sábado, 30 de junho de 2012

IMAGENS A FABULAR AMBIENTES: DESEJOS,PERAMBULAÇÕES



Imagens a fabular ambientes: desejos, perambulações,
fugas, convites

Elenise Cristina Pires de Andrade1
Érica Speglich2

RESUMO – Este texto deseja uma escrita-pesquisa em experimentação,
ressoando com o conceito de fabulação de Deleuze e(m) imagens que se
propõem em exploração de sentidos para pensar uma outra educação, um
outro ambiente. Desejar sem ser falta. Maquinaria de desterritorialização.
Escolher cartas como movimentadoras de pensamento para ampliar as
possibilidades argumentativas e desprendê-las da representação,
pretendendo a força e a intensidade da expressão, marcando uma postura
política de escrita-pensamento-pesquisa para as imagens e(m) questões
ambientais. Perambular por elas e potencializar as ideias de potência e
força de criação no desaparecimento da distinção entre verdadeiro e falso.
Fugas. Interessa-nos a criação e o que se extrai desse fabular, as potências
sem necessidade de efetuação, um potente vir a ser que permanece em
potência de ser. Imagens que nos levam a extremos: invisível, indizível,
impensável. Intervalo do qual podem emergir movimentos para o
pensamento. Cartas caóticas que viajam, convidam. Convites à
inseparabilidade entre arte e vida.
Palavras-chave: Imagens. Fabulação. Arte. Vida.

Desejos

A cidade não é um lugar. É a moldura de uma vida.
A moldura à procura do retrato, é isso que eu vejo quando revisito
meu lugar de nascimento. Não são ruas, não são casas. O que revejo
é um tempo, o que escuto é a fala desse tempo. (COUTO, 2005, p.145).

Desejar uma moldura para uma imagem/retrato sem preencher o vazio,
experimentando a visão do que se sente e escutando o que não é falado. A
proposta deste texto deseja. Imagens que se propõem em exploração de sentidos
para pensar uma outra educação, um outro ambiente, ressonâncias em cartas,
talvez. Cartas que desejam explorar notícias, inventar ideias, expor sentimentos,
ex-pressões. Cartas como uma aposta estética de exploração de pensamentos,
conhecimentos, experiências, vidas e(m) ambientes singulares. Não uma
metáfora “escrever como se escreve uma carta”, mas uma singularização
expressa. Afirmação de uma afinidade entre pensamento e vida

[...] que lança na direção da experimentação e da invenção de si
mesmo e do mundo – uma vida artista – um pensamento capaz de
afirmar o artifício como potência da vida e que, portanto, não só já
não reconhece os limites entre arte e vida como também desfaz as
fronteiras que separam a vida e o conhecimento de uma atividade
criadora (GODOY, 2008, p. 122).

Desejar o esfacelamento dessas fronteiras em uma escrita-pesquisa entre
lugares. Cartas à deriva como potência de expressão para pensamentos acerca da
educação e ambiente e questões ambientais em uma escrita que se experimenta
estar entre caminhos. Nem em um lugar nem em outro. Grafias que expressam,
às vezes sem pressa, às vezes quase ao vivo. Invencionices.

Desejar sem ser falta. Antes, desejar como uma maquinaria de
desterritorialização, nos dizem Deleuze e Guattari (1977). Funcionamento como
afirmação de experimentação, roubando potências de Godoy (2008) ao
apresentar o movimento da ecologia menor sendo escrita e marcada nas folhas de
papel de seu livro. “[...] uma outra forma de relação com o mundo e as coisas,
não afeita às uniformidades e aos enquadramentos pressupostos pela ecologia
maior” (GODOY, 2008, p. 27). Assim como propõe a pesquisadora, queremos
desabituar-nos das uniformidades e dos enquadramentos pressupostos por uma
grande quantidade de pesquisas que se debruçam sobre as imagens ou mesmo
com elas.

Desejar a busca por escritas-pesquisas que pretendam considerar as potências
das imagens de não representar a realidade, de não equivaler a conhecimentos
concretos, de não remeter a significados estabelecidos a priori. Pesquisas que
pretendem uma soltura das imagens em perambulações por nonsenses, por
vontades de expressão. “A imagem dogmática, que remete às verdades
incontestáveis e inabaláveis, é sempre o pensado do pensamento [...]” (GODOY,
2008, p. 123). Não querer pensamentos já pensados, mas potências de vir a ser
(ou não) movimentado pelo pensamento. Singularizar o (im)possível. Fabular
ambientes. Cartas que se jogam ao mundo na pretensão de pensar o impensado.

Carta era uma coisa séria, comprometedora, mesmo. Cena clássica nos
filmes de outrora: o marido está mexendo nas coisas da mulher
recentemente falecida e dá com um maço de cartas, cuidadosamente
amarradas com uma fita (essa fita é indispensável). Mãos trêmulas, desfaz o
laço, começa a ler ansiosamente e descobre que a mulher teve um caso.

Claro que tal revelação poderia ocorrer através da Internet, mas esta sempre
pode ser desmentida – não existe o problema da denunciadora caligrafia.
Há outros dramas. As cartas que não são entregues. As cartas que chegam
tarde demais. E, a mais patética de todas, a carta do náufrago, enfiada numa
garrafa e jogada ao mar, entregue portanto aos caprichos do destino (e das
correntes marítimas) (SCLIAR, 2003, s/p.).

Cartas no intervalo: convites
Do outono de 2010.
Prezados/as leitores/as
É chegada a nossa hora de escrever. Nós, imagens, deixamos aqui um breve
convite ao devaneio. Não representamos nada. Esqueçam as narrativas
sobre o consumo, o des-consumo, o inconsumível.
Percam-se no poente, nas luzes cor de laranja que envolvem as maçãs do
rosto e escondem os olhares curiosos que fitam o inusitado.
Mergulhem no choque de cores e texturas que não explicam e fazem com
que o incompreensível pule. E continue incompreensível. Porém, sentido.
Expresso.

Subam nas estruturas e sintam o cheiro que não exala, o suor que não
escorre e a poeira que não levanta. Porém, visíveis. Sentidos.
Caminhe por entre os montes e toque os pássaros que teimam em aparecer.
Porém, brancos.
Palavras não ditas continuarão a vagar quando a noite chegar. Porém.
Atenciosamente,

Desejar na provocação com Sousa Dias (2007) ao pensar, com Deleuze, nos
movimentos de fabulação na escrita literária:
E que interesse teria escrever sobre o amor, escrever o amor, romance ou
poema, se não fosse para atingir o Amor como estado já não humano, quer
dizer, tal como jamais foi, não é nem será vivido: o Amor que já não é o de
uma experiência pessoal, que já não é o de ninguém, Afecto puro (SOUZA
DIAS, 2007, p. 281).

Interessam-nos, para este texto, os movimentos da fabulação ao buscarmos
os limites, as margens, os extremos. Essa abertura fabulada de afetos puros, no
extremo. E suas provações de intervalos, fissuras, rachaduras: no pensamento, na
escrita, na pesquisa, na vida.

Desejar deslocar essas ideias para pensarmos em imagens, ambientes e
educação ambiental. Encontros que só podem ser sentidos, que agitam a alma
abrindo-a para o impensável, o imemorial, o insensível. Convites de cartas.

Afetos puros, no extremo.
Perambulações

Perambular pelas imagens. Cartas como movimentadoras de nosso
pensamento para ampliarmos as possibilidades argumentativas e desprendê-las
do movimento da representação, pretendendo a força e a intensidade da
expressão, marcando uma postura política de escrita-pensamento-pesquisa para
as imagens e(m) questões ambientais. Para isso, pretendemos, junto a
alguns/mas pesquisadores/as, filósofos/as, artistas, inspirar encontros “[...] que
possibilitam uma perplexidade da alma, que forçam a pensar o impensável, a
lembrar o imemorial e a sentir o insensível” (SPEGLICH, 2009, p. 102). Cartas
que não necessariamente precisem ser escritas e marcadas neste texto, mas sim
potência de ampliação do pensamento. 

Desejos em devir mergulhando por “[...]desvios, desvãos, vãos, distorção, deslizes pela superfície das imagens e apostando na ideia de que imagens co-criam mundos sem equivalentes, embaralhando supostas determinações” (ANDRADE; SPEGLICH, 2008, p. 14).
Um conceito que temos tentado movimentar a partir do pensamento de
Gilles Deleuze, a fabulação nos remete às ideias de potência e força de criação
no desaparecimento da distinção entre o verdadeiro e o falso. Fabulação que
remete, também, à instalação de um devir. Propomo-nos a pensar na fabulação
como forma de sair do e fazer fugir o jogo das imagens representacionais, que
fixam o movimento do conhecimento, do pensamento e da vida submetendo-os
à linearidade do tempo cronológico.

Ao pensarmos em questões relativas à educação ambiental no campo
educacional, nos deparamos frequentemente com determinações de “certos” e
“errados” na forma de lidar, estar, viver, entender o mundo. Um mundo dado.
Ambientes que poderíamos apenas conhecer entre narrativas e demarcações
conceituais. Propostas de que seriam apenas nessas formas predeterminadas de
relação com o mundo que se estabeleceriam as possibilidades de cuidar da vida,
em todas as suas formas. Mais ainda, de conceituar a vida e o ambiente para
poderem, a partir dessa classificação e territorialização, ser conservados e
mantidos. Acompanhar Palharini (2007) quando propõe, para (im)possibilidades
de uma educação ambiental, que a educação não seja considerada um território
fechado, mas antes uma “terra de ninguém” e, consequentemente, continua a
autora em companhia de Silvio Gallo, “[...] uma terra de todos, um território
aberto e instável” (GALLO, 2007, p. 32).

Instabilidade a nos instigar – e estendemos o convite aos/às leitores/as –
(n)a vontade de criar e (n)o entendimento de que seria na instalação da
possibilidade de devir que se instalaria a possibilidade de vida, e não em uma
linearidade representacional que a ligaria “simplesmente” ao conceito de vida.
Devir que se instala e perambula entre escrita e pesquisa, de(vir) escrever e
pesquisar junto às reticências. Ambiente que se inventa nesse movimento
desejante que salta e mergulha através das imagens. Variadas formas de viver em
relação. Nossa proposta, então, seria levar esse pensamento à radicalidade para
instigar, no extremo, a criação de um intervalo, de uma fissura, de uma
rachadura. E, com isso, a possibilidade de nos instalarmos, em devir. Desejos.
Convites à inseparabilidade entre arte e vida.

Fugas
Estou aqui, em Arari, Nova Iorque, estou aqui
ou do Chuí ao Oiapoque3. Vamos fugir desse lugar, baby4.
Fugir de onde, de que lugar, se Zeca Baleiro nos encanta com essas
(im)possibilidades demarcatórias? Se não sabemos onde estamos, para onde
fugir? Mesmo sabendo que Arari é uma cidade no interior do Maranhão onde
viviam os pais de Zeca, juntamente com os demais filhos do casal5, será que
teríamos mesmo essa fixação do ambiente arariense? Ou poderíamos nos perder
e nos achar sem nunca termos achado/perdido Arari e, nessa angústia do não
lugar, da inexistência de uma cidade de origem, como nos avisa Mia Couto na
epígrafe deste texto, deixar-nos transpassar pela fabulação de ambientes pelas
imagens?

Ilhas ou aglomerado de lixo e lama? Não seria esse o ponto abordado pelas
nossas perambulações em produção de linhas de fugas, mas a potência da
subversão criada na invenção da imagem – ilhas não costumam desaparecer sem
serem notadas! Por que não falar de um ambiente fabulado pelos movimentos do
mundo, no mundo, nas imagens, entre imagens, que estariam aquém e além das
topologias fixadoras dos conceitos representacionais?
[...] entre as imagens no sentido muito geral e sempre particular dessa
expressão. Flutuando entre dois fotogramas, assim como entre duas telas,
entre duas espessuras de matéria, assim como entre duas velocidades, ele é
pouco localizável: é a variação e a própria dispersão (BELLOUR, 1990, p.
14).
Dispersão de fixações. Movimentos por outros pensamentos para a
educação ambiental em fugas pelas frestas, criativamente em fabulações e
proliferações de ambientes, ciências, mundos, sentidos. Assumir que não é
apenas a linearidade de uma suposta realidade-ficção que movimentaria e
possibilitaria a produção de conhecimento mas também (im)possíveis
transgressões: uma aluna me contou que ouviu o seguinte comentário de uma
adolescente ao se deparar com uma lagoa povoada por inúmeras espécies de
peixes: “Nossa, parece um aquário!”. Por que não se permitir fabular junto ao
pensamento da adolescente para que não mais tenhamos a lagoa ou o aquário
como “original”, mas adensamentos de espaços-tempos?

“Imagem-intensidade”, um ato de criação que não é privilégio da arte, mas
parte de toda uma série de invenções, de unções, de blocos de duração,
blocos de movimento, invenções de conceito, etc., séries que têm em
3 Verso da música Musak (1999), composta por Zeca Baleiro.
4 Verso da música Vamos fugir (1984), composta por Gilberto Gil e Liminha.
5 Informações coletadas no site oficial do artista, disponível em
comum, como lugares de criação, a constituição de espaços-tempo
(FURTADO, 2007, p. 48).

Uma proposta de pensar entre as imagens a partir de algumas apostas e de
algumas fugas [...]. Aposta no conceito de imagens como superfícies do
acontecimento; imagens que nos afetam, que nos deslocam e sentidos
produzidos neste contato deslizante, efêmero. Fugas de ideias como a
onipotência da analogia fotográfica, o realismo da representação, o regime
de crença na narrativa e a concretude da realidade. Aposta em imagens que
se movimentam e existem por si, que explodem em sentidos. Aposta no
entre, nas rachaduras provocadas por este/neste entre lugar, ou entre
tempo (SPEGLICH, 2009, p. 103).

(...) “O problema não é o sumiço da ilha, praticamente um amontoado de lama”, diz o
biólogo Mário Moscatelli. “O que impressiona é que o governo ainda tenha dúvidas sobre o
projeto. A dragagem da ilha levou meses, deve haver um registro disso”, afirma. Para ele, a
retirada da ilha não representa perda ambiental considerável, mas é preciso retomar a limpeza da lagoa. “Ainda existem 6 milhões de metros cúbicos de lama e lixo ali”, diz.
Fonte: Folha Online, 17/03/2009: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u535898.shtml

Fabular... Se as fábulas levam a um final, preferencialmente cheio de lições a
se ter e caminhos certos a se seguir, a ideia de fabular (com Deleuze) desloca-se
para uma não fábula. Sem final, sem lições, sem caminho a seguir. Também não
uma novela, na qual algo se passou (DELEUZE; GUATTARI, 1996, p. 63), mas
produção de fugas, apostas em encontros.

Nada passará pela lembrança, tudo aconteceu nas linhas, entre as linhas, no
E que os torna imperceptíveis, um e outro, nem disjunção nem conjunção,
mas linha de fuga que não pára mais de se traçar, para uma nova aceitação,
o contrário de uma renúncia ou de uma resignação, uma nova felicidade?
(DELEUZE; GUATTARI, 1996, p. 81).

Sílvia de Paiva, ao analisar a obra do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, nos
diz: “É importante notar que, no processo de fabulação, conceitos como verdade
e mentira entram em suspensão” (PAIVA, 2008, p. 7). O que se conta, o que se
mostra não tem ligação direta com algo vivido, existente, localizável – espacial e
temporalmente. Interessa a criação e o que se extrai desse fabular, interessam as
potências e as possibilidades de vir a ser, sem a necessidade de efetuação.
Deslocamo-nos, assim, de um tempo cronológico e suas amarras, das ideias de
lembrança e de origem, deslocamentos que desejamos para nossos pensamentos,
como explicitamos no início deste texto.

Deslocamentos e adensamentos como sugeriu o técnico do time de futebol
inglês Arsène Wenger depois que seu time perdeu de quatro a zero para o
Barcelona – pela Copa dos Campeões, temporada 2009/2010 –, os quatro gols
marcados por Lionel Messi, jogador argentino que, segundo as falas de um
aturdido técnico, se parecia com um jogador de videogame. O encanto e a
imprevisibilidade do Messi “humano” foram tão intensos que ele virou avatar
dele mesmo no videogame6. Pura fabulação?

Imagens que fabulam ambientes, provocando pensamentos, escritas, pesquisas,
educações, vidas vinculadas a seus limites e suas margens. Fabular em intensidade,
levando as faculdades ao seu extremo e provocando a possibilidade de nos
instalarmos em devir. Em um potente vir a ser que não se liga nem a lembranças,
nem ao vivido, nem ao que se viverá, que permanece em potência de ser, pois
[...] quando o hábito e a memória submetem a casa e o território, como se estes
pudessem existir independentemente do animal que os recorta, não é a arte que
se torna impossível – pois ela é neste momento o consolo tão almejado –, é a
vida mesma que adoece do medo de viver (GODOY, 2008, p. 265).
Que vidas e que ambientes poder-se-iam inventar nessas potências em devir?
Que vidas e ambientes perder-se-iam da invenção na castração dos limites das
assunções de verdades e representações? Que educação ambiental se inventaria
nesses (des)encontros?

A partir de nossos desejos e de nossas perambulações, gostaríamos de aqui
apresentar possibilidades de produção em linhas de fuga do escape identitário na
busca por outros mundos que não o da representação, da comparação em
equivalências, da necessidade de desvelar um significado a priori das imagens.
6 A matéria referida encontra-se disponível em:
<http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/liga-dos-campeoes/ultimasnoticias/
2010/04/06/tecnico-do-arsenal-chama-messi-de-jogador-de-playstation.jhtm>.
Acesso em: 23 jun. 2011.

O Seminário Multiplicimagens7, por exemplo, propôs outros olhares,
ouvidos, peles junto a professores/as e alunos/as, se constituindo no segundo
workshop do Projeto “Educação, Ciências e Culturas: territórios em fronteiras do
Programa Biota-Fapesp”8, reunindo pesquisadoras e pesquisadores dessa
investigação e convidadas/os. “A proposta é conversar e expandir sentidos das
experiências. Todas as atividades ocorrerão nas escolas públicas em que
trabalham as professoras e o professor de Biologia que participam do projeto
Multiplicimagens”, nos diz o fôlder do evento. Poderíamos, então, chamar tal
expansão de cartografia de ambientes fabulados?

Na efemeridade das experiências, o fragmento irrompe a unidade, a picada
movimenta a realidade. No encontro com o instante e a duração de imagens
de natureza, professoras e professores, estudantes e conhecimentos escolares
entram nos fluxos das (des)figurações. Expressar a escola, margem sem voz,
corpo sem centro, pensamento que resiste na invisibilidade: composição de
uma frágil sobrevivência? (AMORIM, 2008, s/p).

No texto intitulado “Percepção ambiental é povoada de imagens-clichê”,
Susana Dias9 continua a nos movimentar por entre imagens, clichês e as
pesquisas desenvolvidas por Antonio Carlos Rodrigues de Amorim, professor da
Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. Durante suas aulas com estudantes da
graduação que desenvolviam trabalhos audiovisuais, o professor percebeu que:

[...] os alunos não conseguiam ver as imagens fora de determinados
sentidos. Não havia um trabalho de detalhamento da imagem, de explorar
as potencialidades e limitações das imagens. Não parecia ser na imagem, ou
na tensão com as imagens, que os sentidos poderiam proliferar. Estamos
aprendendo a encher as imagens com as coisas do mundo sem pensar a
própria imagem repleta de clichês (AMORIM apud DIAS, 2009, s/p).

Susana Dias prossegue a reportagem afirmando que “reconhecer as
potencialidades do clichê como um limite intenso do sentido, cujo excesso é
7 O Seminário MULTIPLICimagens ocorreu nos dias 28/11, 4 e 5/12/2008 em três
escolas da rede pública de Campinas, São Paulo, e foi organizado pelo Projeto de
Pesquisa “Educação, Ciências e Culturas: territórios em fronteiras no Programa Biota-
Fapesp” e Grupo de Estudos 'Humor Aquoso', FE/UNICAMP.

8 “Educação, Ciências e Cultura: territórios em fronteiras”, realizado junto ao Programa de
Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Biota/Fapesp), é coordenado pelo professor Dr. Antonio Carlos Rodrigues de Amorim, da
Faculdade de Educação da Unicamp. Para Amorim, priorizar ações dentro das escolas
“permite que a escola tenha dentro dela algo que não seja tão escolar, que não exige
explicação”. O trecho citado foi extraído do texto “A natureza ex-posta: imagens que duram”,
de Susana Dias, publicado em 12 de dezembro de 2008. Disponível em: <http://www.
labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=661> Acesso em: 23 jun. 2011.
9 Artigo publicado em 10 de fevereiro de 2009 através do Laboratório de Estudos
Avançados em Jornalismo da Unicamp. Disponível em: <http://www.labjor.unicamp.
br/midiaciencia/noticias.php3?id_article =666>. Acesso em: 23/06/2011.
plano de forças para o vazio, é a argumentação principal do pesquisador na
análise das imagens” (DIAS, 2009, s/p).

Forças para o vazio, des-identidades em imagens de ambientes que abrem
fissuras no círculo concêntrico da espiral da significação. “O que isso significa?”
Aquilo. “E o que aquilo significa?” Aquele outro. E assim seguindo em uma
infinita cadeia interligada de comparações e equivalências – o que, de acordo
com Deleuze (2003), aponta o modelo platônico de mundo. O Seminário
Multiplicimagens também pretendeu romper com essa cadeia fixadora de
sentidos das imagens. Cadeia fixadora que, ao se quebrar, faz proliferar as
potências de criação e instala a possibilidade de devir: imagens que passam a
poder fabular. Fabular mundos, pensamentos, ambientes. Fugas como as
cavoucadas por alunos e alunas10 da professora de Biologia e Educação
Ambiental Ionara Urrutia Moura, do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca),
quando produziram vídeos numa aposta em “esvaziar as imagens dos clichês”,
como nos disse Amorim na reportagem, já citada, de Susana Dias11.
Figura 5 - Imagens paralisadas do vídeo12 disponível em http://vimeo.com/3159001.
10 Maria do Carmo B. Barros, Ricardo de U. Moura, Barbara M. Teixeira, Clóvis M.
Neves e Danilo de O. Pessoa.

Imagens em movimento12 paralisadas. Atravessamentos por fragmentos e
descontinuidades da escola, dos caminhos, dos corpos, do lixo. Aberturas e
brechas na expectativa de que as imagens, clichês ou não, sejam potências para
novos pensamentos e conhecimentos.

Invenções em filmes, documentários, livros didáticos e paradidáticos, sites,
portais (educacionais ou não) que parecem já estar prontos com suas imagens,
textos, intenções. Milagres da clonagem, Sr. DNA, padrões, cientistas.
Comumente as imagens têm assumido um “fardo”: explicação, ilustração,
informação, como um complemento às palavras. Mas eis que alguns cientistas ou
divulgadores de ciência resolvem deixá-las fugir dessas prisões e dessas funções,
como mostra o breve trecho da entrevista que se segue.

Nesse projeto que eu comecei a ter o contato com Mata Atlântica e
começar a trabalhar nesse universo de uma mata sem trilha, de começar a
abrir trilhas e tudo mais; foi a minha grande escola, de começar a aprender a
enxergar aquilo de uma maneira... de certa forma diferente do que você vê
descrito nos livros. Porque eu fui para lá sem grandes embasamentos
teóricos de todas essas teorias mirabolantes que a gente vê por aí e isso de
certa forma foi bom porque eu não fui viciado para lá... A seqüência de
imagens que eu posso te passar... são os caminhos das cem Matas Atlânticas
que eu acabei percorrendo (SPEGLICH, 2009, p. 100).


Ao ser perguntado sobre uma imagem de sua pesquisa, Pedro Luís
Rodrigues de Moraes13 primeiramente se propõe a mostrar os “géis”: imagens
resultantes de testes em enzimas utilizados para verificar herança genética e,
assim, demarcar as possibilidades de parentesco entre as populações e indivíduos
das plantas estudadas (SPEGLICH, 2009). Ainda junto à autora, acompanhamos
Pedro de Moraes mudar de ideia e escolher outra imagem que não os géis para
expressar sua pesquisa: “os caminhos das cem Matas Atlânticas” percorridas por
ele ao longo de seu trabalho. Caminhos que se abrem em matas fechadas, que
abrem o olhar e o pensamento para estarem nos lugares sem predeterminações
de teorias. As cem Matas Atlânticas puderam ser percorridas exatamente por não
terem um referencial predeterminado do que deveria ser visto ou pensado. Matas
Atlânticas que estavam libertas da necessidade de se assemelharem às teorias e
conceituações, de comunicarem dados ao pesquisador que estaria ali apenas para
coletá-los. Matas Atlânticas que foram abertas, percorridas, criadas. Fugas na
invenção do pesquisador. Criação de vida na multiplicidade da singularidade do
ambiente da Mata Atlântica. Cem delas e não sem ela.

Imagens acompanhadas dessas cem Matas Atlânticas como “um bloco de
devires e de sensações”, nas palavras de Christine Buci-Glucksmann (2007, p.
70), não comunicando resultados do trabalho, não representando lugares, não
ilustrando espécies, não dissecando a metodologia de pesquisa. Imagens que nos
levam a extremos: o invisível, o indizível, o impensável... criando um intervalo,
um entre imagem do qual podem emergir movimentos para o pensamento.

Movimentos em fuga das representações, do registro, da comunicação, da
ilustração. Cartas caóticas que vêm e vão. Viajam. Convidam...
[...] Viajar é [...] permitir que a força do inesperado nos arrebate. [...]
Seja para se sentir no exílio ou em um novo reino, viajar é sempre
ocasião de descoberta e pressupõe o estado de espírito de quem tem
vontade de não ter mais vontade, de entregar-se ao acaso
(FEITOSA, 2006, p. 279-280).

Convites
Este texto deixa convites. Subam nas estruturas e sintam o cheiro que
não exala e o suor que não escorre e a poeira que não levanta.
Convites a fugas, a explicações, a pensamentos. Deixamos aqui um breve
convite ao devaneio. Convites também a esquecimentos, a nos perdermos
entre imagens e sentidos. Percam-se no poente, nas luzes cor de laranja
que envolvem as maçãs do rosto e escondem os olhares curiosos
que fitam o inusitado. Convites a esquecimentos: das representações, das
significações, do tempo cronológico. Palavras não ditas continuarão a vagar
quando a noite chegar. Convites a provocar pensamentos, escritas, pesquisas,
13 Professor do Instituto de Biociências, Departamento de Botânica, da Unesp de Rio
Claro, Pedro L. R. de Moraes foi entrevistado por Érica Speglich durante seus estudos de
doutorado. vidas vinculadas a seus limites e suas margens. Porém, brancos. Convite ao
desejo, um desejo de criar, (n)o entendimento de que seria na instalação da
possibilidade de devir que se instalaria a possibilidade de vida. De escrita e
pesquisa.

 Caminhe por entre os montes e toque os pássaros que
teimam em aparecer. Convite a olhar para os ambientes como invenções:
ambientes fabulados. Aqui, por imagens. Porém, visíveis. Sentidos. Convite
a uma dispersão das fixações, em movimentos por outros pensamentos para a
educação ambiental em fugas pelas frestas, criativamente em fabulações e
proliferações de ambientes, ciências, mundos, sentidos. Mergulhem no
choque de cores e texturas que não explicam e fazem com que o
incompreensível pule. Convite às questões: que vidas e que ambientes se
inventam nesses movimentos? Que educação ambiental se inventaria nesses
encontros? E continue incompreensível. Porém, sentido. Expresso. E,
com isso, a possibilidade de nos instalarmos, em devir. Porém.

 ABSTRACT – This article desires an inquiry-writing on experimentation,
resounding with Deleuze’s concept of fabulation and/in images that are

proposed to explore senses to think about another education, another

environment. Desiring without missing anything. Deterritorialization

machinery. Choosing letters as movements of thought to enlarge

possibilities of argumentation and disengage them from representation,

aiming for the strength and intensity of expression, marking a political

stance of writing-thought-research for images and/on environmental

issues. Roaming through images and ideas to leverage the power and

creative force in the disappearance of the distinction between true and

false. Flights. We are interested in these creative forces of the fabulation

process. Intensities with no need to be actualized, a powerful becoming

that remains in the power of being. Images that take us to the extreme:

invisible, unspeakable and unthinkable. A gap where movements of

 thought can emerge. Chaotic letters that travel and invite. Invitations to
the inseparability between art and life.

Keywords: Images. Fabulation. Art. Life.


Referências
AMORIM, Antonio C. R. de. MULPLICimagens (Folder). Seminário realizado pelo
Projeto de Pesquisa “Educação, Ciências e Culturas: territórios em fronteiras no
Programa Biota-Fapesp” e Grupo de Estudos 'Humor Aquoso', Faculdade de Educação,
UNICAM, Campinas, São Paulo, 2009.
ANDRADE, Elenise C. P. de; SPEGLICH, Érica. Design? Desire? Dessin? Images
resound... Texto apresentado no “The Deleuzian Event”, organizado por Deleuze
Studies, Institute of Humanities and Social Science Research, Manchester Metropolitan
University, Manchester, UK, agosto de 2007.
_____. (Em)tornando o tempo n(d)o caldo em “c”: cultura, cinema, ciência,
centralidades. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA,
2., 2008, Marília. Anais... CD-ROM.
BELLOUR, Raymond. Entre-imagens: Foto, cinema, vídeo. Tradução de Luciana A.
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Artigo recebido em 28/10/2010 e aprovado em 13/06/2011



<http://www2.uol.com.br/zecabaleiro/>, na seção de textos “Bala na agulha”, texto
“Musak – out. 2005”. Acesso em: 23 jun. 2011.


Elenise Cristina Pires de Andrade1
1 Professora da UEFS. nisebara@gmail.com
Érica Speglich2
2 Professora da Faculdade de Administração 
e Artes de Limeira. speglich@gmail.com

 Fonte:
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/pea/v6n1/08.pdf
Pesquisa em Educação Ambiental, vol. 6, n. 1 – pp. 123-137, 2011- 136
 

FICÇÃO, IMAGINAÇÃO, FABULAÇÃO EM FRANKLIN JOAQUIM CASCAES




                               Aline Carmes Krüger - UDESC
                               Sandra Makowiecky - UDESC

Resumo
Ficção, imaginação, fabulação em Franklin Joaquim Cascaes trata de analisar uma parcela da obra do artista, tendo por referência, Gilles Deleuze em Imagem-tempo, nos remete à função fabuladora, onde é possível reencontrar o elo entre a vida e a ficção, que se daria nas narrativas simulantes.

 A narrativa está presente em todos os tempos, mas buscamos o olhar imaginário que faz do real algo imaginário, ao mesmo tempo em que, por sua vez, se torna real e torna a nos dar realidade, revelando em si mesmas nudez, crueza ou brutalidades visuais que a tornam insuperável, dando-lhe o aspecto de sonho ou de pesadelo.


Franklin Joaquim Cascaes nasceu no município de São José, em um bairro hoje pertencente a Florianópolis, Santa Catarina. As experiências para suas produções artísticas deram-se desde a infância, com uma realidade por ele vivida, dedicou-se aos temas e motivos que irão assinalar sua obra: a paisagem interiorana da Ilha de Santa Catarina, as cenas rurais, bem como as vistas do cotidiano da cidade. Cascaes criou sua obra a partir de apropriações da realidade que o cercava e do contexto na qual estava inserido.

A Coleção Professora Elizabeth Pavan Cascaes, que denomina a obra do artista Franklin Joaquim Cascaes, é composta de conjuntos escultóricos em argila crua e gesso policromados, desenhos a bico de pena e grafite, e manuscritos. Percebemos em seu trabalho um pêndulo entre documentar, presente nas esculturas e ficcionar as práticas do imaginário, muito enfatizado nos desenhos. 

Gilles Deleuze em Imagem- tempo1 nos remete à função fabuladora, onde é possível reencontrar o elo entre a vida e a ficção, que se daria nas narrativas simulantes. Para que haja narrativa é necessário que haja também um contador de estória e uma estória. O contador de estória é o narrador, no caso, nosso artista. As fábulas são narrativas geralmente compostas por personagens representados na figura de animais, de caráter pedagógico, transmitindo noções de cunho moral e ético. A narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades, começa com a própria história da humanidade, é fruto do narrador ou possui em comum com outras narrativas uma estrutura acessível à análise.

Neste estudo adentramos um pouco no mundo fabuloso, onírico e lúdico do artista Franklin Cascaes. Esta característica será apresentada a partir de seus desenhos elaborados a grafite ou nanquim sobre papel. Não se trata, portanto, de saber o que é verdade e o que é mentira no relato de Cascaes, mas sim de saber quais são as intensidades e os afetos que ele cria ao ativar essa função fabuladora.

Para representar seus desenhos, a principal fonte de Franklin Joaquim Cascaes era a tradição oral da Ilha de Santa Catarina. Através de seu olhar de artista vemos a constituição de sua obra, representação de uma paisagem, de um tempo e de um lugar. Também observamos que Cascaes engendrou estranhos seres durante as décadas de 1960 e 1970. São invenções fantásticas extraídas ou de suas fantasias, ou de historias do povo por ele ouvidas e registradas. 

Cascaes cria um mundo fantasioso a partir da tradição. 
Estas produções serão apresentadas neste artigo.
Cascaes fala de tudo na prosa da vida cotidiana. Percebemos no homem sensível, sobretudo pelo poder do imaginário, um mundo de fábulas presente em seus desenhos. Na sobrevivência da escrita à mão, Franklin Cascaes reproduz as suas perturbações e elucidações, que lhe provocavam inquietos pensamentos. Há trabalhos em que seus desenhos são, antes de tudo, seres pensantes que representam as preocupações do artista. Elas recebem nomes, têm uma história e pertencem a um lugar. São representações fictícias vividas no seu museu imaginário. 

Podemos aqui aproximar Cascaes do pintor russo Marc Chagall (1887 – 1985).



 Segundo Argan, Chagall não tem qualquer reserva em expor suas imagens fantásticas, “pode-se até mesmo dizer que „as representa‟ no sentido teatral do termo, fazendo-as moverem-se num palco imaginário, como um diretor faria com seus atores”2. Podemos ver este exemplo na figura 1, uma criatura criada pelo artista, Vampiro Sugador, descrito no estudo da obra a partir de historias narradas pela população local de Florianópolis. Cascaes dá vida ao ser, que percorre a terra, mas sabe que sua existência é imaginária:

Vampiro, o sugador de sangue de pessoas vivas, inquilino de cemitérios, é o título estórico que o povo oferece a este personagem mitológico que imaginei através de combinações geométricas, plástico. Ostentando na mão direita o símbolo da filosofia humana de onde retiraram subsídios culturais estóricos, para justificarem sua origem sepulcral, ele confirma também, estoricamente, mostrando na mão esquerda um osso de esqueleto humano, propriedade de sua morada imaginária.

Colocado no seu pedestal de honrarias humanas estoricas ele reina em toda a terra entre todas as culturas filosóficas, que as dão ou não dão crédito real e imaginário.

A força imaginária criadora da minha crença, ou não crença supersticiosa – como a de todos os terráqueos – fez nascer no corpo disforme do vampiro uma grande quantidade espessa e quilométrica de pêlos que envolvem e sujeitam a madame cultura humana, a dar-lhe real credito secular.

Sim! Com seu pêlo ultra forte ele consegue extrair das entranhas bruxólicas da terra todas as espécies de materiais que ela oferece ao homem para construções matemáticas de diabólicos aparelhos mortíferos guerreiros, e com todo o poder satânico de seus pés, esmagar indistintamente, a consciência humana, que se roga dizer: semelhante a Deus.

E assim tendo como testemunho participantes o sol, a lua, estrelas, ventos, chuvas, invernos, verões, primaveras, outonos, frio, calor, fome, peste, desespero, horrores, amor, ódio, vingança, bondade, pobreza, riqueza, etc. ele percorre a terra apoiado em suas sete azas que lhe garantem o vôo efêmero humano para sugar o sangue de cada vivente que cai por terra abatido pelo poder extravagante da bruxa madame guerra. (FCascaes, 21-04-1975)3


Cascaes cria um mundo “povoado por seres híbridos e improváveis”4. A hibridação é percebida na obra do artista através do entrecruzamento que ele faz entre seres imaginários e personagens de manifestações populares, “sendo particular, local e individual, é também um testemunho universal”5. Para refletir acerca dessa obras é necessário pensá-las enquanto processo, e não somente como obra final. A pesquisa do artista não é apenas antropológica, os registros feitos em seus cadernos e nos esboços dos desenhos, são decorrentes de pesquisa de campo, mas também de pesquisa em livros. Cascaes de maneira irreverente expõe seus anseios, suas fábulações e sua imaginação inventiva.

Na figura 2, no lado esquerdo superior está escrito à grafite "Monstro Simoníaco que lembra e simboliza os homens e mulher puros que venderam a Capelinha ne NªSª dos Navegantes do meu Itaguaçu - hoje boate ou Sabat - e a de NªSª da Conceição da Praça Getúlio Vargas na Capital. FCascaes NªSª do Desterro -Ilha-7-11-1974". Observamos que no seu processo de criação, Cascaes descreve o significado deste ser mitológico, criado por ele. Aqui podemos perceber também a ligação do artista com a religião católica, sua devoção e indignação perante aos fatos por ele condenados.

 Os Simoníacos estão presentes na obra a Divina Comédia de Dante Alighieri. Eles são os traficantes de coisas divinas, o nome origina-se de Simão, o mago. Simão tentou comprar dos apóstolos o poder do Espírito Santo e por isso seu nome está associado com o tráfego de coisas divinas. Na Divina Comedia, como podemos ver na figura 3, na ilustração de Gustarve Doré, os simoníacos que perverteram a igreja eram sepultados com a cabeça enterrada e os pés para o ar.

Os buracos, observados na figura, se assemelham a fontes de batismo. Portanto, para Cascaes, este peixe simoníaco simboliza os homens que venderam as Capelas de Itaguaçu e Praça Getúlio Vargas, em Florianópolis. E como notado na figura 4, os peixes simoníacos estão sendo devorados, engolidos pela cabeça ficando apenas com seu corpo para fora. Assim, fica claro que Cascaes não era apenas um inventor de historias, mas também um leitor e conhecedor dela.


Figura 3: Dante conversa com o papa Nicolau III que o confunde com o papa Bonifácio VIII, aguardado para substituí-lo (Canto XIX). Ilustração de Gustave Doré (século XIX). Disponível em < http://www.stelle.com.br/pt/index_comedia.html> Acesso em 19 fev. 2011.


Como perceber as fabulações na fatura do artista? A função fabuladora consiste, por exemplo, na literatura, em criar personagens cujas histórias narramos para nós mesmos. Em “As duas fontes da moral e da religião” Henri Bergson define a função fabuladora como o ato que faz surgir as manifestações que não podem ser atribuídas diretamente à inteligência ou ao trabalho lógico do espírito. Para Deleuze, a fabulação ocorre quando a ficção reencontra a vida, a sua potencia criadora da vida. Em Bergson a fabulação é definida com um dispositivo de produção de divindades:

Seres imaginários, mitos e lendas, cuja função é proteger o individuo da depressão em face da consciência da morte, assim como a sociedade do poder dissolvente da inteligência, substituindo as percepções e as lembranças reais por percepções e lembranças falsas6.

Para Argan, a fábula é a relação com a moral, a cultura, o costume do povo, “a fábula não é uma tradição que se transmite por inércia, mas a expressão viva da criatividade do povo”7. Aqui veremos fabulações com função fabuladora, ou seja, onde seja possível reencontrar o elo entre a vida e a ficção, que se dá nas narrativas onde podemos captar o exato instante onde a personagem real se põe a ficcionar. Podemos criar muitas fábulas escritas a partir dos desenhos feitos por Cascaes, assim como podemos desenhar muitas de suas estórias. 

Se fossemos ilustrar um livro de fabulas, como fez Chagall para “As fabulas de La Fontaine” ou ilustrar “O livro de seres imaginários” de Jorge Luis Borges, poderíamos fazer uso das imagens criadas por Cascaes. Em Robbe Grillet nunca temos uma sucessão de presentes que passam, mas a simultaneidade de um presente de passado, de um presente de presente, de um presente de futuro, que tornam o tempo terrível, inexplicável.[...] 

Os três presentes implicados sempre se retratam, desmentem, apagam, substituem, recriam, bifurcam e retornam. É uma poderosa imagem-tempo, mas não vamos supor que ela suprima a narração. E sim, o que é bem mais importante, ela confere à narração um novo valor, já que a abstrai de qualquer ação sucessiva, na medida em que substitui por uma verdadeira imagem-tempo, a imagem-movimento8.

Um tema bastante versado na sua obra é a cidade e o Boitatá. A cidade é um tema recorrente entre os artistas na modernidade, é na cidade que a história se constrói, “a cidade foi e continua sendo fonte de inspiração para os artistas e fonte de paixão para muitos de seus habitantes” 9. A inquietação de Cascaes reporta-se ao cotidiano do morador de Florianópolis e as modificações que estavam ocorrendo na segunda metade do século XX nesta cidade. Neste contexto encontramos o Boitatá, a quem o artista recorre não só por sua presença no imaginário local, mas para, a partir de sua significação simbólica, usá-lo como metáfora para as modificações do meio, impostas pelo progresso e observadas por ele durante a modernização da Ilha de Santa Catarina, “ao tratar a cidade como imagem, ocorre uma fusão entre a memória e a fantasia” 1
O Boitatá é um mito de origem indígena que na língua Tupi significa cobra de fogo (mboy: cobra; tatá: forma sem posse (absoluta) de ata fogo; ata: fogo)11.

 No livro Na Cauda do Boitatá, Heloísa Espada afirma que na tradição popular, o boitatá é uma assombração que persegue e mata quem tem o azar de cruzar com ele pelo caminho. Nos desenhos de Franklin Joaquim Cascaes nem sempre este mito é representado como um ser assustador. Há trabalhos em que os Boitatás são, antes de tudo, seres pensantes que representam as preocupações do artista. No Boitatá temos uma tradição mitológica onde o autor recriou o mito, relacionando-o com o imaginário local. Segundo Espada, “o mito se adapta as transformações sociais e se mantém vivo”12.

 Sobre suas pesquisas o artista nos fala:

Como artista eu estudei o caso. O dia em que eu descobri esse tal de boitatá, conhecido nesse mundo inteiro e aqui no Brasil com “Mboy-Tatá”, nome indígena que significa “cobra de fogo”. Os indígenas já conheciam este ente desde a mata, esta forma espiralada, eles diziam que tinha uma forma comprida, quase que nem cobra, eles falavam muito isso. É justamente quando o fogo, o “fátuo” começa a soltar; depois é a aragem, o vento que dá as diversas formas. Formas e cores.

 O índio, lógico, viu a forma espiralada e lembrou da cobra quando ela se apronta para dar o bote neles. Daí o “mboy”. Já o português disse “boi tatá”, boi de fogo. Também disseram “baitatá”, baita é uma coisa grande, tatá é fogo, o que dá um animal muito grande em forma de fogo. Depois, ainda batizaram de “bitatá”, Bita é cabra. Aí eu recriei em cima de tudo isso. De acordo com as historias que escutei, que eu vi, é que eu começo a trabalhar minha arte e minhas histórias13.

Nesta fabulação criadora percebemos a fatura do artista, sua poética, seu processo de pesquisa e criação. Ignorar esta fatura é perder a grandiosidade do seu trabalho. Cascaes constrói num campo de imagem e texto uma obra tanto plástica quanto poética e teórica, numa busca pela preservação de temporalidades e de narrativas plásticas que ilustram preciosidades da oralidade em alegorias simbólicas. Muito do que Cascaes procura preservar já não existe mais, é pura tradição. Mas ele tem um projeto de criação de um mundo, projeto de criação de um museu, um mundo fantasioso e um museu fabuloso. […] se a banalidade cotidiana tem tanta importância, é porque, submetida a esquemas sensório-motores automáticos e já construídos, ela é ainda mais capaz, à menor perturbação do equilíbrio entre a excitação e a resposta […], de escapar subitamente às leis desse esquematismo e de se revelar a si mesma numa nudez, crueza e brutalidade visuais e sonoras que a tornam insuperável, dando-lhe o aspecto de sonho ou de pesadelo14

Para Chagal, segundo Argan, fala e fábula são (e de fato são) a mesma palavra, e com a fábula inventa-se a língua. O povo vê como fala, “não é fortuito o interesse de Chagal pelo folclore russo e judaico, pelas sagas e canto fúnebres populares”15.

 O mesmo ocorre com Cascaes que se interessas pelas histórias de um povo, por seus costumes, festas profanas e religiosas, seus medos e aflições. Chagall e Cascaes partem do populismo, mantêm-se populistas, próximos da experiência sensorial e social. Um clichê é uma imagem sensório-motora da coisa. Como diz Bérgson, nós não percebemos a coisa ou a imagem inteira, percebemos sempre menos, percebemos apenas o que estamos interessados em perceber, ou melhor, o que temos interesse em perceber, devido a nossos interesses econômicos, nossas crenças ideológicas, nossas exigências psicológicas16.

Alguns insistem ser Cascaes um folclorista, outros um etnólogo em pesquisa documental, por outro lado, alguns e poucos críticos defendem a inventividade e a
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modernidade presente nos trabalhos deste artista. Entre os inúmeros desenhos realizados por Franklin Cascaes observamos sua originalidade e criatividade. Podemos exemplificar como obras de seu fabuloso os desenhos nas quais Cascaes crias personagens, lhes dá nomes, conta-nos sua historia. Alguns seres que ele cria não são folclóricos, ele inventou, com quem ele dialoga, como na figura 6. Este ser chama-se Monsbarfo, seu nome é originário da junção de três palavras, Mons-tro, Bar-co e Fo-guete:
Monsbarfo é um monstro crinisparso17 mitológico catarinense, que vai navegar nos espaços siderais com a boa intenção de saber dos deuses ocultos no latíbulo se é pecado mortal praticar a simonia. Monsbarfo acha que na terra, hoje em dia existe um grande numero de simoniacos negociando através de vendas e compras das coisas sagradas que por lei divina e natural deveriam ser guardadas no seu devido trono de honra do respeito humano. Pedi para que ele converse com Têrmis, a deusa mitológica da justiça que estabeleceu as leis religiosas, pra mode contar pra ela que a linda e humilde capelinha de nossa senhora dos navegantes de Itaguaçu, minha terra natal foi vendida por 30 mil ou sejam trinta denários ou trinta dinheiro. Hoje é uma churrascaria com balcões que substituem seus altares, onde hoje se vende cachaça, ontem se consagrou a hóstia.
Este barco nave partira de aeroportos ocultos na imaginação de um filho de Itaguacu revoltado contra a ação degradante dos míseros simoniacos que hoje infestam a mandame sociedade no dia 03 de marco de 1962 as zero hora do dia. Felicidades Monsbarfo feliz retorno com ótimas noticias18.

A fabulação parece-nos muitas vezes ligada à religião e ao mito. Mas é também aquela viagem imóvel, aquela que pode ser feita sem sair do lugar. É preciso religar a arte a vida, e a fabulação provoca isto. Ela é visual, inacreditável, são elucidações acompanhadas de palavras que podem não existir até serem criadas: “As imagens, assim como as histórias, nos informam. As imagens, assim como as palavras, são a
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matéria de que somos feitos”19. Os mitos que Cascaes estudou e criou o transformaram no lugar mítico. Ele sonhava e desejava ter um museu onde pudesse legar o seu acervo, onde todos pudessem conhecer a sua obra. No seu museu imaginário constituído por um arsenal imagético, podemos reconhecer suas inquietações e obstinações, seus procedimentos e recorrências operatórias, bem como seu imaginário fabuloso. Como já escrito, Gilles Deleuze nos remete à função fabuladora, onde é possível reencontrar o elo entre a vida e a ficção, que se daria nas narrativas simulantes. “O olhar imaginário faz do real algo imaginário, ao mesmo tempo em que, por sua vez, se torna real e torna a nos dar realidade”20 .

 Abstract
Fiction, imagination and confabulation in Franklin Joaquim Cascaes analyzes a portion of the artist work, by reference Gilles Deleuze in “Imagem-Tempo” displays the fable, where you can rediscover the link between life and fiction, and given the narratives simulants. The narrative is present at all times, but we seek the look that makes the imaginary real imaginary, Sometimes it seems real and in reality, revealing themselves nudity, crudity and brutality that make it visually unsurpassed, giving the appearance of a dream or a nightmare.
Key words: Cascaes, fable, imagination, fiction, narrative.



1 DELEUZE, Gilles. Imagem- tempo. Cinema 2. São Paulo: Editora Brasiliense,1990.
2 ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 473
3 CASCAES, Franklin Joaquim. Sem título. Tecnica: grafite sobre papel. Dimensões: 75,7 x 61,1 cm. Florianópolis. Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral – UFSC. 1975. Desenho 0515.
4 CHEREM, Rosangela Miranda. CATALOGO – Teleplastias. Walmor Corrêa – Florianópolis, Inverno 2009. p.7.
5 FOCILLON, Henri. A vida das formas: seguido de Elogio da mão. Lisboa: Ed. 70, 1988. p.11 e 12.
6 PIMENTEL, Mariana Rodrigues. Fabulação: a memória do futuro. Tese. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica – PUC (Programa de pós graduação em letras), 2010. p.103
7 ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 471.
8 DELEUZE, Gilles. op.cit, p. 124-25.
9 MAKOWIECKY, Sandra. A representação da cidade de Florianópolis na visão dos artistas plásticos. Tese. Florianópolis: UFSC (Doutorado Programa Interdisciplinar de Ciências Humanas), 2003.p. 62.
10 MAKOWIECY, op.cit. p. 64
11 DOOLEY, Robert A. Vocabulário do Guarani: vocabulário básico do Guarani contemporâneo (Dialeto Mbüá do Brasil). Summer Institute of Linguistics: Brasília, 1982. p. 109 e 176.
12 ESPADA, Heloísa. Na cauda do Boitatá: um estudo do processo de criação dos desenhos de Franklin Cascaes. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 1996. p.52.
13 CASCAES, Franklin Joaquim. Vida e arte e a colonização açoriana. Entrevistas concedidas e textos organizados por Raimundo C. Caruso. Florianópolis: Editora da UFSC, 1981. p.50.
14 DELEUZE, Gilles. Op.cit, p. 12.
15 ARGAN, op.cit., p.472.
16 DELEUZE, Gilles. op.cit., p. 31.
17 Crinisparso: Com os cabelos soltos ou desgrenhados
18 CASCAES, Franklin Joaquim. Sem Título. Técnica: Grafite sobre papel. Dimensões: 32,6 x 47,5 cm. Florianópolis. Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral – UFSC. 1962. Desenho 0577.
19 MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p.21.
20 DELEUZE, Gilles. op.cit., p. 18.
REFERÊNCIAS-ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ;CASCAES, Franklin Joaquim. Sem Título. Técnica: Grafite sobre papel. Dimensões: 32,6 x 47,5 cm. Florianópolis. Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral – UFSC. 1962. Desenho 0577.
___. Sem título. Tecnica: grafite sobre papel. Dimensões: 75,7 x 61,1 cm. Florianópolis. Museu UniversitárioProfessor Oswaldo Rodrigues Cabral – UFSC. 1975. Desenho 0515.
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Aline Carmes Krüger
Possui graduação em história pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2005). Atualmente é mestranda no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. Desenvolve atividades de pesquisa, conservação e preservação no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral - UFSC. e-mail: aline.ckruger@gmail.com

Sandra Makowiecky
Professora de Estética e História da Arte do Centro de Artes da UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis – Santa Catarina – Brasil e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, na linha de Teoria e História da Arte. É membro da Associação Internacional de Críticos de Arte - Seção Brasil Aica UNESCO. Associada da ANPAP. E-mail: sandra@udesc.br


Li
 Fonte:
http://www.anpap.org.br/anais/2011/pdf/chtca/sandra_makowiecky_2.pdf