a escolha do tema e demonstrando espontaneidade na exposição das
opiniões. É assim que Adorno julga o ensaio, afirmando que nesta forma é dada ao
autor a possibilidade de decifrar seu objeto sem prender-se à teia rígida dos conceitos.
Cf. ADORNO, Theodor. Ensaio como forma. In: Notas de literatura I. Trad. Jorge
de Almeida. São Paulo: Editora 34, 2003. da Representação Literária2, me
vi diante das possíveis interlocuções existentes entre o clássico literário e o
filme “A casa de Alice”, de Chico Teixeira (2007); a começar pelo nome.
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Inserida no universo de significações que constitui o maravilhoso
mundo de Alice (a da obra literária) e os percalços vividos pela personagem
Alice (a da casa), fui em busca da crítica ao filme, ganhador
de diversos prêmios nos festivais nacionais e internacionais pelos quais
passou.
Foram diversos os textos encontrados a respeito do filme, em especial
na internet, dentre eles a crítica de Rodolfo Lima3, que trazia
a seguinte afirmação: “Retratados sem maniqueísmos os familiares de
Alice, não são meros simulacros. São verossímeis e se não residem dentro
da nossa casa, estão ao lado, no parente distante.” Aqui encontrei o
ponto de convergência entre a narrativa cinematográfica e as Teorias da
Representação Literária: Por que afirmar que os personagens não são
meros simulacros? E por que os mesmos são verossímeis?
Compartilhando ainda da ideia de Adorno, decifro os questionamentos
à luz das teorias clássicas de Platão, retomadas por Deleuze;
e também das contribuições de Compagnon, no intuito de minimizar as
inquietações pertinentes à definição dos termos simulacro e verossimilhança.
Contudo, sem prendê-los à forma rígida dos conceitos, mas
considerando, despretensiosamente, uma simples interpretação.
O termo simulacro, desde os anos 1970 e 1980, vem adquirindo
uma conotação bastante generalizada. É comum encontrarmos o termo
fazendo referência a algo artificial, ou seja, a um conjunto ficcional cujo
valor é equiparável ao “modelo verdadeiro”. Tem-se que o primeiro filósofo
a desenvolver a noção de simulacro, de forma mais abrangente, foi
Gilles Deleuze, apresentando a noção de simulacro de uma forma crítica
e liberta. É importante ressaltar a evolução do pensamento deleuziano
no que tange às teorias do simulacro, uma vez que, a partir de suas publicações,
o teórico tornou-se um dos maiores comentadores da história
da filosofia.
2 Disciplina obrigatória da Linha de Pesquisa em Literatura do Programa DINTER
UFBA/UNIOESTE.
3 Jornalista, ator e crítico de cinema. Sua crítica ao filme A casa de Alice pode ser
lida em www.cranik.com/acasadealice_critica.html.
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Na obra A Lógica do Sentido, Deleuze aponta uma mudança de tom
e de teor aos seus estudos, fazendo considerações sobre o pensamento
grego e sua recepção. Na visão de Platão os simulacros seriam erros,
cópias ruins da mímesis e Deleuze apresenta nesta obra a resposta a
tal afirmativa na intenção de “fazer subir os simulacros, afirmar seus
direitos entre os ícones ou as cópias.” (DELEUZE, 1974, p. 267), frase
que caracteriza a tão bem conhecida “reversão do platonismo”.
Nas considerações de Deleuze, Platão considera que o simulacro
possui um valor inferior ao ícone, para tanto o justifica ao apontar o seu
“efeito improdutivo”, que estaria relacionada a uma imitação que não
passa de uma simulação, cujos efeitos de semelhança residem apenas
em seu nível exterior. O efeito produtivo, para Platão, dizia respeito à
dimensão, profundidade e à distância que o simulacro deve ter.
Platão precisa o modo como este efeito improdutivo é obtido:
o simulacro implica grandes dimensões, profundidades
e distâncias que o observador não pode dominar. É porque
não as domina que ele experimenta uma impressão de semelhança.
O simulacro inclui em si o ponto de vista diferencial;
o observador faz parte do próprio simulacro, que se
transforma e se deforma com seu ponto de vista. Em suma,
há no simulacro um devir-louco, um devir ilimitado [...].(DELEUZE, 1974, p. 264)
Se considerarmos possível a relação entre o “observador” de Platão
e o leitor da pós-modernidade, é notório um dos pontos de tensão existentes
na teoria platônica que podem ter gerado a ânsia pela “reversão
do platonismo”:
e o leitor da pós-modernidade, é notório um dos pontos de tensão existentes
na teoria platônica que podem ter gerado a ânsia pela “reversão
do platonismo”:
[...] Por sua vez, o viver em linguagem na pós-modernidade
solicita esse leitor astucioso, capaz de migrar e transmigrar
através dos signos e das linguagens que trançam a malha
cultural contemporânea. Trata-se, portanto, de delinear o
perfil de um leitor compromissado com determinados protocolos
de leitura, utilizando-se de aparatos interpretativos
que sustentam os seus investimentos afetivos, pois, da perspectiva
aqui esboçada, a leitura se processa em um entrelugar
da afetividade do saber. Saber precário, que não se
quer totalitário nem totalizante, mas que também nada tem
de liberal, no que diz respeito a conferir ao texto um sentido
consistente e unívoco. (HOISEL, 2008, p. 66)
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O leitor contemporâneo é parte do texto que lê, uma vez que encontra
no texto as diversas possibilidades de entendimento que lhe é pertinente.
O “devir-louco” a que Deleuze faz referência seria a constante
oscilação que permeia essas diversas possibilidades de entendimento do
simulacro, uma oscilação contínua entre um universo e outro:
[...] um devir subversivo das profundidades, hábil a esquivar
o igual, o limite, o Mesmo ou o Semelhante: sempre
mais e menos ao mesmo tempo, mas nunca igual. Impor
um limite a este devir, ordená-lo ao mesmo, torná-lo semelhante
– e, para a parte que permaneceria rebelde, recalcá-la
o mais profundo possível [...] tal é o objetivo do platonismo
em sua vontade de fazer triunfar os ícones sobre os simulacros.
(DELEUZE, 1974, p. 264)
É importante ressaltar que Platão já evidenciava sua “repulsa” pelo
simulacro no Livro IV da República, onde apontava a arte poética como
algo inútil, uma vez que era subversiva ao homem – o homem imitava
uma realidade depreciativa que não poderia levá-lo ao bem. Esta visão
é percebida quando os poetas são expulsos da polis, por terem falsificado
a imagem dos deuses como corruptos e ainda por produzirem simulacros
de generais, governantes, médicos, sem que estes possuíssem
o saber digno às suas atribuições. Os poetas foram então expulsos
porque suas produções foram vistas como tipos-cópias, que não poderiam
servir de modelo para os cidadãos de um Estado filosófico ideal
baseado na justiça.
O platonismo funda assim todo o domínio que a filosofia reconhecerá
como seu: o domínio da representação preenchido
pelas cópias-ícones e definido não em uma relação extrínseca
a um objeto, mas numa relação intrínseca ao modelo
ou fundamento. O modelo platônico é o Mesmo: no
sentido em que Platão diz que a Justiça não é nada além
de justa, a Coragem, corajosa etc. – a determinação abstrata
do fundamento como aquilo que possui em primeiro
lugar. À identidade pura do modelo ou do original corresponde
a similitude exemplar, à pura semelhança da cópia
corresponde a similitude dita imitativa. (DELEUZE, 1974, p. 264)
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Torna-se pertinente reforçar a teoria de Platão com relação ao simulacro,
uma vez que a partir de suas próprias imposições foi possível
avistar adiante a possibilidade da reversão de suas teorias.
“Não se pode dizer, contudo, que o platonismo desenvolve
ainda esta potência da representação por si mesma:
ele se contenta em balizar o seu domínio, isto é,
em fundá-lo, selecioná-lo, excluir dele tudo o que viria
embaralhar seus limites.”
(DELEUZE, 1974, p. 264).
Assim, o próprio Platão impõe seus limites, quando em seus desdobramentospõe em cheque as noções de cópia e de modelo, o que nos
leva a pensar que o próprio filósofo deu aos filósofos contemporâneos o
alimento para aquilo que Deleuze chama de “reversão do platonismo”.
Partindo da premissa de que o simulacro era visto por Platão como
algo de efeito improdutivo, tem-se que a reversão do platonismo trouxe
enfim uma nova forma de assimilação do termo. Mas não se trata de
desmentir/desconsiderar a teoria platônica e sim de esmiuçar e compreender
as tensões que nela residem, gerando assim diferentes entendimentos.
Mas se o simulacro trouxe consigo esta noção problemática e negativa,
foi justamente por causa da sua injusta marginalização, afinal,
à revelia de Platão, a intenção com a reversão do platonismo era justamente
a de afirmar o simulacro entre as cópias e os ícones, dando-lhe
o mesmo valor destes. Assim, como Deleuze (1974) afirma: “o simulacro
não é uma cópia degradada, ele encerra uma potência positiva que
nega tanto o original como a cópia, tanto o modelo como a reprodução.
(DELEUZE, 1974, p. 267- grifo do autor).
Assim, dada a exposição do termo simulacro, passemos então ao
entendimento da noção de verossimilhança para, enfim, procedermos
ao objetivo deste estudo.
Partimos da definição de verossimilhança dada pelo dicionário Silveira
Bueno:
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VEROSSIMILHANÇA, s. f. Qualidade do que é verossímil;
verdade; coerência. (BUENO, 2007, p. 795)
E do termo verossímil:
VEROSSÍMIL, adj. Semelhante à verdade; que tem
aparência de verdadeiro. (BUENO, 2007, p. 795)
Assim, de acordo com o Dicionário de Termos Literários de Massaud
Moisés:
VEROSSIMILHANÇA – Lat. veri, verdade, similis,
semelhante à. (MOISÉS, 1988, p. 465)
No livro “O Demônio da Teoria: Literatura e senso comum”, Antoine
Compagnon aborda o conceito de verossimilhança a partir da relação
entre literatura e realidade, entendendo o mundo como o sujeito
e a matéria da obra. A indicação do subtítulo “O Mundo” [Capítulo III
do livro citado], se refere à representação. Mas não se trata mais de
uma representação da realidade, afinal a própria realidade é dada pelos
argumentos/pressupostos apresentados na narração:
No cinema, trata-se da verdade do filme. Por entender tratar-
se da verdade interna, costumamos dizer: "acreditamos
que o super-homem voa". Porque essa é a premissa estabelecida,
habilmente construída pela narrativa em questão.
Sim, a obra precisa assemelhar-se à vida, mas dentro da
lógica e coerência construídas pela narrativa. Se fosse apenas
"semelhança"com a vida, o super-homem não poderia
voar. (CASTRO, 2005, p. 4)
Quando o crítico Rodolfo Lima afirma: “Retratados sem maniqueísmos
os familiares de Alice, não são meros simulacros. São verossímeis
e se não residem dentro da nossa casa, estão ao lado, no parente distante.”,
este aponta para a possível fragilidade do simulacro, por implicar
sempre uma perversão, um desvio da realidade. O simulacro não
é a cópia degradada, como afirma Deleuze (1974), pois nega o original
e a cópia, o modelo e a representação, logo não objetiva a semelhança.
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Já a verossimilhança captura toda a possibilidade de persuadir, de
convencer de que o que está sendo mostrado é real. Ao assistir o filme é
possível perceber que os personagens não representam pessoas específicas,
fogem à cópia, mas a narrativa traz a coerência interna ao texto,
tanto personagens quanto enredo são plausíveis.
O verossímil, como insistirão os teóricos, não é pois, aquilo
que pode ocorrer na ordem do possível, mas o que é aceitável
pela opinião comum, o que é endoxal e não paradoxal, o
que corresponde ao código e às normas do consenso social.(COMPAGNON, 2001, p. 107)
Não se trata mais da verdade do filme, e sim de uma verdade real,
passível de acontecer. Aqueles personagens retratam uma realidade
possível, podiam estar dentro da nossa casa, ao lado ou até ser a representação
de uma parente distante, como o próprio crítico afirma.
O drama narrado em “A casa de Alice” parece-nos remeter a uma
outra Alice, a de Lewis Carroll, em “Alice no país das maravilhas”,
pois a personagem central do filme também mergulha em um mundo de
fantasias para fugir da sua cruel realidade – a infidelidade do marido,
crise no casamento, a indiferença dos filhos, a impotência frente aos
problemas da mãe. Ela mente e passa a estabelecer novos sentidos às
experiências que vive.
A Alice do país das maravilhas é a personificação do simulacro,
porque o habita. Deleuze (1974) explica esta relação no momento em
que afirma ser a obra um completo nonsense, não segue uma lógica normal,
é a desordem cronológica. Essa desordem é notória nas variações
de tamanho da personagem do livro:
Quando digo “Alice cresce”, quero dizer que ela se torna
maior do que era. Mas por isso mesmo ela também se torna
menor do que é agora. Sem dúvida, não é o mesmo tempo
que ela é maior e menor. Mas é ao mesmo tempo que ela
se torna um e outro. Ela é maior agora e era menor antes.
Mas é ao mesmo tempo, no mesmo lance, que nos tornamos
maiores do que éramos e que nos fazemos menores do que
nos tornamos.
Tal é a simultaneidade de um devir cuja propriedade
é furtar-se ao presente. Na medida em que se furta
ao presente, o devir não suporta a separação nem a distinção
do antes e do depois, do passado e do futuro. Pertence à essência
do devir avançar, puxar nos dois sentidos ao mesmo
tempo: Alice não cresce sem ficar menor e inversamente.
O bom senso é a afirmação de que, em todas as coisas, há
um sentido determinável; mas o paradoxo é a afirmação dos
dois sentidos ao mesmo tempo. (DELEUZE, 2007, p. 01)
Ao discutir a vida cotidiana de uma família suburbana de São Paulo,
Chico Teixeira envolve-nos numa trama de sentidos e emoções. Estes,
distante do simulacro “Alice no país das maravilhas”, nos traz uma possível
realidade, afinal:
O estar diante dos fatos é uma ilusão em dois sentidos: nem
o cineasta pode garantir que apreendeu no filme a realidade,
uma vez que são sempre possíveis outros enquadramentos;
muito menos o filme deve pretender ser a realidade, pois se
trata, em qualquer hipótese, de uma representação. Há, em
toda narrativa, constantes e fundamentais escolhas estéticas
e ideológicas, mesmo que implícitas, mesmo que remotas.
[...] O cinema será entendido como realista se apreender
e narrar bem, com verossimilhança, parte significativa do
drama humano. (CASTRO, 2005, p. 5)
Desta discussão do simulacro e verossimilhança, podemos afirmar
que a verossimilhança é a própria verdade da narrativa, sua verdade
interna, é a coerência à proposta do filme, a audácia e a perspicácia em
demonstrar os dramas humanos. Trata-se da realidade dos personagens,
uma espera da semelhança com o mundo.
Franciele Paes Pimentel
Referências
ADORNO, Theodor. (2003) “Ensaio como forma.” In: Notas de literatura
I. Trad. Jorge de Almeida. São Paulo: Editora 34.
BUENO, Silveira. (2007) Minidicionário da língua portuguesa. 2.
Ed. São Paulo: FTD.
www.bocc.ubi.pt
As “Alices” que me movem 9
CARROLL, Lewis. (2002) Alice no país das maravilhas. Trad. Clélia
Regina Ramos. Petrópolis, RJ: Editorial Arara Azul. Versão digital
disponível em: www.ebooksbrasil.org/eLibris/alice
p.html.
CASTRO, Guilherme. (2005) Documentário, realidade e ficção. Revista
AV-Audio Visual. São Leopoldo do Sul – RS: Unisinos, v. 3,
no 5, jan-jun.
COMPAGNON, Antoine. (2001) O Demônio da Teoria: Literatura e
senso comum. Trad. Cleonice Paes Barreto Mourão, Consuelo
Fortes Santiago. Belo Horizonte: Ed. UFMG.
DELEUZE, Gilles. (1974) “Platão e o Simulacro.” In: Lógica do sentido.
Trad. Luiz Roberto Salinas. São Paulo: Perspectiva.
HOISEL, Evelina. (2008) O leitor astucioso. In: NASCIMENTO,
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São Paulo: Anablume; Juiz de Fora: Luiz de Fora: PPG – Letras
Estudos Literários, UFJF, p. 63-74.
MOISÉS, Massaud. (1988) Dicionário de termos literários. 5a ed.
Editora Cultrix: São Paulo.
PLATÃO. (1900) A República. Lisboa: Fundação Colouste Gulbenkian.
Li-Sol-30
Fontes:
www.bocc.ubi.pt
http://escola-de-filosofia.webnode.com