quarta-feira, 20 de junho de 2012

BERGSONISMO, FILOSOFIA DO FUTURO, DO TEMPO, DA TRANSFORMAÇÃO


Bergsonismo, uma filosofia do futuro, do tempo, da transformação

“Bergson faz-nos entrever nossa participação num movimento criador do universo, do qual nós não somos nem a origem, nem o fim. Esta idéia de um universo aberto, criador, que em nada corresponde àquele que a metafísica grega ou clássica descreveu, exerce hoje uma grande influência. 

 O bergsonismo é uma filosofia do futuro, do tempo, da transformação”, assegura o filósofo francês Pierre Montebello, em entrevista exclusiva, concedida por e-mail à IHU On-Line.

Por: IHU Online

Outro dos aspectos atualíssimos que Montebello aponta na filosofia bergsoniana é a idéia de que “a filosofia não deve abandonar a ontologia, de que ela não deve contentar-se com a fenomenologia que só descreve o mundo a partir da consciência humana, mas que é preciso tentar descrever o mundo tal como ele é, é preciso tentar captar de que modo matéria, vida e consciência comunicam fora de nós”. A respeito da obra A evolução criadora, o entrevistado não poupou palavras: é um livro “assombroso”, um dos raros de filosofia contemporânea “que retoma as grandes questões deixadas em suspenso após a crítica kantiana da metafísica”. Felizmente, menciona Montebello,  hoje A evolução criadora recebe seu devido valor e pode ser comparado a O mundo como vontade e representação, de Schopenhauer, “duas trovoadas no céu das idéias”.

Montebello leciona Filosofia Moderna e Contemporânea na Universidade de Toulouse-le-Mirail e dirige o departamento de Filosofia dessa instituição. É membro do Comitê científico internacional dos Anais Bergsonianos PUF Epiméthée: três tomos publicados (Annale I, 2002, 560 p., Annales II, 2004, 534 p., Annales III, 207, 540 p.) e da Sociedade Bergson, criada em 2006 na base do comitê científico internacional dos Anais Bergsonianos. Escreveu inúmeras obras, das quais citamos Vie et maladie chez Nietzsche (Paris: Ellipses, 2001); Nietzsche, La volonté de puissance (Paris: PUF, 2001); e L’autre métaphysique (Paris: Desclée de Brouwer, 2003).

IHU On-Line - Quais são os aspectos mais atuais da filosofia bergsoniana?
Pierre Montebello -
O melhor representante da modernidade da filosofia de Bergson terá sido, sem dúvida, o filósofo francês Gilles Deleuze. Ele nos fez redescobrir Bergson, de cuja filosofia tirou o mais interessante e moderno: uma compreensão da relação entre consciência e universo, entre percepção subjetiva e cosmo. Bergson faz-nos entrever nossa participação num movimento criador do universo, do qual nós não somos nem a origem nem o fim. Esta idéia de um universo aberto, criador, que em nada corresponde àquele que a metafísica grega ou clássica descreveu, exerce hoje uma grande influência. O bergsonismo é uma filosofia do futuro, do tempo, da transformação. A segunda idéia é de que a filosofia não deve abandonar a ontologia, de que ela não deve contentar-se com a fenomenologia, que só descreve o mundo a partir da consciência humana, mas que é preciso tentar descrever o mundo tal como ele é e tentar captar de que modo matéria, vida e consciência se comunicam fora de nós.

IHU On-Line - Quanto à obra A evolução criadora, qual é sua representatividade na filosofia contemporânea, cem anos após sua publicação?
Pierre Montebello -
Cem anos após sua publicação, A evolução criadora continua sendo um livro realmente assombroso: ele é hoje relido e estimado em seu justo valor. Este livro deslocou integralmente o questionamento filosófico. Depois que a filosofia de Husserl  e de Heidegger  dominaram o cenário francês, nos damos realmente conta de que este livro trouxe algo totalmente novo. Ele é um dos raros livros de filosofia contemporânea que retoma as grandes questões deixadas em suspenso após a crítica kantiana da metafísica: a psicologia, a biologia, a cosmologia... Este livro não se contenta em dizer que o eu, a vida, o cosmo são incognoscíveis. Esta filosofia traça um caminho, o mais próximo possível da experiência que temos de nós mesmos e do conhecimento que as ciências nos trazem, para desenhar uma imagem plausível do que querem dizer “consciência”, “vida”, “matéria”, “universo”, “evolução”... É um livro riquíssimo. Deve-se comparar esta obra ao grande livro de Schopenhauer  sobre O mundo como vontade e como representação (5. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1991). São duas trovoadas no céu das idéias, dois questionamentos da visão demasiado intelectualista que a filosofia nos deu do mundo.

IHU On-Line - Quanto ao conceito bergsoniano de intuição, qual é sua relevância para que possamos entender o livre arbítrio?
Pierre Montebello -
A intuição bergsoniana é um método: ela consiste em situar-nos no próprio movimento das coisas, a pensar em duração quando temos tendência em forjar conceitos demasiado estáticos.

A intuição opõe-se à inteligência. Não que a inteligência seja inútil: ela serve para fabricar, é principalmente geométrica, técnica... O mundo tecnológico é sua obra. Mas a intuição não serve para agir, e sim para compreender. Não se compreende nada da vida quando se pensa através de conceitos que são destinados a agir sobre a matéria (conceitos matemático-físicos...), é preciso partir da intuição, da experiência “de ser vivos”, do movimento da própria vida. E isto vale para todas as coisas. 

A intuição é, pois, 
método de conhecimento, 
e ela é também libertação, 
já que sem ela somos condenados a viver 
apenas num mundo útil.
Ora, a intuição nos desvela que o movimento das coisas é criador: o universo é um movimento de expansão, a vida é uma evolução criadora, a personalidade psíquica consiste em produzir atos livres. É este plano criador que a intuição nos faz encontrar.

IHU On-Line - Como pode a filosofia deste pensador ajudar-nos a repensar a liberdade e a eticidade no mundo contemporâneo?
Pierre Montebello -
Repensar a liberdade e a ética hoje em dia é, e todo o mundo que se dá conta disso, pôr o mundo ante o homem, e não o homem ante o mundo. Os desastres de nossos dias vêm daquilo que Spinoza  vira tão bem: o homem se crê um “imperador num império”. Mas o homem não é o centro de nada: seu passado e seu futuro são o próprio universo. A filosofia, diz Bergson, deveria ser um esforço “para superar a condição humana”. Bergson nos faz compreender que pertencemos a um todo, e não é este todo que nos pertence. Esta tomada de consciência é fundamental, ela deve convidar-nos a reconsiderar nosso lugar no seio do todo, do universo e dos viventes. A filosofia de Jonas  prolongará esta reflexão, sem, no entanto, conhecer ou citar Bergson.

IHU On-Line - Se, como afirmava Bergson, o tempo real não existe, mas um continuum de tempo num fluxo constante, então o que existe são mecanismos mentais que compartimentam nossas experiências sensoriais? Ao tomar consciência disto, como pode o ser humano ter sua consciência afetada?
Pierre Montebello -
O tempo real existe para Bergson. Sua filosofia é uma filosofia da duração e, por conseguinte, do tempo. Mas não é o tempo da física, não é um tempo matematizado e dividido em instantes. É um movimento contínuo que traz o passado e gera o futuro no presente. Todas as coisas são ritmos de duração, matéria, vida, consciência, maneiras de gerar um futuro no presente recolhendo o passado. Mesmo a matéria que parece ser pura repetição é um movimento contínuo de expansão, uma transformação, uma evolução cósmica. Eu creio que a física não pode contestá-lo, ela que delineia uma história do cosmo a partir do Big Bang. O tempo é, pois, a própria realidade, o próprio estofo das coisas e do mundo. A filosofia de Bergson, como a de Heidegger, faz o tempo passar ao primeiro plano. Ela recusa o substancialismo que define as coisas por uma essência estável. 

A metafísica clássica, dirá Bergson, não se deu conta do tempo. 

 O homem deve tomar consciência que ele também age no tempo, que a criação se faz no tempo. Não repetir, mas criar, tal é o sentido do ser que a existência humana deve reencontrar. Caso contrário, ela se fecha em sociedades estáticas, sociedades fechadas, sem criação artística, sem movimento espiritual, sem exigência de futuro.

IHU On-Line - Há nestas idéias influências de Heráclito e de Kant, embora isso possa, de certa maneira, soar de modo contraditório, já que Heráclito foi inspirador de Platão e Kant foi um aristotélico?
Pierre Montebello -
Há pouca influência de Heráclito  sobre Bergson. Sua concepção do tempo é moderna, ela se apóia nos conhecimentos modernos da física, embora se trate de separar-se dela, e sobretudo nas teorias da evolução (transformismo de Lamarck  e evolucionismo de Darwin), que são tão importantes no século XIX. Não se trata simplesmente de dizer que as coisas estão em movimento. É preciso mostrar como elas se movimenta, e na filosofia moderna isso cruza com as questões que conduzem sobre a matéria (ciências físicas), sobre a vida (ciências biológicas) e sobre a consciência (ciências psicológicas). Heráclito teve uma intuição. 

 Bergson dá
 uma consistência a esta intuição: 
ele trabalha com os utensílios 
e os conhecimentos modernos.
A influência de Kant  sobre a filosofia moderna é evidentemente essencial. No entanto, desde Schopenhauer aparece uma filosofia que encara Kant ao reverso. Schopenhauer, Nietzsche , Bergson, tornam possível uma nova filosofia da natureza como vontade, vontade de poder, duração. Eles constroem uma nova imagem da natureza que não é mais aquela das ciências físicas. A metafísica da natureza de Kant não é senão a fundamentação do mecanicismo nas categorias de compreensão do sujeito transcendental. Estes três autores mostram, ao contrário, que o mecanicismo é insuficiente para pensar a natureza. Aliás, não basta mais dizer que o eu, a alma e Deus são indetermináveis. 

É preciso compreender
 de que modo matéria, vida, consciência,
 universo comunicam e estão em relação.
IHU On-Line - Ainda nesta linha de raciocínio, qual é a influência de Kant sobre o pensamento bergsoniano, considerando que o filósofo de Königsberg afirmava que a coisa é em si incognoscível?
Pierre Montebello -
A relação com Kant é complexa: ele censura Kant por ter crido que a metafísica é impossível; ele quer, pois, restaurar a metafísica. Pois Bergson está convencido que nós tocamos o absoluto nele mesmo. Ele retoma mesmo a frase de São Paulo  em A evolução criadora: “No absoluto – são Paulo diz ‘em Deus’-, nós estamos e nós nos movemos”. Para Bergson, nós podemos conhecer de modo absoluto, e é por isso que sua filosofia propõe um conhecimento da matéria, da vida, do conhecimento. Enquanto somos entes materiais, vivos e conscientes, como poderia escapar-nos tal conhecimento? Mas é preciso empregar o método adequado, não se deve aplicar à realidade meios dos quais a inteligência se serve para agir sobre a matéria. Kant permaneceu num conhecimento demasiado intelectual. Ele não colocou o tempo nas coisas, e sim as tornou incompreensíveis. Ele acreditou, então, que não se podia conhecê-las, que elas eram incognoscíveis. Mas a inteligência não é feita para conhecer, segundo Bergson, e sim para agir sobre a matéria, fixando as coisas num espaço e num tempo matemáticos. 

Em lugar do entendimento, 
foi preciso colocar a intuição
 que nos situa na duração e no movimento 
criador do universo.

 O projeto bergsoniano 
é antikantiano neste nível: 
restituir vida à possibilidade da metafísica.
IHU On-Line - De que modo a idéia bergsoniana de seleção natural de informações nos ajuda a compreender a singularidade das concepções do sujeito moderno?
Pierre Montebello -
Não há idéias bergsonianas de seleção da informação. Esta é uma idéia darwinista e Bergson contesta o modelo darwiniano de seleção das pequenas diferenças. É um esquema que não toma em conta as tendências da vida, segundo ele. Mas há em Bergson uma teoria do sujeito moderno reconciliado com o universo e com a natureza, e não transcendendo o universo e a natureza. É mesmo o essencial ao bergsonismo fazer-nos compreender que o sujeito não tem valor em si, que ele faz parte de um todo, que é aparentado a este todo. Ele escreverá, assim, que 

o “eu” é da mesma natureza que o todo. 

O bergsonismo luta contra 
esta idéia de uma superioridade 
da consciência humana sobre o todo. 
O sujeito é apenas uma parte do todo 
que comunica com ele.

IHU On-Line - De que maneira as filosofias de Bergson e Deleuze se cruzam? O que têm elas em comum e, sobretudo, em que elas diferem?
Pierre Montebello -
A filosofia de Deleuze é bastante inspirada pela filosofia de Bergson. Ela mantém seus aspectos essenciais: primado do universo sobre o sujeito, luta contra a fenomenologia que separa o sujeito da natureza e postula sua transcendência, crítica dos falsos problemas e das ilusões que provêm do fato de se fazer do homem “um império num império”, pensar o movimento criador como o Aberto que não cessa de criar e de transformar...
Deleuze faz passar Bergson para uma filosofia ainda mais livre, a-subjetiva em seu fundo, reservatório de hecceidades... Ele se serve disso para fazer surgir o paradoxo de um Aparecer EM SI, de uma luz/Universo que precede o sujeito. Para ele, como para Bergson, “a filosofia deve ser um efeito para ultrapassar a condição humana” (Bergson). 

O universo na ausência do homem, 
eis o que se deve pensar, e não o universo visto pelo homem: 
pois o homem desfigura tudo quanto ele reconduz a si.
O que é o universo quando se faz o esforço de pensá-lo sem preconceitos antropomorfos e sem dogmas teológicos, sem mim e sem Deus? Tal é a questão que Deleuze quer levantar e que se assemelha também ao questionamento de Nietzsche. Que o homem não seja o centro do todo, Deleuze o exprimirá retendo esta fórmula de Primo Levi : “A vergonha de ser um homem”.

Henri Bergson (1859-1941)

Henri Bergson (1859-1941) nasceu em Paris, filho de mãe inglesa e pai judeu-polonês, e cresceu tendo o francês como língua materna.

Por: IHU Online

Passou sua vida ativa como professor universitário de filosofia, mas era um escritor tão cativante que foi lido amplamente e teve influência fora das universidades. Em 1927, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Entre seus livros mais conhecidos, estão Ensaio sobre os dados imediatos da consciência (1889), Matéria e Memória (1896) e A evolução criadora (1907). Nos últimos anos de vida, seu pensamento tomou um rumo religioso, e é possível que tenha sido recebido na Igreja Católica romana pouco antes de morrer; se assim foi, o ato foi deliberadamente protelado e mantido em segredo, porque não queria parecer estar abandonando os judeus enquanto estavam sendo perseguidos pelos nazistas e enquanto a França estava sob ocupação alemã.


“Elã vital”
Bergson acreditava que os seres humanos devem ser explicados primordialmente em termos do processo evolutivo. Parecia-lhe que, desde o início, a função dos sentidos nos organismos vivos tem sido não fornecer ao organismo “representações” de seu ambiente, mas estimular reações de caráter preservador da vida. Em primeiro lugar, os órgãos sensoriais; em seguida, o sistema nervoso central, e, depois, a mente desenvolveram-se durante eras incontáveis como parte do equipamento do organismo para a sobrevivência, e sempre como auxiliares do comportamento; e até hoje aquilo que nos fornecem não são pinturas objetivas do nosso ambiente, mas mensagens que nos levam a nos comportar de determinada maneira. Nossa concepção de nosso ambiente não é nada parecida com um conjunto de fotografias detalhadas: ela é altamente seletiva, sempre pragmática, e sempre a serviço de si mesma. Damos atenção quase exclusiva àquilo que importa para nós, e a concepção que formamos de nosso ambiente de constrói em termos de nossos interesses, sendo o mais premente deles nossa própria segurança. Apenas quando se percebe isso é que a verdadeira natureza do conhecimento humano para ser entendida.

Quanto à evolução, Bergson acreditava que os processos mecânicos de seleção aleatória são inadequados para explicar o que acontece. Parece haver algum tipo de impulso persistente rumo a uma maior individualidade e todavia, ao mesmo tempo, maior complexidade, apesar de ambas sempre implicarem uma crescente vulnerabilidade e risco. A esse impulso Bergson deu o nome de “elã vital”, que podemos traduzir por “impulso vital”.

Bergson acredita que, dado que tudo está mudando o tempo todo, o fluxo do tempo é fundamental a toda realidade. Nós realmente vivenciamos esse fluxo dentro de nós mesmos da maneira mais direta e imediata, não por meio de conceitos, e não por meio de nossos sentidos. Bergson chama esse tipo de conhecimento não-mediado de “intuição”. Ele acredita que também temos conhecimento intuitivo a respeito de nossas decisões de agir, portanto conhecimento imediato de nossa própria posse do livre-arbítrio. No entanto, esse conhecimento imediato da natureza íntima das coisas é bastante diferente em caráter do conhecimento que nosso intelecto nos dá do mundo externo a nós mesmos.


A realidade flui
O que nosso intelecto nos fornece são sempre os materiais exigidos para a ação, e o que queremos é poder prever e controlar os eventos, por isso nosso intelecto nos apresenta um mundo que podemos apreender e usar, um mundo repartido em unidade manejáveis, objetos separados em medidas delimitadas de espaço e também em medidas delimitadas de tempo. É o mundo dos afazeres e negócios diários, do senso comum, e também da ciência. Sua extraordinária utilidade para nós se exibe nos triunfos da moderna tecnologia. Mas tudo isso é um produto de nossa maneira de lidar com o mundo, exatamente da mesma maneira (e pelo mesmo tipo de razão) como um cartógrafo representará uma paisagem viva em termos de uma grade geométrica quadriculada. Isso é inegavelmente útil, prodigiosamente útil, e nos permite fazer toda sorte de coisas práticas que queremos; mas não nos mostra a realidade. 

A realidade é um continuum. 
No tempo real não existem instantes. 
O tempo real é um fluxo contínuo, 
sem unidades separáveis,
 não delimitado por extensões mensuráveis.

O mesmo com o espaço:
 no espaço real não há pontos, 
nem lugares separados e específicos. 
Tudo isso são mecanismos da mente.

Ser e tempo
Assim, vivemos simultaneamente em dois mundos. No mundo íntimo de nosso conhecimento imediato tudo é continuum, tudo é fluido, fluxo perpétuo. No mundo externo apresentado a nós por nossos intelectos há objetos separados ocupando determinadas posições no espaço por períodos mensuráveis de tempo. Mas, é claro, esse tempo externo, o tempo dos relógios e do cálculo, é um construto intelectual, e não é de modo algum o mesmo tempo “real” de cujo fluxo contínuo temos experiência íntima direta.

No ponto culminante de sua filosofia, Bergson identifica esse fluxo de tempo vivenciado internamente com a vida mesma e com o impulso vital, o elã vital que leva o processo da evolução constantemente para a frente. Lembraremos que a filosofia de Heidegger também culminava na identificação de ser e tempo, embora os dois filósofos tenham chegado à mesma conclusão independentemente e de pontos de partida completamente diferentes.

Em sua própria época, Bergson teve alguns críticos eminentes entre seus contemporâneos, como Bertrand Russell. A principal queixa deles era que Bergson, embora tornasse suas idéias atraentes com vívidas analogias e metáforas poéticas, não as sustentava muito com argumentos racionais. Confiava-os à intuição dos leitores. Além disso, queixavam-se seus críticos, suas idéias não resistiam muito bem à análise lógica. Seus defensores replicavam dizendo que ele possuía todas essas características em comum com os mais criativos escritores, e assim era porque estava oferecendo insights, mais do que argumentos lógicos. Em todo caso, é certo que seu pensamento teve apelo amplo e permanece como um elemento distintivo da filosofia do século XX.
Fonte: MAGEE, Bryan. História da filosofia. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001.

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Pablo Picasso

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 Fonte:
http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1338&secao=237http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1334&secao=237
 

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