sexta-feira, 22 de abril de 2011

HENRI BERGSON - PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA, 1927


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Filósofo francês, Henri Bergson nasceu em Paris, a 18 de outubro de 1859 e morreu na mesma cidade a 4 de janeiro de 1941. Filho de pais judeus de origem polonesa, apesar de sua excepcional aptidão para as ciências, optou pela filosofia. Ensinou em Angers e, depois, em Clermont, até 1888. Retornando a Paris em 1889, ensinou no Liceu Henri 4º, na École Normale Supérieure e no Collège de France.

Bergson é um marco na filosofia moderna: substituindo pela visão biológica a visão materializante da ciência e da metafísica, ele representa o fim da era cartesiana. Exprime, em nível filosófico, um novo paradigma baseado na consciência, adquirido pela cultura de seu tempo, das conexões entre a vida orgânica e a vida social e psíquica.
Chamando a sua metafísica de "positiva", ]
ele dá a essa palavra um significado tão original 
quanto o que atribui ao "dado imediato".

Sua originalidade reside, fundamentalmente, no tipo de ruptura que ele introduz no racionalismo do século 17. Enquanto outros oporiam ao racionalismo a subjetividade ou a história, Bergson tem uma visão nova (que também o distancia de Hegel) da dialética e da existência.

Quatro idéias fundamentais

Bergson constrói a sua filosofia sobre quatro idéias fundamentais: a "intuição", a "durée", a "memória" e o "élan vital". Para ele, a filosofia não só se distingue da ciência, como mantém com as coisas uma relação que é o oposto da relação científica. Uma é o conhecimento do absoluto, e outra, do relativo. Um absoluto não poderia ser dado senão numa intuição, ao passo que todo o resto depende da análise.

Bergson chama de "intuição" essa espécie de simpatia intelectual
pela qual nos transportamos ao interior de um objeto para coincidir com aquilo que ele tem de único e, por conseguinte, de inexprimível. Ao contrário, a análise é a operação que liga o objeto a elementos já conhecidos, isto é, comuns a esses objetos e a outros. Portanto, analisar consiste em exprimir uma coisa em função daquilo que não é ela.

Essa forma de conhecimento interior e absoluto contraria a tendência espontânea de nosso espírito. A inteligência, a ciência, a técnica, a vida social, etc., nos afastam das coisas e de sua interioridade, porque esta representa o ser contraído (tensão), enquanto aquelas atividades não podem organizar-se senão sobre o ser em repouso (distensão).

Para Bergson, a inteligência conceitual desloca a realidade do tempo para o espaço, suprimindo o fluxo que a constitui e fixando-lhe contornos precisos e permanentes, através dos quais ela se torna suscetível de ser "definida" e "utilizada". Nesse caso, a "durée" é materializada.

A matéria, na opinião de Bergson, 
é uma das metades da natureza, pela qual esta 
se distende e se faz conhecer fora de si mesma.
A oposição entre matéria e espírito, entre tensão e distensão, não é concebida, aqui, em termos dualistas, mas como impulsos constitutivos da mesma "durée". Para ir de um a outro, a "durée" percorre uma série de alterações qualitativas.

Só podemos conhecer a "durée" instituindo-a no momento global e unido que compreende a sua trajetória. O seu fracionamento em instantes separados - em "paradas" ou imobilidades sucessivas - representa a espacialização do que é temporal.
O tempo é "durée" na medida em que ele próprio 
constitui a substância, isto é, na medida 
em que "substância" é "alteração".

Depois de estudar a alteração, através da qual a "durée" se diversifica, Bergson procura identificar o processo oposto: o da unificação, o "reencontro do simples como uma convergência de probabilidade". O "élan vital" é a virtualidade da "durée". Como uma "gerbe" (um feixe), cria direções diferentes pelo simples fato de crescer. A "memória" integra os diferentes momentos da "durée", absolutamente diferentes entre si, mas unificados numa totalidade movente.

Henri Bergson recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1927.


Henri Bergson (1859-1941) nasceu em Paris, de ascendência francesa e judia. Foi um estudante ávido e parece ter conseguido todos os prêmios que apareceram. 

Fez uma homenagem às tradições da ciência moderna ao especializar-se, a princípio, em Matemática e Física, mas a sua faculdade para análise colocou-o, em breve, frente a frente com os problemas metafísicos que espreitam por trás de toda ciência. E voltou-se, espontaneamente, para a Filosofia, transformando-se numa espécie de “Davi” destinado a matar o “Golias” do materialismo. Em fevereiro de 1888, aos trinta anos de idade, terminou a redação de sua tese de doutorado, a qual defendeu perante uma banca examinadora, na Universidade de Sorbonne, em 1889. Como professor universitário de Filosofia, Bergson deu aulas no liceu Blaise-Pascal de Clermont-Ferrand, na Faculdade de Letras dessa mesma cidade, lecionando em vários institutos da Província e da Capital, bem como no Colégio de França. Foi ainda membro da Academia Francesa, a partir de 1914.

Como já foi dito antes, o principal objetivo do positivismo é apresentar os fenômenos humanos e sociais como submetidos a um determinismo tão cabal quanto o que rege os fatos do mundo físico. A vida mental é reduzida à associação de elementos simples, imagens e sensações (associacionismo)

Bergson se posiciona contra essa abordagem que estende para a vida psíquica as leis deterministas da Ciência. Ele tem o cuidado de distinguir duas ordens: a do mundo exterior e a do mundo interior ou da consciência. 

Na sua concepção, o mundo exterior é o domínio legítimo da ciência empírica; é onde se situam os objetos materiais descontínuos, expressos pela linguagem prática, que também é descontínua; é a ordem homogênea da quantidade, do espaço, da extensão e da simultaneidade. Já o mundo interior da consciência é a ordem heterogênea da qualidade, da inextensão e da duração (tempo interior); é onde se situam os fatos de consciência, examinados pela Psicologia. 
Esses dois mundos se opõem irredutivelmente. Com essa distinção, Bergson restaura a liberdade, junto com a autonomia da consciência. Desse modo, a ordem da exterioridade não pode explicar validamente a ordem da interioridade, isto é, da consciência.
Em sua obra “Ensaio sobre os Dados Imediatos da Consciência”, que é a sua tese de doutoramento, Bergson denuncia o erro que consiste em traduzir ilegitimamente “inextensão por extensão, qualidade por quantidade”; em outras palavras, em querer explicar o que é da ordem do interior –a consciência- pelo que é da ordem do exterior. Ele indica o que caracteriza os dados imediatos da consciência ou fatos psíquicos, concentrando-se no problema da liberdade, que é comum à metafísica e à Psicologia. 

Em primeiro lugar, a consciência é qualidade pura; mas a causa dos fatos psíquicos internos está no espaço exterior, daí se falar de “intensidade dos estados psicológicos”, porque a intensidade é apenas o “sinal” qualitativo da quantidade. Em segundo lugar, a consciência é duração e, quando se fala em multiplicidade dos estados de consciência, é porque a noção de número está ligada ao mesmo tempo à idéia de um espaço homogêneo (exterior), cujos termos são distintos uns dos outros, e de um processo interior de penetração, cujas unidades se somam dinamicamente.

Por último, a consciência é liberdade, é da ordem do fato íntimo. “Não seria possível raciocinar em torno dela sem desenvolver as condições exteriormente umas às outras, no espaço, e não mais na pura duração”. Situar a liberdade no domínio intemporal das coisas em si (Kant) ou mesmo proscrevê-la (determinismo) provém do mesmo mal-entendido de se confundir exterioridade com interioridade. 

Assim, Bergson denuncia a ilusão que funda o determinismo psicológico: considerar os estados de consciência como unidades distintas, como espécies de “átomos” psíquicos regidos por leis associativas. Ele opõe ao “EU” exterior e social um “EU” profundo, cujas manifestações atestam a liberdade humana. 

Esse “EU” interior pode ser examinado por meio da introspecção, que consiste em observar os fatos internos da própria consciência. E isso é possível somente pela intuição, que é definida por ele como um modo de conhecimento supra-intelectual, o qual manifesta a realidade por dentro, de modo absoluto e simples; é um esforço de simpatia para transportar o homem no interior do real e coincidir com o que ele tem de único e inefável. Para se chegar à essência da realidade é preciso ultrapassar o ponto de vista científico e recorrer à intuição, que é, por excelência, o método da Filosofia

Formato Documento Eletrônico (ABNT)
 
Queiroz, Álvaro. Algumas considerações de Epistemologia da Psicologia:
a Fenomenologia como contraponto epistemológico do Positivismo.  
Pesquisa Psicológica (Online),
Maceió, ano 3, n. 1, jul./dez. de 2009. 

Ψ
Correspondência para:
Coordenação do Curso de Psicologia
Faculdade de Ciências Humanas - FCH/CESMAC
Rua Íris Alagoense, 437 - Farol
Maceió - Alagoas
CEP 57021-370
 
Fonte:
Enciclopédia Mirador Internacional
http://educacao.uol.com.br/biografias/henri-bergson.jhtm

Sejam fewlizes todos os seres Vivam em paz todos os seres
Sejam abençoados todos os seres.

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