sexta-feira, 16 de agosto de 2013

SOREN KIERKEGAARD - MOZART PIANO


 
Lang Lang plays Mozart Sonata in B flat Major, K.333, 3rd Movement.



Søren Kierkegaard

Søren Aabye Kierkegaard
Estátua de Kierkegaard em Copenhague
Nascimento 5 de maio de 1813
Copenhague, Dinamarca
Morte 11 de novembro de 1855 (42 anos)
Copenhague, Dinamarca
Nacionalidade  Dinamarca
Ocupação filósofo e teólogo
Influências
Influenciados
Escola/tradição Existencialismo
Assinatura Kierkegaard
Søren Aabye Kierkegaard (Copenhague, 5 de Maio de 1813 — Copenhague, 11 de Novembro de 1855) foi um filósofo e teólogo dinamarquês. Kierkegaard criticava fortemente quer o hegelianismo do seu tempo quer o que ele via como as formalidades vazias da Igreja da Dinamarca. Grande parte da sua obra versa sobre as questões de como cada pessoa deve viver, focando sobre a prioridade da realidade humana concreta em relação ao pensamento abstracto, dando ênfase à importância da escolha e compromisso pessoal.1 A sua obra teológica incide sobre a ética cristã e as instituições da Igreja.2 A sua obra na vertente psicológica explora as emoções e sentimentos dos indivíduos quando confrontados com as escolhas que a vida oferece.3 Como parte do seu método filosófico, inspirado por Sócrates e pelos diálogos socráticos, a obra inicial de Kierkegaard foi escrita sob vários pseudónimos que apresentam cada um deles os seus pontos de vista distintivos e que interagem uns com os outros em complexos diálogos.4 Ele atribui pseudônimos para explorar pontos de vista particulares em profundidade, que em alguns casos chegam a ocupar vários livros, e Kierkegaard, ou outro pseudónimo, critica essas posições. A tarefa da descoberta do significado das suas obras é pois deixada ao leitor, porque "a tarefa deve ser tornada difícil, visto que apenas a dificuldade inspira os nobres de espírito"5 Subsequentemente, os académicos têm interpretado Kierkegaard de maneiras variadas, entre outras como existencialista, neo-ortodoxo, pós-modernista, humanista e individualista. Cruzando as fronteiras da filosofia, teologia, psicologia e literatura, tornou-se uma figura de grande influência para o pensamento contemporâneo.6 7 8 Está sepultado no Cemitério Assistens.

Introdução

Retrato de Kierkegaard em 1840
Filosoficamente, fez a ponte entre a filosofia hegeliana e aquilo que se tornaria no existencialismo. Kierkegaard rejeitou a filosofia hegeliana do seu tempo e aquilo que ele viu como o formalismo vácuo da igreja luterana dinamarquesa. Muitas das suas obras lidam com problemas religiosos tais como a natureza da fé, a instituição da fé cristã, e ética cristã e teologia. Por causa disto, a obra de Kierkegaard é, algumas vezes, caracterizada como existencialismo cristão, em oposição ao existencialismo de Jean-Paul Sartre ou ao proto-existencialismo de Friedrich Nietzsche, ambos derivados de uma forte base ateística.

A obra de Kierkegaard é de difícil interpretação, uma vez que ele escreveu a maioria das suas obras sob vários pseudónimos, e muitas vezes esses pseudo-autores comentam os trabalhos de pseudo-autores anteriores.
Kierkegaard é um dos poucos autores cuja vida exerceu profunda influência no desenvolvimento da obra. As inquietações e angústias que o acompanharam estão expressas em seus textos, incluindo a relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo — herança de um pai extremamente religioso, que cultivava de maneira exacerbada os rígidos princípios do protestantismo dinamarquês, religião de Estado.

Vida

Anos iniciais (1813–1836)

Søren Kierkegaard nasceu numa família rica de Copenhagen. A sua mãe, Ane Sørensdatter Lund Kierkegaard, tinha servido como criada na casa da família antes de se casar com o pai, Michael Pedersen Kierkegaard. Ela era uma figura modesta, serena, simples e não formalmente educada. Ela não é referida directamente nos livros de Kierkegaard, apesar de ter afectado os seus escritos mais tardios. O seu pai era homem melancólico, ansioso, altamente devoto e muito inteligente,9 que lia a filosofia de Christian Wolff.10

Com base numa interpretação, biográfica de passagens incluídas em diários não publicados, especialmente um rascunho de uma história denominada "o grande terremoto", que refere, em 19 de maio de 1838, uma experiência espiritual,11 alguns primeiros académicos que se debruçaram sobre Kierkeggard argumentaram que Michael acreditava ter recebido a ira de Deus e que nenhum dos seus filhos iria sobreviver mais que ele próprio. Pensa-se que acreditava que os seus pecados pessoais, como amaldiçoar o nome de Deus durante a sua juventude ou ter engravidado a mãe de Kierkegaard antes do casamento, eram merecedores do castigo que Deus lhe tinha dado. Apesar de cinco dos seus sete filhos terem morrido durante a sua vida, Søren e o seu irmão Peter Christian Kierkegaard, presenciaram a morte do pai.9 Peter, sete anos mais velho que Søren, mais tarde viria a tornar-se bispo na cidade de Aalborg.9

Esta introdução inicial à noção de pecado e as suas relações com pai e filho, são referidas por biógrafos iniciais como tendo criado os alicerces de muita da obra de Kierkegaard12 Não obstante a ocasional melancolia religiosa do seu pai, Kierkegaard e o pai partilhavam uma relação próxima. É referido que Kierkegaard terá aprendido a explorar o reino da sua imaginação através de uma série de exercícios e jogos que ambos praticavam juntos, apesar de este particular aspecto da sua relação apenas ter sido descrito por um dos seus pseudónimos, num rascunho de um livro publicado após sua morte, intituladoJohannes Climacus, or de omnibus dubitandum est.13

Kierkegaard frequentou a "Escola de Virtude Cívica", onde estudou latim e história, entre outras temáticas. Em 1830, foi estudar teologia para a Universidade de Copenhaga, mas enquanto estudava derivou a sua atenção mais para a filosofia e literatura.14

A mãe de Kierkegaard morreu no dia 31 de Julho de 1834, com 66 anos de idade. Uma das primeiras descrições físicas de Kierkegaard provém de Hans Brøchner, convidado para a festa de casamento do irmão Peter, em 1836: "A sua aparência pareceu-me quase cómica. Ele tinha então 23 anos de idade; tinha algo de muito irregular na sua forma e uma estranho penteado. O seu cabelo elevava-se quase seis polegadas acima da testa numa crista desgrenhada, dando-lhe uma aparência estranha e desnorteada."15

Regine Olsen e graduação (1837–1841)

Um importante aspecto da vida de Kierkegaard, geralmente considerado como uma grande influência no seu trabalho, foi o rompimento do seu noivado com Regine Olsen (1822–1904). Kiekegaard e Olsen conheceram-se a 8 de Maio de 1837, mostrando logo uma atracção mútua. Nos seus diários, Kierkegaard escreveu sobre o seu amor para com ela:
Vós, soberana do meu coração, guardada na profundeza secreta do meu peito, na plenitude do meu pensamento, ali [...] divindade desconhecida! Ó, posso eu realmente acreditar nas palavras dos poetas, que quando se vê pela primeira vez o objecto do seu amor, imagina já tê-la visto há muito tempo, que todo o amor assim como todo o conhecimento é lembrança, que o amor tem também as suas profecias dentro do indivíduo.
Kierkegaard, [16 16 ] (em inglês)
Thou sovereign of my heart treasured in the deepest fastness of my chest, in the fullness of my thought, there [...] unknown divinity! Oh, can I really believe the poet's tales, that when one first sees the object of one's love, one imagines one has seen her long ago, that all love like all knowledge is remembrance, that love too has its prophecies in the individual.
O pai de Kiekegaard faleceu a 9 de Agosto de 1838, com 82 anos de idade. Antes da sua morte, terá dito a Søren para acabar os seus estudos em teologia. Søren era profundamente influenciado pela experiência religiosa de seu pai e queria cumprir o seu desejo. A 11 de Agosto de 1838, Kiekegaard escreveu:
O meu pai faleceu na quarta-feira.17 Tinha muito desejado que ele tivesse vivido mais alguns anos, e vejo a sua morte como um último sacrifício que fez pelo seu amor para comigo; [...] morreu por mim de maneira a que, se possível, eu me pudesse tornar em qualquer coisa. De tudo o que herdei dele, as minhas lembranças dele, a sua figura transfigurada [...] é a mais querida para mim, e eu serei cuidadoso para preservar [a sua memória] escondida do mundo.
Kierkegaard, [18 18 ] (em inglês)
My father died on Wednesday. I had so very much wished that he might live a few years longer, and I look upon his death as the last sacrifice which he made to his love for me; [...] he died for me in order that, if possible, I might still turn into something. Of all that I have inherited from him, the recollection of him, his transfigured portrait [...] is dearest to me, and I will be careful to preserve [his memory] safely hidden from the world.
Em 8 de Setembro de 1840, Kiekegaard formalizou o pedido de noivado a Olsen. No entanto, Kierkegaard logo se sentiu desiludido com as perspectivas de se casar. Quebrou o noivado a 11 de Agosto de 1841, apesar de se acreditar que havia um amor profundo entre eles. Nos seus Diários, Kierkegaard menciona a sua crença que a sua "melancolia" o tornava impróprio para o casamento, mas o motivo exacto para o rompimento do noivado permanece pouco claro.9 19

Ainda em 1841, Kiekegaard escreveu e defendeu a sua dissertação O conceito de ironia, com referência continua a Sócrates, que foi considerada pelo painel universitário como um trabalho digno de registo e bem estruturado, mas demasiado informal para uma tese académica séria.20 Kierkegaard graduou-se na universidade a 20 de Outubro de 1841 com um Magister Artium, que nos nossos dias designaria um Philosophiæ Doctor (Ph.D.). Com a herança da sua família, no valor de 31 mil rigsdaler (moeda dinamarquesa na altura), Kierkegaard pôde custear a sua educação, a sua vida e várias publicações das suas primeiras obras.21

Primeira fase como autor e o caso Corsair (1841–1846)

Apesar de Kierkegaard, na sua juventude e nos tempos universitários, ter escrito vários artigos sobre política, a mulher, e entretenimento, muitos académicos, como Alastair Hannay e Edward Mooney, acreditam que a sua primeira obra digna de nota é a sua tese universitária O conceito de ironia, com referência continua a Sócrates, apresentado em 1841, ou a obra prima e presumivelmente maior trabalho, Enten - Eller, publicado em 1843.19 22 Ambas as obras, que focaram grandes figuras do pensamento ocidental, Sócrates na primeira e menos directamente Hegel e Friedrich von Schlegel na segunda, mostraram o estilo de escrita único de Kierkegaard. Enten - Eller foi escrito quase na sua totalidade durante a estadia de Kierkegaard em Berlim, tendo sido completado no Outono de 1842.22 Kierkegaard terminou Enten - Eller com as palavras "...apenas a verdade que é construída é verdade para ti."23 Enten - Eller foi publicado a 20 de Feverero de 1843. Posteriormente foram publicados Dois Discursos Edificantes (1843) e Três Discursos Edificantes (1843). Estes discursos foram publicados sob seu próprio nome em vez de um pseudónimo. Kierkegaard continuou a publicar discursos, escritos sob um ponto de vista cristão, até ter completado a obra O Conceito de Angústia. Os discursos foram discutidos em relação a Enten - Eller na obra Ponto de Vista Explicativo da Minha Obra de Escritor e nas entradas do seu Diário.

No mesmo ano em que Enten - Eller foi publicado, Kiekegaard soube que Regine Olsen se encontrava para se casar com Johan Frederik Schlegel (1817–1896), um funcionário público. Esse facto afectou Kierkegaard e os seus escritos subsequentes de modo profundo. Em Temor e Tremor, um discurso sobre a natureza da fé publicado no fim de 1843, pode ser interpretada uma passagem da obra como dizendo "Kierkegaard espera que através que um acto divino, Regine possa voltar para si".24 Em A Repetição, publicado no mesmo dia que Temor e Tremor, é uma exploração do amor, da experiência religiosa e da linguagem, reflectida numa série de histórias sobre um jovem que deixa a sua amada. Várias outras obras neste período fazem insinuações sobre a relação entre Kierkegaard e Olsen24 Após ter completado A Repetição ele escreveu Quatro Discursos edificantes (1843), Dois Discursos Edificantes (1844) e Três Discursos Edificantes (1844).

Interpretações

Por Ernest Gellner Ernest Gellner menciona no seu livro de 1992, Pós-modernismo, Razão e Religião, Kierkegaard para ilustrar o fundamentalismo religioso. Segundo Gellner, Kierkegaard está associado à ideia de que a religião é, no seu fundamental, não uma persuasão da verdade de uma doutrina, mas sim a dedicação a uma posição que é inerentemente absurda, ou que dá "ofensa", o termo usado por Kierkegaard. Para Kierkegaard, nós obtemos a nossa identidade ao acreditar em algo que ofenda profundamente a nossa mente, o que não é uma tarefa fácil. Para existir, teríamos de acreditar e acreditar em algo que seja ominosamente difícil de acreditar. Esta é a essência do processo existencialista em Kierkegaard, que associa a com a identidade.
Por Theodor Adorno
A tese doutoral de Theodor Adorno fora sobre Kierkegaard com a temática A construção do estético.

Obras selecionadas


Capa de Migalhas Filosóficas (1844), escrito sob o pseudônimo Johannes Clímacus

O Conceito de Angústia

Begrebet Angest (O Conceito de Ansiedade) é uma obra filosófica escrita por Søren Kierkegaard em 1844.

Para Kierkegaard (escrevendo através de um pseudónimo, Vigilius Haufniensis), a ansiedade/angústia é um medo fora de foco, disperso. Kierkegaard usa o exemplo de um homem na beira de um precipício. Quando o homem olha para baixo, ele experimenta um medo focado de cair, mas ao mesmo tempo, o homem sente um grande impulso de se atirar intencionalmente para o precipício. Essa experiência de dupla sensação é a ansiedade devido à nossa completa liberdade para escolher saltar ou não saltar. O mero facto de alguém ter a possibilidade e liberdade de fazer algo, mesmo as mais aterrorizantes possibilidades, despoleta um imenso sentimento de angústia. Kierkegaard denomina isto de "vertigem de liberdade".
Kierkegaard focaliza sobre a primeira ansiedade experimentada pelo ser humano: a escolha de Adão em comer da árvore do conhecimento, proibido por Deus. Pelo facto de os conceitos de bem e de mal não existirem antes de Adão comer o fruto da árvore, considerado o pecado original, Adão não possuía estes dois conceitos, não sabendo que ao comer do fruto da árvore era considerado um "mal".

O que ele sabia era que Deus lhe tinha dito para não comer da árvore. A angústia vem do facto de a própria proibição por parte de Deus implicar que Adão era livre e que poderia escolher obedecer ou desobedecer a Deus. Depois de Adão ter comido da árvore, o pecado nascera. Então, segundo Kierkgaard, a angústia precede o pecado e foi a angústia que levou Adão a pecar.

No entanto, Kierkgaard menciona que a angústia é um modo da humanidade ganhar salvação. A angústia informa-nos das nossas possibilidades de escolha, do nosso autoconhecimento e responsabilidade pessoal, levando-nos de um estado de imediatismo não-autoconsciente a uma reflexão autoconsciente. Um indivíduo torna-se verdadeiramente consciente do seu potencial através da experiência de ansiedade/angústia. Assim, a angústia pode ser uma oportunidade para o pecado mas pode também ser o caminho para o reconhecimento ou realização da identidade e liberdades de cada um.

Migalhas Filosóficas

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Migalhas Filosóficas (Dinamarquês: Philosophiske Smuler eller En Smule Philosophi) é uma obra do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Foi publicada em 1844. Foi a primeira de três obras atribuídas ao pseudónimo Johannes Climacus.

O livro aborda a questão de como o conhecimento pode ser apreendido. Johannes Climacus discute sobre como a teoria socrática da reminiscência e da divindade cristã pode informar aquele que aprende da verdade. Ao mesmo tempo, é um importante texto inicial sobre filosofia existencialista. Como muitas das obras de Kierkegaard, não foi traduzida para outras línguas, como o alemão e inglês, até várias décadas após a morte do filósofo, mas a partir daí tornou-se numa obra proeminente no campo da filosofia.

O Desespero Humano

O Desespero Humano (Sygdommen til Døden em dinamarquês, literalmente "A Doença até à Morte") é um livro escrito pelo filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard em 1849 sob o pseudônimo Anti-Climacus. Trata o conceito de desespero de Kierkegaard, equiparado ao conceito cristão de pecado. Muitos dos termos utilizados nesta obra mostram um conexão inegável com os conceitos utilizados mais tarde por Freud.


Kierkegaard, o autor do livro

Resenha

A obra é dívidida em cinco livros, cada um dividido em diferente número de capítulos, e cada capítulo, por sua vez, dividido em diferente número de aforemas, que, em muitas ocorrências, ainda são subdivididos em "a" e "b". Sören Kierkegaard, em sua obra mais importante, O Desespero Humano, trata da questão do desespero como o único mal para o qual não há cura. A morte, encarada pelo senso comum, como o pior dos males, segundo ele, não é um mal menor do que o desespero, pois a própria morte já foi vencida por Jesus ao ressuscitar Lázaro ou quando ele próprio ressuscitou. Porque o desespero é algo assim tão terrível? É o que Kierkegaard tenta demonstrar na sua obra.
Para ele, somos indivíduos únicos, filhos de nossa época e que vivemos apenas uma vez. A importância do indivíduo em si é muito maior do que o Universo como um todo. Kierkegaard se contrapõe ao panteísmo hegelianom dando muito mais valor à minuciosa observação dos mínimos detalhes do que ao “todo”.

Assim, ele é considerado o pai do existencialismo, pois, segundo ele, mais importante do que a busca por uma verdade única que explique todo o universo, é a busca de verdades que sirvam para cada pessoa individualmente e se adaptem às escolhas que cada um fez para sua vida e a forma como essas pessoas montaram o seu "eu". Consequentemente, a pedra fundamental de sua obra era a existência de cada um. Somente quando realizamos uma escolha estamos realizando a nossa existência. Kierkegaard tinha plena consciência de que viveríamos apenas por determinado tempo e apenas desta vez, por tanto não dá para perdermos tempo com questões que não influenciem em nossa existência, mas sim, agir.

No prefácio do livro, Kierkegaard, escreve: “(...) quero acentuar por uma vez qual a acepção que tem a palavra desespero em todas as páginas que se seguem. Conforme o título indica, ele é doença e não o remédio. É essa a sua dialética.” Ou seja, para ele, não há mal pior para o homem do que o desespero. O desespero é um mal maior do que a morte. Como Kierkegaard já havia escrito, Lázaro ressuscitou. Mas não é pela ressurreição de Lázaro que a morte não é uma doença mortal, e, sim, por Jesus existir: “Não, não é por causa da ressurreição de Lázaro que essa doença não é mortal, mas por Ele existir, por Ele. Porque na linguagem humana a morte é o fim de tudo, e, como se costuma dizer, enquanto há vidaesperança. No entanto para o cristão, a morte de modo algum é o fim de tudo, e nem sequer um simples episódio perdido na realidade única que é a vida eterna. A morte implica para nós mais esperança do que a vida comporta, até mesmo quando a saúde e a força transbordam”. A morte vista pelo senso comum como o pior dos males não é nada para os verdadeiros cristãos. Nem os demais sofrimentos são nada, tais como desgostos, doenças, misérias, aflição, adversidades, torturas do corpo ou da alma, mágoas e luto. “Nada é doença mortal aos olhos do cristão”.

Porém, logo após, Kierkegaard escreve: “Em compensação, o cristianismo descobriu uma miséria cuja existência o homem, como homem, ignora: a doença mortal é essa miséria”. Mas o que é essa doença mortal? O título do primeiro capítulo é esclarecedor: DOENÇA MORTAL É O DESESPERO.

No preâmbulo, o nosso filósofo ainda faz uma distinção de suma importância acerca das diferenças entre o cristão o homem natural: “Pode-se enumerar à vontade tudo o que é horrível ao homem natural – e tudo esgotar, o cristão ri-se da soma. A diferença entre o homem natural e o cristão é semelhante à da criança e do adulto. Nada é para o adulto o que faz tremer a criança. A criança ignora o que seja o horrível. O homem sabe e treme. A deficiência da infância está, primeiramente, em não conhecer o horrível, e em seguida, devido à sua ignorância em tremer pelo que não é para fazer tremer. Igualmente o homem natural. Ele ignora onde verdadeiramente jaz o horror, o que, todavia não o livra de tremer. No entanto, é do que não é horrível que ele treme (...)”. Kierkegaard não era nem um pouco relativista em relação à religião, como podemos notar pelo parágrafo acima. Ele compara alguém que não é cristão a uma criança e o cristão a um homem adulto.

Não há salvação fora do cristianismo, segundo Kierkegaard, embora não podemos acusá-lo de anacronismo, ele é um filósofo posterior aos iluministas e, portanto, poderia ter uma visão mais relativista. Embora ser cristão é, para Kierkegaard, condição imprescindível para superar a morte, também acarreta outro contratempo. “O único que conhece a doença mortal é o cristão. Porque o cristianismo lhe dá uma coragem ignorada pelo homem natural – coragem recebida com o receio dum maior grau de horrível. Verdade é que a coragem de todos é dada e que o receio dum maior perigo nos dá forças para afrontar um menor. E, finalmente, que o infinito temor dum único perigo torna inexistentes todos os outros. Não obstante, a lição horrível do cristão está em ter aprendido a conhecer a doença mortal”.

Conhecendo a “doença mortal”, o cristão pode distinguir entre as duas formas de desespero, “daí provem que haja duas formas de verdadeiro desespero. Se o nosso eu tivesse sido estabelecido por nós mesmos, querermo-nos desembaraçar do nosso eu, e não poderia existir esta outra: a vontade desesperada de sermos nós mesmos”. É possível constatar, após a leitura desse trecho, que Kierkegaard acreditava que nosso eu fora estabelecido por Deus, que “criou” a nossa maneira de ser, por isso que não seria possível querermos ser nós mesmos se fôssemos nós próprios que tivéssemos nos criado, por que essa relação já teria ocorrido logo quando inventássemos nossa essência. Para Kierkegaard a única forma de superarmos o desespero é entrar em contato com quem criou a nossa essência, o que só poderia ser possível para o cristão, que é o único tipo de homem que conhece o “verdadeiro” criador. “Essa é fórmula que descreve o estado do eu, quando deste se extirpa completamente o desespero: Orientando-se para si mesmo, querendo ser ele mesmo, o eu mergulha, através da sua própria transparência até o poder que o criou.”

Kierkegaard foi um dos pensadores mais influentes do séc. XIX e um dos precursores da filosofia existencialista, além de um neo-ortodoxo da teologia protestante. Na maioria das vezes a obra de Kierkegaard é mal compreendida. O tema central da filosofia kierkegaardiana é a questão da liberdade humana e o seu entendimento a respeito da natureza do ser humano e da sua autodeterminação. É errônea a idéia de interpretar Kierkegaard apenas do ponto de vista de que seus escritos somente refletem a sua melancolia, pois esse filósofo é muito mais do que um escritor melancólico. Kierkegaard analisa a liberdade humana a partir da angústia e do desespero que fazem parte da vida do homem cristão. É a partir daí que ele pode realizar suas escolhas. O desespero e angústia, nas obras de Kierkegaard, tem uma estrutura complexa e estão estreitamente ligados um ao outro, porém essa ligação pode ser um tanto difícil, já que a sua obra é densa e sujeita a problemas de interpretação e significado. Tanto a angústia quanto o desespero são, para Kierkegaard, uma síntese entre o finito e o infinito, entre o temporal e o eterno.

É impossível tratar da análise do conceito kierkegaardiano do desespero sem adentrar, também, no conceito de angústia do mesmo autor, pois ambos estão intrinsecamente relacionados. As suas duas principais obras, sobre o desespero e sobre a angústia, estão assinadas como pseudônimos, mas ambas são tão semelhantes que, ao contrário de várias outras obras suas, não parece ter sido intenção de Kierkegaard desenvolver heterônimos. Esses dois “sentimentos” são dois “estados de humores” que se baseiam na estrutura ontológica do ser humano. Para entender a liberdade e autodeterminação humana, Kierkegaard, ao contrário de muitos outros filósofos examina, não a racionalidade, e, sim, sentimentos e a própria individualidade. Kierkegaard pode ser encarado, por muitos autores, como o primeiro pós-modernista, embora tal idéia é um tanto anacrônica.

A origem do desespero kierkegaardiano está na imaginação, assim como a possibilidade de superar esse desespero através da reunião com Deus. Para Kierkegaard, o homem é feito de um duplo movimento, um em direção ao finito, caracterizado pela morte, e outro em direção ao infinito, que é a vida eterna almejada pelo cristão, único ser que pode superar a morte. Quando apenas um desses movimentos se realiza, entramos em desespero. O desespero consiste em o homem criar uma “falsa relação” consigo mesmo, desarmoniando-se de Deus. Para Kierkegaard, entre o homem e Deus há uma diferença abissal e o homem apenas pode relacionar-se com Deus através dessa diferença absoluta. O desespero inicia quando o homem se distancia de Deus, criando uma realidade imaginária, “perdendo-se no infinito”, “levando uma existência imaginária”. Quando isso ocorre, torna-se impossível ao homem relacionar-se com Deus e ele entra em desespero.

Numa época de indiferença religiosa, quando o homem não se volta mais para dentro de si, quando o homem é escravo de sua imaginação, e, conseqüentemente do desespero, a perda do eu, que, para Kierkegaard, é o pior dos castigos pode passar despercebido pela maioria das pessoas, e, a única forma de não perder o “eu”, deixando de existir, é livrar-se do desespero e reconciliar-se com a fonte desse “eu”, que é Deus.

É no contexto da crise da religião que a obra kiekergaardiana se insere. O homem do séc. XIX vê o castelo de cartas das verdades incontestáveis da religião desmoronar e isso o deixa em crise com o mundo e com a sua própria existência. A sua vida perde totalmente o sentido e ele necessita urgentemente de uma nova orientação que lhe dê sentido. Para Kierkegaard, não devemos ficar perdendo tempo com a tentativa de provar a religião através da razão. Para ele, as duas são incompatíveis. Ou Deus existe ou tudo está perdido, portanto, é necessário apegar-se com todas as forças à , que é, segundo o filósofo, a única forma de não submergir nas águas do desespero.

Kierkegaard procura contrastar o paradoxo do cristianismo com a teoria socrática da reminiscência. A sabedoria socrática, para Kierkegaard, significa que "cada ser humana é ele próprio o ponto central, e que todo o mundo se foca nele porque o conhecimento de si próprio é o conhecimento de Deus".1

 Prática do Cristianismo é uma obra do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Foi publicada em setembro de 1850 sob o pseudónimo Anti-Climacus, autor também de O Desespero Humano. Kierkegaard considerava que era o seu livro mais perfeito e verdadeiro. Nele, o filósofo explora a sua concepção do indivíduo religioso, a necessidade de imitar Cristo de modo a alguém se tornar num verdadeiro cristão, e a possiblidade da ofensa quando em face do paradoxo da encarnação. Prática do Cristianismo é normalmente considerado, a par de Julguem Vocês Mesmos! e Para um Auto-exame, como uma crítica explícita à ordem estabelecida da Cristandade e a necessidade do Cristianismo ser (re)introduzido na Cristandade.

Migalhas Filosóficas

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Migalhas Filosóficas (Dinamarquês: Philosophiske Smuler eller En Smule Philosophi) é uma obra do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Foi publicada em 1844. Foi a primeira de três obras atribuídas ao pseudónimo Johannes Climacus.

O livro aborda a questão de como o conhecimento pode ser apreendido. Johannes Climacus discute sobre como a teoria socrática da reminiscência e da divindade cristã pode informar aquele que aprende da verdade. Ao mesmo tempo, é um importante texto inicial sobre filosofia existencialista. Como muitas das obras de Kierkegaard, não foi traduzida para outras línguas, como o alemão e inglês, até várias décadas após a morte do filósofo, mas a partir daí tornou-se numa obra proeminente no campo da filosofia.

Kierkegaard procura contrastar o paradoxo do cristianismo com a teoria socrática da reminiscência. A sabedoria socrática, para Kierkegaard, significa que "cada ser humana é ele próprio o ponto central, e que todo o mundo se foca nele porque o conhecimento de si próprio é o conhecimento de Deus".1

 Frases de Soren Kierkegaard

Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.
Soren Kierkegaard
Sofrer, é só uma vez; vencer, é para a eternidade.
Soren Kierkegaard
A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais.
Soren Kierkegaard
A vida só se compreende mediante um retorno ao passado, mas só se vive para diante.
Soren Kierkegaard
Não há nada em que paire tanta sedução e maldição como num segredo.
Soren Kierkegaard
A função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquele que ora.
Soren Kierkegaard
A fé é a mais elevada paixão de todos os homens.
Soren Kierkegaard
Sem pecado, nada de sexualidade, e sem sexualidade, nada de História.
Soren Kierkegaard
O casamento feliz é e continuará a ser a viagem de descoberta mais importante que o homem jamais poderá empreender.
Soren Kierkegaard
O indivíduo, na sua angústia de não ser culpado mas de passar por sê-lo, torna-se culpado.
Soren Kierkegaard
O humorista, tal como a fera, anda sempre sozinho.
Soren Kierkegaard

Enganar-se a respeito da natureza do amor é a mais espantosa das perdas. É uma perda eterna, para a qual não existe compensação nem no tempo nem na eternidade: a privação mais horrorosa, que não é possível recuperar nem nesta vida... nem na futura!
Soren Kierkegaard
 Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se."
Soren Kierkegaard

O povo pede o poder da palavra para compensar o poder de livre pensamento a que ele foge.
Soren Kierkegaard

Têm vergonha de obedecer ao rei porque ele é rei - então, obedecem-lhe porque ele é inteligente.
Soren Kierkegaard

Acima de tudo, não perca seu desejo de prosseguir.
Soren Kierkegaard

"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente. "
Soren Kierkegaard

Ame profunda e apaixonadamente.
Você pode sair ferido, mas essa é a única maneira de viver a vida completamente.

Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.
Soren Kierkegaard (filósofo)

Não há verdade verdadeira que não seja subjetiva, isto é apropriada.
Soren Kierkegaard

O infinito temor dum único perigo torna inexistentes todos os outros
Soren Kierkegaard


quinta-feira, 19 de novembro de 2009


KIERKEGAARD: O PAI DO EXISTENCIALISMO CRISTÃO 

 


Soren Kierkegaard (1813-1855) pensador e teólogo protestante dinamarquês, teve muito sucesso na Alemanha, após o fim da Primeira Guerra Mundial, estendendo tal sucesso à toda Europa ocidental, simultâneamente  com o Existencialismo, do qual é considerado um dos mentores e pais espirituais. É considerado o pai do Existencialismo dito Cristão porque para ele somente a religião, mais precisamente o cristianismo, e não a filosofia especulativa, ou um sistema qualquer racional, pode resolver o problema do indivíduo, problema de sua existência concreta, não importando a este a verdade objetiva, racional, mas a verdade subjetiva, da fé, princípio de vida. A teoria ou o sistema para nada vale diante dos problemas existenciais, concretos, pois não impulsiona ao homem a aperfeiçoar-se na sua existência, mas somente a ser um erudito, um colecionador de conceitos improdutivos. O cristianismo, por sua vez, faz o indivíduo prevalecer, ter precedência, pois o que existe é o indivíduo, o homem, e não a abstração denominada humanidade. A realidade autêntica é então o ser humano singular que deve chegar à plenitude da existência mediante o conhecimento de Deus.

Este homem singular é livre e aberto às mais variadas possibilidades, e dessa abertura lhe sobrevem a angústia existencial pela possibilidade que tem de escolher e nas escolhas, de pecar. Devido a isso surge o desespero de se reconhecer pecador e ao mesmo tempo de não aceitar tal condição.
Para este pensador, após a Revelação Divina não é mais possível existir filosofia que prescinda da fé, ou seja, a razão deve submeter-se à fé; o homem deve conhecer-se mais que ao próprio mundo, o que leva-o a desprezar as ciências experimentais, a dizer não às teorias e escolher a ação, a praxis, pois o exisitir humano seria só o eu com sua liberdade e decisões intransferíveis, servindo-lhe muito pouco as leis e conceitos.  = Paulo Barbosa

O pensamento existencialista de Kierkegaard e o Subjetivismo da Pós-Modernidade
 
Sören Kierkegaard nasceu em Copenhagen (Dinamarca), sendo Protestante Luterano que estudou teologia, tornando-se escritor.
Sua formação rígida frisa profundamente toda a sua filosofia ligada a sua vida. A marca dele retrata-se em seu caráter sensível e angustiado, até por ter tido experiências religiosas um tanto traumáticas que o marcaram em toda sua existência.
Outro dado interessante é que seu pensamento, de certa forma, foi subestimado na época.
Ao estudar e ler seus escritos parecem interessante alguns dados, já que foi um autor que viveu no século XIX em plena ascensão e auge do iluminismo, que endeusava a razão como guia de tudo. Olhando o mundo de então que se envolveu de corpo e alma na finitude e imanência histórica, sua crítica é salutar ao homem pós-moderno.
Sua filosofia conhecida como existencialismo é muito pertinente para nossos dias, pois, nela aborda “Uma preocupação de todos os homens que buscam com avidez um encontro sincero com a verdade que brota do íntimo da subjetividade ferida”(SIDEKUM, Antonio – Ética e Alteridade- A subjetividade ferida – Ed.Unisinos – FOCUS – 2002 – p.88).
Os temas focados por Kierkegaard como “seriedade”, “angústia”, e “tragicidade”, são muito atuais, pois, perpassam toda a cultura contemporânea, exatamente por ela endeusar a razão humana e pela ausência de valores objetivos na construção de um futuro com “sentido”. Esse não é possível encontrar enquanto estivermos fechados sobre nós mesmos, como também afundados na lama do “eu” absolutizado. 

Tal postura mostra-nos a impotência de respondermos às grandes perguntas que todo homem autêntico faz, ou seja, quem sou, donde vim, para onde vou e, há um futuro em que posso esperar? Ora, o nevoeiro que se interpõe entre a razão e a finitude da historia não permite delinear nenhuma resposta a não ser o desespero.
Essa é a realidade do mundo contemporâneo.
O filósofo Romano Guardini afirmava: “O conceito de verdade não suscetível de definição a partir do conteúdo de seu objeto, porém do sujeito(...) a verdade e a circunstância da situação viva do si-mesmo, da duração da entrada quando esse si-mesmo, se posiciona ao encontro de um cruzar de alguma coisa cognoscente”(apud- in Sidekum, Antonio – ibidem p.90).
Guardini mostra-nos que a verdade tem seu fundamento e justificativa no próprio sujeito, embora rumo ao Transcendente, pois, o encerrar-se na temporalidade é um suicídio por não ter uma saída digna para a realização do próprio sujeito que não possui fim em si mesmo.
A VISÃO CRÍSTICA EM KIERKEGAARD, 
VERGOTE E GUARDINI NOS APONTAM UMA SAÍDA
 PARA O DESESPERO E O SEM-SENTIDO.

A visão iluminista relativa ao sujeito encerrado sobre si-mesmo, jamais irá encontrar a autêntica resposta para o “Sentido e a Verdade”. 

Vergote, ao abordar a ética em Kierkegaard, focaliza e aprofunda a problemática do sentido, assim como Guardini e o próprio Kierkegaard. Vergote é um pensador que visualiza a necessidade de passar do sujeito para ascender à Transcendência e frisa que o traço fundamental é viver a “Verdade”, que jamais se encontra fechada sobre o sujeito, mas induz o mesmo a abrir-se para algo mais consistente que ultrapassa o factível. 

Nesse aspecto focaliza o “modelo crístico” ou “do ser da verdade”.
Kierkegaard é realista ao analisar a si mesmo e afirma: “A “Verdade” deve ser uma verdade vivida até suas últimas consequências(...) quanto mais cresce a massa de nossos argumentos abstratos em favor de uma tese, tanto mais vemos a verdade para nós existencialmente e, assim, a fé, é que tem o mínimo de certeza objetiva”(ibidem). 

Por outro lado, diz: “Nenhuma escolha se faz sem angústia. Eu sou aquilo que escolho ser.” É este o significado fundamental do existencialista: “A existência precede a essência”. Curiosamente afimara: “O eu deve absolutamente escolher e escolher-se segundo o que há nele de infinito e absoluto.
Por isso não há existência senão aquela que está diante de Deus, ou seja, que religa ao Transcendente e ao absoluto. Este absoluto é Cristo, o Homem-Deus.” (ibidem-p.92). 

Faz sentido quando diz: “O contato com esse Transcendente nos faz ao mesmo tempo tocar e viver nosso próprio absoluto. Esse é o mistério do “diante de Deus”, diante de Cristo”.
O homem contemporâneo enrolado nas malhas do subjetivismo precisa desconfiar que se encontra numa “torre de babel” da existência. Prova disso foi o resultado concreto das ideologias que buscaram emancipar-se do Criador, absolutizadas no século XX que ceifou milhões de vidas sem ter a devida clareza do porquê de toda a carnificina voltada para questões imanentes, de luta de poder uns sobre outros cujo resultado continua a respingar na cultura atual, deixando milhões de pessoas desarticuladas da razão do sentido último do seu viver.

Assim aparecem a angústia, depressão, melancolia, frustração, desespero, doenças sem diagnóstico aparente. Kierkegaard, ao se referir a Deus, diz: “Nem objeto, nem conceito, nem coisa, Deus é para mim uma Pessoa e um Sujeito, Alguém, um Tu em face de mim. Pode ser transposto pelo amor”, não por um conceito abstrato, mas por essa escolha que é amor(...) na relação autêntica com o outro e com o Outro, Deus, a Transcendência que é a aproximação, o intervalo que é contato, a dualidade que é unidade e a unidade é distinção”(ibidem-p.93). 
 

A cultura contemporânea parece ter a resposta para tudo. Chamo isso de reducionismo ingênuo e imaturidade intelectual.
A grandeza é quando somos verdadeiramente “humanos”, assim como Cristo o foi tão humano, exceto no pecado, que é o foco que podemos ver o “Divino no Homem-Deus em Jesus de Nazaré”.
Ele é a “VERDADE”.
Pense e reflita!
 Fontes:
  MusicClassical1·221 vídeos
WIKIPÉDIA 
Enviado em 18/02/2010-Licença padrão do YouTube
 http://www.gramadosite.com.br/economiaenegocios/artigos/padreari/id:111461
 http://civilizacaoeambiente.blogspot.com.br/2009/11/kierkegaard-o-pai-do-existencialismo.html

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